[sc:review nota=4]

Uma nova professora começa a dar aulas para a turma 3-E nesse episódio. Ela não é uma professora de verdade, mas uma assassina enviada pelo governo para tentar matar o professor Koro. Mas ao final do episódio ela se transforma em uma professora de verdade, ou mais precisamente, ela se esforça o tanto quanto pode para ser uma professora, apesar de suas limitações. E é precisamente isso que faz qualquer professora de verdade. É disso que crianças precisam nas escolas. E as que mais precisam são exatamente as que estão mais fora do padrão. Como esse anime é sobre a redenção de alunos abandonados pelo sistema, ele lida principalmente com os casos abaixo do padrão, mas aqueles muito acima do padrão também precisam de dedicação especial. E qual não foi o caso do Karma, contado no episódio anterior, senão o de um aluno acima da média que largado a própria sorte se desviou do caminho certo?

Irina Jelavic é uma assassina contratada pelo governo para matar o monstro-professor. Ela se infiltra na escola como uma nova professora de inglês, e como ela é uma assassina internacional fluente em vários idiomas ela consegue passar por uma professora de inglês com relativa facilidade. Mas ela é uma assassina, e sua especialidade é usar sua aparência e sedução para se infiltrar e matar seu alvo quando ele menos espera. Sem muita surpresa, ela consegue de fato enganar o professor Koro, pelo menos até certo ponto. Depois de tudo dito e feito fica mais ou menos subentendido que ele já havia percebido que ela era uma matadora antes da tentativa frustrada de assassinato, e acredito que seja o caso, mas ao mesmo tempo acredito que ele foi sim seduzido. O que pode ser só piada do anime ou pode ser uma pista sobre a natureza do monstro: ele não é um polvo, que se orgulha de ser um polvo? Então por que uma humana o atrai e seduz? Vale lembrar do flashback do professor quando uma mulher pediu a ele que se tornasse professor da 3-E. Quão humano ele é?

Mas o tema do episódio não é esse, mas sim a relação entre aluno e professor para explicitar as diferenças entre o que é um bom e um mau professor. O modelo de bom professor, naturalmente, é o professor Koro, desenvolvido como tal desde o primeiro episódio. Mais um pouco é revelado sobre sua dedicação ao magistério nesse episódio: usando sua super-velocidade ele prepara provas personalizadas para cada aluno, de acordo com seus pontos fortes e fracos. Óbvio que professores normais não podem se dar esse luxo, mas a mensagem é clara: um professor deve se dedicar não a todos os alunos, mas a cada aluno. São duas coisas diferentes. A má professora, claro, é Jelavic. Ela não se importa com os alunos, apenas com a sua profissão. Ela é uma assassina, então ela sequer dá aulas. Mas é fácil imaginar um professor que simplesmente dê aulas sem se preocupar com cada um de seus alunos. Fica implícito que esse é o comportamento padrão do corpo docente dessa escola, e o resultado disso não poderia ser outro senão a imposição de um modelo padrão. Ou cada aluno se adapta ao professor, ou uma de duas acontece: o aluno não consegue acompanhar e aprende pouco ou nada, ou o aluno desperdiça seu verdadeiro potencial por ter conhecimento superior ao ministrado pelo professor. Uns e outros saem prejudicados, e todos os estudantes formados no final sairão iguais.

A turma 3-E já se acostumou a ter um bom professor, eles recuperaram a vontade de aprender que certamente haviam perdido um dia, então eles se frustram rapidamente com a nova professora. Ela tenta ignorar a tensão, e enquanto está focada em sua tentativa de assassinato parece ter sucesso. Ao mesmo tempo, os alunos ficam cada vez mais frustrados e irritados, e depois dela fracassar em matar o professor Koro a revolta da turma explode. No começo Jelavic fica apenas nervosa e confusa, mas Karasuma a ajuda a perceber que ela não pode ser uma boa professora enquanto ignorar seus próprios alunos. Mais especificamente ele diz que ela não pode ser uma assassina naquela escola se não for uma boa professora, mas indiretamente o significado é o mesmo: enquanto ela não respeitar os alunos ela não será terá sucesso em sua profissão. Fosse uma professora isso seria óbvio, tautológico até: se não for uma boa professora não será uma boa professora. O que Assassination Classroom está fazendo aqui é desenhar no quadro negro para que todos entendam: em uma escola você não pode ter sucesso se não souber tratar direito os alunos. O que essa escola faz, excluindo os alunos que não se adequam ao padrão, é esconder os defeitos de seus professores tirando de perto deles os exemplos mais claros de seus fracassos. A professora Jelavic não quer mais ser um fracasso, por isso ela passa a se esforçar no final do episódio. Vitória não do professor Koro, mas dos alunos da turma 3-E.

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