Ou: seu parque é tão ruim, mas tão ruim, que a montanha russa declarou independência
Ou: seu parque é tão ruim, mas tão ruim, que o carrossel é escola pública

Descobri que os nomes dos personagens de Amagi Brillant Park são baseados em rappers americanos. Acho que existem no mundo pessoas muito piores do que eu para inventar nomes. Porque parques de diversões com fadas mágicas têm mesmo muito em comum com rappers. Enfim, eu só escolhi assistir Amagi Brillant Park porque é da Kyoto Animation. Não que eu seja muito fã deles e sempre assista tudo o que fazem, mas bem pelo contrário: fazia tempo que não assistia nada do KyoAni, por isso quis assistir para ver como estão as coisas. Jogar uma conversa fora com o estúdio, desafiá-lo para um yo mama fight, essas coisas. Então, com esse espírito hip-hop de carrinho bate-bate, dedicarei para o estúdio uns versos que escrevi:

Última vez que assisti do KyoAni uma história animada

Tinha uma menina emo que quando tinha problema se cortava

Um garoto com o demônio no corpo, e um casal de irmãos

Free não assisti, questão de bom senso

Mas vi aquele outro, tenso,

e o da menina curiosa que não aceitava que lhe dissessem nãos

Bom né? Pode parar os aplausos, por favor, agora é hora de Amagi Brillant Park. Yo.

Essa atração funciona bem e está bem cuidada, mas horrivelmente calibrada

Essa atração funciona bem e está bem cuidada, mas horrivelmente calibrada

Em Amagi Brillant Park há um, bom, parque de diversões que empresta seu nome ao anime. É um parque velho, mal cuidado, caindo aos pedaços, com funcionários sem nenhuma motivação, e em alguns casos trabalhando com má vontade mesmo. Como resultado, está sempre vazio. Só que ele precisa, por alguma razão, de 250 mil (duzentos e cinquenta mil) visitantes em três meses. Isso deve ser difícil até para bons parques, imagine para nosso Amagi arrebentado? Se não cumprir essa meta o parque será fechado e deve virar, sei lá, um condomínio de luxo, uma shopping center, um pasto ou um aterro sanitário, não importa. E por mais sem motivação e com má vontade que seus funcionários estejam, eles não querem isso, então têm uma ideia sensata e consultam um oráculo que lhes diz que um adolescente que já foi um ator mirim de razoável sucesso irá ajudá-los. Uma funcionária sua então o aborda de forma igualmente sensata, apontando uma espingarda para ele e ameaçando matá-lo caso ele não vá ver o parque. E para surpresa geral, ele foi passear nesse desastre que eles chamam de parque.

Vamos ao parque?

Vamos ao parque?

E o que ele encontrou foi um lugar em ruínas, com sujeira por todos os lados, banheiros trancados, atrações fechadas porque o funcionário responsável simplesmente não quis ir trabalhar no dia, brinquedos com defeitos que podem representar risco à integridade física dos visitantes e mesmo assim estão abertos, outros brinquedos mal regulados que por isso não têm graça nenhuma, etc. Um desastre cada vez pior quanto mais se analisa. Mas tem uma reviravolta no enredo: os funcionários do parque (não todos, mas quase, parece) são fadas que se alimentam da diversão humana! Então elas precisam do parque aberto. Porque senão, se forem esquecidas pelas pessoas, elas vão desaparecer. Ou seja, morrer, mas à moda das fadas.

O melhor mascote do parque

O melhor mascote do parque

Agora me permita digredir um pouco sobre a tal alimentação das fadas. A palavra usada é, literalmente, animus. O que é um pouco assustador porque é o latim para espírito. As fadas se alimentam do espírito dos visitantes! Ok, não é espírito no sentido religioso, paranormal, mas mais no sentido emocional, de vontade, vigor, determinação. Elas podem não devorar nenhuma alma, mas ainda assim fico arrepiado imaginando hordas de pessoas saindo do parque como zumbis sem vida, com suas forças de vontade sugadas para fora do corpo. Isso certamente explica porque todo mundo voltava tão cansado e dormindo no ônibus da excursão que tínhamos para o Playcenter durante meus anos de ginásio.

Olha a alegria das crianças!

Olha a alegria das crianças!

Retornando, o Amagi Brillant Park não nega que é filho do Kyoto Animation. O character design dos personagens, suas personalidades, o ritmo da história, a animação, tudo ali grita KyoAni. O que pode ser bom ou pode ser ruim, dependendo de quem assiste e de qual o tema. Eu particularmente acho difícil algo épico surgir do estilo do estúdio, mas com alguns temas o resultado é interessante ou engraçado. Só não me venham com slice-of-life, por favor. Amagi está mais para interessante, embora tenha um momento ou outro onde eu esboço um gracejo. O conflito é real, é uma situação de vida ou morte, ainda que os ameaçados sejam um bando de fadas sem noção.

A princesa Latifah, a competente administradora do parque

A princesa Latifah, a competente administradora do parque

Quanto ao protagonista, ele não aceita facilmente que o parque na verdade está cheio de fadas. Inteligente da parte dele, se me pergunta. Você acreditaria de cara se alguém te dissesse ser uma fada? E se dissesse que o que parecem bonecos com pessoas dentro na verdade são fadas também? Pois é. Daí que para provar sua natureza feérica a princesa Latifah (esse nome! Quantos outros rappers você consegue identificar? Se já assistiu tente, é divertido!) concede ao protagonista poderes mágicos. E isso significa que ela beija ele. Por alguma razão ele tem um vislumbre do que parece ser o passado, onde aparentemente ele ainda criança conheceu a Latifah, e desmaia em seguida. No dia seguinte ele acorda com o poder de ler mentes. E com a fada da espingarda seminua em seu banheiro. Produto com o selo Kyoto Animation de Qualidade. Yo.

Mais imagens (confundi dessa vez e tirei prints com legenda por cima, mas que fique assim mesmo):

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