Por que crianças precisam fazer entrevistas sobre trabalho? Isso não entra na minha cabeça. Sorte que a Anya subverte essa lógica bizarra de tratar a criança como um adulto em miniatura e age como uma criança em seu auge, trocando as palavras e confundindo todo mundo.

A Yor é tapada a níveis estratosféricos, sorte que isso costuma trabalhar a favor da comédia do anime, e funcionou particularmente bem dessa vez ao nos dar uma palinha de como seria se a Anya acompanhasse a mãe tal qual o Robin acompanha o Batman… As duas vingadoras da noite…

E o melhor é que a Yor realmente acredita na nobreza de seu trabalho, o que pode mesmo ser verdade em algum nível, mas será que é no todo? E sendo ou não, quando ou como isso pode entrar no caminho do Twilight/Loid? Aliás, não falta vermos ela “trabalhando” mais não?

Em todo caso, o importante desse episódio não era mesmo a Yor ou seu ofício, mas sim o ofício de sua filhinha adorada, que é ser a coisa mais fofinha do mundo ao fazer cosplay de Sherlock (Anya Holmes ou Sherlock Anya, eis a questão?) e investigar o trabalho de fachada do papai.

Como o Loid nunca aparece trabalhando nesse disfarce eu imaginava que ele não tinha nada preparado sobre isso, mas não é que eu estava enganado e que foi melhor assim? Digo, o quão gostoso foi ver a Anya sendo fofa para os colegas do Loid, anotando o que não devia e tagarelando?

A obra verdadeiramente se sobressai quando foca nas fofuras e peripécias da pequena heroína que, ao menos a mim, faz um bem danado ao arrancar sorrisos e risadas o tempo todo. E o melhor, com dois oião gigante muito fofos e caras e bocas das mais impagáveis, como sempre.

A Anya deveria ser tombada como patrimônio vitalício da comunidade otaku e quem tentar maculá-la deveria ser tratado na base da paulada. Violência com a qual o psicanalista Loid trata seus pacientes? Um pouco. Pelo menos o Loid é sociável vai, apesar da necessidade de discrição.

Esse episódio me ganhou pela Anya, mas não desgostei do que a circulou, que foi um pouco mais de solidificação do disfarce do Loid, uma breve inserção da personagem que deve ganhar mais tempo próximo episódio e o uso de mais coadjuvantes nas brincadeiras da criança.

Mas voltando ao hospital, me diverti horrores com a Anya na passagem secreta e sua capacidade de se meter nos “assuntos de adulto” que ela não entende direito, apesar de se esforçar para tanto. A Anya deu uma de Yor ao ser confundida com um fantasma e isso foi muito bom.

Como foi ótima a consternação do Loid com o “puro caos” que é a mente da pequena. Imagina quando o Loid descobrir que ela consegue ler mentes, como vai ser mindblowing para ele se lembrar de várias coisas estranhas justificadas pelos poderes da filha.

Porque sim, no fim Spy x Family só fará sentido se todos abrirem seus segredos um para os outros, se desnudando de suas fachadas para assim se consolidarem como uma família, sem mentiras. Não que as mentiras que contam sejam as piores também, são inevitáveis.

Para finalizar sobre esse parte, a Anya faz uma apresentação impagável que gabaritou tudo que eu mais amo na personagem, que é sua capacidade de ser apenas uma criança fofa e confusa, destoando de seus colegas, já mais empenhadas na triste agenda de adultização da criança.

Sobre a segunda esquete (que deveria ter sido “top secret,” mas não foi top secret porcaria nenhuma), o aproveitamento da letra ruim da Anya para trazer a mãozinha da Yor, e com isso justificar um pouco a patetice do descabelado, foi bem sagaz para “encher linguiça.”

Mas de uma forma boa, pois se a história dessa esquete foi bem bobinha, a abordagem infantil da Anya casou perfeitamente com ela, usufruindo ainda mais das valências principais da obra. Não que os adultos não importem, mas a Starlight Anya que é a estrela da companhia.

Por fim, vale também o lembrete de como esse cour tem aproveitado bem detalhes de um episódio em outros, nos passando uma ideia de unidade maior do que havia no primeiro cour. Spy x Family está solidificando suas bases para as próximas temporadas que virão…

E das quais só exijo uma coisa, que preservem a pureza infantil da personagem principal, a qual me arranca risos e sorrisos toda vez que faz uma careta, confunde uma palavra, bota os pés pelas mãos e abrilhanta um show cujo grande segredo é a pureza da infância.

Até a próxima!

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