Amantes de um bom slice of life, da pesca e de tudo que há de bom, esse é o nosso momento. Pensem em uma estreia delicada, fofa, e teremos Slow Loop, que inclusive na sua narrativa incorpora bem o nome que lhe foi dado.

Aqui não só vemos a magia da pesca e momentos bonitinhos entre amigas, mas também uma história de recomeço com duas meninas que de formas diferentes precisaram lidar com as viradas da vida, quem vem?

Slow Loop é uma adaptação baseada em mangá – produzida pelo estúdio Connect – e conta a história de Hiyori, que tenta se ajustar a sua nova realidade após a morte do pai, e da Koharu, que também passa por um momento de transição com o novo casamento de seu pai.

Coincidentemente, as duas acabam se cruzando durante as pescarias da Hiyori, e criam um pequeno laço de amizade naquele mesmo instante, sem saber que a virada que as esperava era exatamente o casamento entre seus pais.

Para quem curtiu o divertido Houkago Teibou Nisshi, esse aqui navega pelas mesmas águas e carrega a missão de tornar a arte da pesca em algo legal, enquanto lida com as questões de suas protagonistas. Enquanto um joga de forma mais óbvia com a comédia, esse daqui trabalha isso de forma mais sutil, mas ambos se mostram capazes de te distrair e ensinar pequenas coisas sobre a pesca de forma bem simples e funcional.

Flávio: Mudança. Esta é a palavra-chave do episódio. As duas personagens lidam com as mudanças de maneiras opostas.

Para a Koharu, é uma oportunidade de recomeçar a vida, pois ela tinha uma saúde frágil. Já para a Hiyori, as mudanças em sua vida são mais complicadas. Além de ter que lidar com a perda do pai, sua mãe irá se casar novamente.

JG: Essa definitivamente foi uma estreia que me surpreendeu, pois quando tudo começou, pensei se tratar de uma história mais genérica no sentido básico da palavra – e não no ruim -, pensei que seria só uma histórinha fofinha que amo assistir, mas que se pauta na jornada de uma menina que tá aprendendo a gostar de uma nova atividade e não foi assim.

Eu achei muito bacana a forma como conduziram as dúvidas da Hiyori, o peso que ela sente, mas sem pesar ou sobrecarregar demais o fardo da personagem. Ela ainda está se acostumando a perda do pai que tanto ama, e o próprio fato de ela se apegar tanto a pesca – mais especificamente ao estilo do pai – já é um indicador de como a menina luta consigo mesma para ir superando isso.

Do outro lado, temos uma Koharu que é super ativa, comunicativa, alegre, mas que nas sombras esconde também a sua dificuldade, e por sinal, foi uma virada boa que deram no final, porque até então a menina parecia não ter qualquer tipo de problema, até o pai dela nos entregar sua história.

Flávio: A pesca para Hiyori vai além da diversão, é a forma que ela encontrou para manter a memória do pai viva.

JG: Como um extra, a Hiyori também parece ter dificuldade de se abrir com as pessoas, justamente por conta do forte elo que tinha com ele, então com a perda, é como se ela estivesse desnorteada, ou não soubesse por onde começar.

Uma coisa curiosa é que a menina não segue o clichê da garota que não consegue falar ou coisas do tipo, ao contrário, ela se comunica normalmente, mas pela estranheza que vem vivendo – e imagino que ela deve ter se isolado um pouco -, é como se houvesse um receio de falar alguma bobagem que não deveria, e isso fica perceptível em todos os diálogos dela, tanto com a Koharu como com o seu padrasto.

Flávio: Enquanto a Hiyori é introvertida, a Koharu tem personalidade oposta e também é sem noção.

JG: Engraçado que no começo achei que a Koharu também ia ser só a amiga bobinha, mas ela tem uma razão pela qual é sem noção, afinal ela superou uma doença e agora pode viver livre como nunca pôde antes, então consigo entender o excesso de alegria e a falta de bom senso para algumas coisas.

Esse inclusive foi outro acerto do anime, dar um sentido para o que as meninas são. Ok, elas não deixam de carregar traços de personalidade que são comuns do gênero, mas gosto de como isso é justificado minimamente ou pelo menos embasado de alguma forma, para além do “elas são assim, porque sim”.

Flávio: Outro destaque é a delicadeza para tratar de temas como a perda de um ente querido e as mudanças repentinas acontecem na vida.

JG: A forma como esse tema da perda e da reconstrução familiar foram tratados me agradou bastante, a ponto de sair uma lágrima lá pro final do episódio. Eu senti vontade de entrar na tela para abraçar as duas protagonistas de tão singela que foi a apresentação toda.

Em especial essa parte da família é algo que espero ver mais recorrente, pois vi algo nesse sentido em Let’s Make a Mug Too, e fiquei satisfeito com a importância que esse fator tinha para a protagonista lá e percebo que aqui também tem essa nuance, então se bem aproveitada será um plus no enredo.

A coisa do casamento, ganhar madrasta e padrasto, emendada com o que elas já carregam, acho que mesmo não gerando dramas intensos, pelo menos vão garantir uma trama aconchegante de superação e aceitação desse novo começo das duas e seus pais.

Flávio: Até a Koharu que é bastante extrovertida e comunicativa também sentiu desconforto com a nova formação familiar, afinal ela não sabia o que estava por vir. Apesar de ser sem noção, ela teve bom senso ao descobrir que ela irá dormir no quarto que pertencia ao pai da Hiyori.

JG: É aquela coisa, a Koharu é doidinha? Ela é, mas ela tem noção de limites e da realidade dentro do possível. Então, esse crédito a personagem tem, reforçando o que dissemos sobre seu jeitão ser justificado, portanto ela não cair nos defeitos comuns da menina paspalhona e alegre que não observa o seu arredor.

Falando em alegria e Koharu, a parte cômica do anime se deve muito a dinâmica entre as duas na tentativa de aprender e ensinar a pescar. Como eu disse lá no comecinho, me lembrou bastante a estrutura de Houkago Teibou Nisshi, com exceção de que aqui essa comédia é mais sutil e fica imersa no meio das explicações da Hiyori.

Flávio: Há também a parte das explicações da temática central (pesca) que são interessantes. Além disso há uma “sessão culinária” com a Koharu explicando a preparação de um prato.

JG: Pessoalmente achei a parte didática bem simples de se entender, os nomes que ainda são um pouquinho complicados, porque assim como a Koharu também mencionou, é ruim de decorar todos assim na lata.

Mas de forma geral penso que o anime soube dosar tudo em sua estrutura, resultando num bom produto final, que apenas foi realçado por uma igualmente boa qualidade visual.

Flávio: Além das mudanças e da construção de uma nova família e da pescaria, Slow Loop também é uma história sobre amizade. As duas protagonistas, por motivos distintos, aparentemente, não têm muitos amigos. A pesca será o elo pelo qual as duas criarão um laço fraterno, tal como o elo da Hiyori com o seu pai.

JG: Elo esse que quero ver se desenrolando aos poucos, com toda a certeza. Para quem estava atrás de um anime fofo e calmo na medida perfeita, acho que eis o melhor candidato da temporada – ao menos até aqui.

Agradecemos a quem leu e até a próxima!

  1. Não tem nada melhor do que começar a temporada com um divertido e relaxante slice of life! Adorei a estreia de Slow Loop, pelo visto vai ser do jeitinho que eu gosto, um slice of life raiz! Assim como Yuru Camp, Non Non Biyori, Yama no Susume, etc.

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