Kimetsu no Yaiba: Mugen Train – Chamas que ardem para sempre
Kimetsu no Yaiba é o maior sucesso de mangá e anime dos últimos anos, e ganhou uma produção de arrasar para o cinema, com direito a muita ação, muito sangue e um final que aumentou muito meu hype para a segunda temporada. Mugen Train adapta o arco do mangá que vem logo depois do fim do anime, então não tem jeito, você tem que ter visto o anime para assistir o filme, não é material original não.
“Na história acompanhados o Tanjiru, sua irmã, Nezuko, e seus amigos, Zenitsu e Inosuke, embarcando em um trem que está sofrendo com as ações de um oni. O que eles não esperavam é que o Hashira das Chamas, Rengoku, fosse se juntar a eles e nem que o oni tentaria matá-los em seus sonhos, levando Tanjiro e seus amigos a darem tudo de si para proteger as vidas dos passageiros do trem.”
Enquanto no anime o Rengoku apareceu pouco, não deu para conhecer muito da personalidade dele, nesse filme ele assume um papel muito bacana, tanto que seu aprofundamento culmina em um clímax para lá de emocionante e maduro. Mas antes desse clímax o filme tem cerca de dois terços da sua duração ocupados com outra luta, que acaba tendo mais pontos positivos, mas alguns pontos negativos também.
O vilão primário desse longa é um dos doze Kizuki, mais exatamente o último remanescente das seis luas inferiores, a patente mais baixa entre os onis que servem diretamente ao Muzan, o grande vilão da história. Esse oni tenta matar o Tanjiro e os outros em seus sonhos, mas as coisas não dão certo e o que rola é uma verdadeira caçada ao corpo original do demônio para proteger a vida dos passageiros do trem.
E é aí que aparecem alguns dos defeitos dessa primeira parte, como o tom cômico que alguns trechos dos sonhos têm, mais exatamente o do Inosuke e do Zenitsu. Essa comicidade acaba não combinando muito com os sonhos bem mais pesados do Tanjiro e do Rengoku. Dois personagens mais sérios e que são muito definidos por suas famílias. Tanjiro sonha com os irmãos e a mãe vivos, Rengoku com o pai e irmão.
Apesar disso, as cenas de ação dessa parte mais “calma” do filme são excelentes, possuindo o mesmo nível altíssimo do anime, se duvidar são até melhores que nele. Mas destaco como ponto negativo o CG um tanto destoante de quando o oni vira um bolo de carne fundido ao trem. Para um estúdio versado em CG o Ufotable poderia ter feito melhor. Mesmo assim a animação, trilha sonora e direção “compensam” o vacilo.
E além da animação, o drama do Tanjiro ao reencontrar a família no sonho e o que ele faz para acordar me agradaram muito, principalmente porque o suicídio não é algo abordado com tanta frequência e racionalidade no battle shonen. Quanto ao Rengoku, a priori não entendi seu sonho, mas quando sua mãe apareceu tudo fez sentido. O herói vive para honrar o nome da família e proteger os mais fracos com sua força.
No terço final do filme aparece um dos seis luas superiores, o Akaza, um oni com muita sede de sangue que desafia o Rengoku para a luta. Como Hashira, ele assume a bronca e nisso os dois nos proporcionam uma luta excelente, cheia de sequências de ação extremamente bem animadas que são temperadas por uma ótima trilha sonora e a preocupação do Tanjiro, que, fraco e machucado, só pode assistir de longe.
Nessa luta o Akaza demonstra o poder massivo de um dos onis mais fortes, o que com certeza deixa qualquer um animado para a perspectiva de lutas tão intensas quanto na segunda temporada, na qual não só os Hashira devem ganhar mais espaço, mas também os luas superiores, os piores inimigos dos caçadores de demônios e que, como vimos pelo filme, são adversários bem além do nível do protagonista.
Voltando a luta, em nenhum momento o Akaza usa força máxima, porém, o Rengoku fica cada vez mais desgastado e ferido enquanto a luta avança, deixando clara a diferença de poder entre os dois, além de ir criando o clima para o sacrifício que o herói precisa fazer para proteger todos. E é justamente nisso que o filme acerta, em construir um personagem simples, mas cativante por seu senso de dever e sua integridade.
Pois uma das coisas mais legais da história é o Rengoku tentando levar o Akaza com ele ao nascer do sol em um ato de hombridade de um personagem que priorizava seu dever acima de tudo. Infelizmente, ele fracassa e o oni foge, mas isso acaba sendo é bom, afinal, o Tanjiro fica muito frustrado por não ter conseguido fazer nada e esse sentimento de fraqueza, de impotência, certamente vai motivar ainda mais o herói.
Além disso, o quão mais dramático e pesado é um personagem morrer nesse momento da história, e não só isso, morrer sem ter conseguido ao menos levar o inimigo com ele? Esse gosto amargo que fica na boca do público é muito mais realista do que seria uma vitoria sem baixas. Em Kimetsu no Yaiba as coisas têm consequência, personagens morrem e objetivos não são alcançados de primeira. É uma lição super válida.
E é assim que o Rengoku se despede, derrotado, mas com um sorriso no rosto e a certeza de que fez seu melhor e cumpriu seu dever porque antes de matar onis, os caçadores de demônios existem para preservar vidas humanas e nenhuma foi perdida nesse filme (além da dele, né). O peso dramático desse clímax deixa uma sensação muito agradável de que a continuação será ainda melhor do que a primeira temporada.
Por fim, a princípio eu não gostava muito do Rengoku. e ainda continuo achando ele caricato e muito simples, mas não tem como não gostar dele depois desse filme, ainda mais por ele se parecer tanto com o Tanjiro. Ele até se esforça para contar o que sabe sobre Hinokami Kagura ao herói. Rengoku veio para nos lembrar que o Tanjiro precisa mudar (e certamente irá) para não ter o mesmo fim que o Hashira das Chamas.
Até a próxima!
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