Tokyo Ghoul √A – ep 6 – A filha do meu ex-chefe
[sc:review nota=3]
Esse episódio faria sentido se Tokyo Ghoul fosse uma comédia romântica. Como não é (ainda; espero!) ficou parecendo muito deslocado. Acabo de ver um arco que foi ruim sim, mas terminou em uma questão forte e de grande relevância temática para a série e o que eu tenho? Esse episódio. E nem como comédia romântica esse episódio funcionou muito bem. Também teve um pouco da triste história do Juzo e pude me divertir à valer assistindo o Kaneki gemendo enquanto sofre sozinho com seus múltiplos kagunes fora de controle. Bom, isso foi uma ironia, eu não me diverti nada.
A Akira fica bêbada na primeira vez que aceita sair para jantar com os colegas de trabalho e o Amon precisa carregar ela até sua casa. Por alguma razão ele passou a noite inteira lá. Ela odeia ele, ela segurou ele pelas costas, ele foi fazer flexões porque “é muito fraco”. Em uma comédia romântica ele faria isso apenas para não ceder à tentação, embora talvez desse a desculpa da fraqueza de qualquer forma, o que me faz desconfiar do Amon de qualquer jeito. Qual é, Amon, vocês dois são solteiros, ela é bonita, vocês estavam sozinhos no quarto dela, é perfeitamente natural sentir o que você sentiu. Comigo não teria sido diferente. Lógico, ela estava bêbada, certo, não estou dizendo que o Amon deveria fazer algo com ela, apenas que sentir uma atração feroz naquela situação é inevitável. Mas fugir foi a coisa certa a fazer! Continue sendo esse protagonista puro de comédia romântica! Bom, pena que ele não é o protagonista. E pena que Tokyo Ghoul não é uma comédia romântica. Mesmo assim, sério, por que o Amon passou a noite na casa da Akira?
No lado sério da relação entre Amon e Akira, a garota diz que odeia ele porque não estava lá para ajudar o pai contra o Coelho (a Touka). Mado Filha tem certeza que, se eles estivessem juntos, Mado Pai não teria morrido. Eu concordo com ela. Mas Amon teve uma boa razão: o Kaneki o impediu. Por que ele não conta isso para ela? Ou ela já sabe e só estava reclamando mesmo assim porque estava bêbada? No segundo caso eu não posso culpá-la. É um tipo de ódio meio irracional por natureza e bêbada não dá para esperar que ela fosse muito racional. Ainda assim, resta a possibilidade do Amon não ter contado. Nesse caso ele é um idiota. E ele é um idiota de qualquer jeito por ter respondido a uma filha bêbada que também se odeia por ter “deixado” (e não deixou, como argumentei acima) seu pai morrer. Pelo visto Amon é só músculos, já que além de comer, beber e carregar a Akira para casa, ele aguentou ficar fazendo flexões por horas à fio, e ainda parece bastante acordado e praticamente sem nenhum sinal de cansaço. Amon é feito de aço! E tão inteligente quanto uma viga de aço também. Mas nada disso importa, pai morto, álcool e ódio todos se dissipam quando a loirinha prepara o café para ambos pela manhã com um sorriso no rosto, o chama de tarado (por ter passado a noite na casa dela pervertidamente fazendo flexões na varanda) e pede desculpas por ter dado trabalho. Comédia romântica, isso é uma comédia romântica!
E tem o Juzo. Na época que ele ainda se chamava Rei, ou seja, quando ele cursava uma escola humana normal junto com a Kurona e a Nashiro, entre outros, ele era criado por uma ghoul. Mais ou menos como o Amon, mas de forma muito mais trágica: ela forçava ele a lutar naquela arena simpática do Shu que apareceu na primeira temporada. Bom, não acho que a arena seja do Shu, deve ser tipo um lugar para toda a aristocracia ghoul aliviar o tédio de suas vidas de perseguidos pela CCG, mas isso não importa. O Rei foi criado, ou melhor seria dizer domesticado? Enfim, treinado com métodos cruéis para lutar naquela arena. Como ela era a “mãe” dele e o elogiava (e suponho que maltratasse menos também) quando ele matava seus oponentes com requintes de crueldade, ele se tornou sedento por sangue. Não vou nem entrar na questão psicológica por trás disso, acho pouco provável mas vou apenas aceitar como verdadeira. O pior veio depois, acompanhe o absurdo: resgatado pela CCG, os cientistas loucos por trás do órgão de segurança acharam o máximo que o Rei fosse um humano tão forte e sem freios morais. Isso já é horrível, mas eles são cientistas loucos, eu entendo. Mas e o Shinohara? Por que o Shinohara achou que era uma ideia sequer remotamente boa pegar um psicopata como seu parceiro? Não poderiam pelo menos feito o Rei, agora Juzo, passar por um belo tratamento psicológico? Sabe, ele continuaria sendo forte mesmo se deixasse de enxergar os outros (todos os outros) como alvos em potencial. O Shinohara até agora sempre havia parecido ser uma pessoa sensata, mas agora começo a duvidar disso. Até aposto que seja uma forma do anime mostrar como mesmo pessoas normais e bem ajustadas podem tomar decisões horríveis e imorais. Até funciona, mas de um jeito tosco e sem imaginação.
E tem o Kaneki. Parece que devorar outros ghouls faz mal para um ghoul, e a perda de controle que ele experimentou na Cóclea foi resultado disso. De volta a si, ele está sofrendo com suas kagunes enlouquecidas saindo de controle e se manifestando sozinhas. Mas isso já é o meio da temporada e nada de desenvolvimento do protagonista, ele sumiu, desapareceu, só deu para vê-lo se contorcer em cima de um sofá. Ninguém por perto, nenhuma explicaçao dada, nenhuma palavra proferida (mas houveram gemidos). O protagonista de Tokyo Ghoul se reduziu a isso, o que é bastante sintomático pois o próprio anime se reduziu bastante nessa segunda temporada. Tokyo Ghoul, como Kaneki, está gemendo e se debatendo sozinho enquanto suas múltiplas linhas de enredo e personagens estão absolutamente fora de controle e eu, como expectador, não tenho a mais pálida noção do que está se passando.