Shokugeki no Souma: Gou no Sara – Uma temporada difícil de engolir
O anime de Shokugeki no Souma vem sendo servido desde 2015 com uma temporada por ano. Confesso que, à primeira vista, a apresentação do prato não me chamou muita atenção, mas resolvi dar uma chance. Logo na primeira mordida fui convencido de que valia a pena acompanhar, e vim degustando a obra desde então. Em 2019, fomos apresentados ao que, para mim, poderia ter sido o prato final, mas não resisti ao Prato Formidável (Gou no Sara). Ele não havia agradado ao paladar dos fãs no mangá, mas será que aconteceria o mesmo na adaptação para anime?
Podemos dizer que essa temporada gira em torno de uma nova competição, o BLUE, e ela tinha tudo pra ser tão boa quanto as anteriores. Logo no começo, o que me chamou atenção foram as provas, que eram bem diferentes do que havia sido mostrado até então. Enquanto nos últimos campeonatos vimos apenas confrontos em chaves de grupo, aqui os personagens precisavam cumprir desafios, como “o que preparar para a última ceia de alguém”, ou “que prato é possível criar usando apenas ingredientes de um mercadinho”.
Por outro lado, há diversos pontos que, aos poucos, começaram a me tirar o interesse da competição. Pra começar, é bem decepcionante acompanharmos apenas o protagonista nas provas. Por mais que Souma nos surpreenda com suas habilidades, sempre fica a curiosidade de como os coadjuvantes fizeram para passar pelo mesmo desafio. Com o tempo, isso acabou ficando ainda mais grave, quando nem os víamos preparando os pratos e a temporada ficou bastante apressada, prejudicando seu desenvolvimento.
Outra novidade foi a equipe Noir, formada por chefes de cozinha do submundo. Em todo momento o anime se esforça pra mostrar o quanto eles são maus, quando na verdade só parecem ridículos. Acredito que a intenção acaba passando um pouco do ponto quando eles usam armas de tortura para preparar alimentos. Sem falar que não faz o menor sentido. Além disso, também acho problemático a forma como o BLUE muda de regras a todo momento, inventando coisas da forma que melhor convém.
Entre os personagens, Souma não decepciona como protagonista, superando os desafios mais complicados de toda série sempre de forma criativa, mostrando porque o anime leva seu nome. Erina também é outra que ganha bastante destaque, principalmente pela forma como exploram toda sua família e a habilidade de Língua de Deus. Infelizmente, os outros personagens não contam com o mesmo cuidado, incluindo Aldini e Megumi, que poderiam ser melhor aproveitados. Até mesmo Tsukasa não é tão explorado quanto poderia, perdendo espaço para o novo vilão Asahi.
Ao longo dos episódios, o anime conta com mais altos do que baixos, com alguns detalhes que incomodam, mas ainda com um ótimo ritmo e confrontos empolgantes. Porém, o mesmo não pode ser dito do último episódio, que é bem decepcionante, assim como no mangá. Não acredito que a experiência ruim estrague toda a série, mas com certeza se encerra com um gosto amargo. Isso só reforça o fato de que o anime poderia ter terminado na temporada anterior.