Plastic Memories – ep 6 – A Kazuki é uma pessoa horrível
[sc:review nota=3]
Para que serviu a deixa do episódio anterior? No começo desse praticamente ignoraram. Quero dizer, explicaram visualmente que nada de mais aconteceu com a Isla. Nada que já não tivesse acontecido, de todo modo, ela já estava arrebentada de ter tentado enfrentar a Marcia. O tiro derretedor de cérebros de andróides? Nem chegou perto de acertar a protagonista. Ou mais precisamente, ela nem chegou perto de entrar no caminho do tiro, ao contrário do que o final do episódio anterior tentou sugerir. Daí esse episódio casualmente diz logo no começo “A Isla? Você achou que havia qualquer risco à protagonista na metade da série? Que bobinho você!”. Por previsível que tenha sido (e foi, e eu disse que certamente nada teria acontecido a ela) a forma como o anime “revelou” isso fez parecer que ele trata o espectador como um idiota. E que precisa fazer qualquer coisa para desesperadamente convencer alguém a assistir o próximo episódio.
Eu já pretendia assistir de todo modo, então me sinto ainda mais tratado feito idiota. Bom, a Isla foi “hospitalizada” nesse episódio. Por que oficinas de manutenção de andróides precisam ser tão parecidas com hospitais? Eu entendo que não seria adequado um local parecido a uma oficina de automóveis, cheio de graxa e ferramentas soltas e, bem, mecânicos de automóveis ao redor fumando e tentando te convencer que você precisa trocar uma peça caríssima que você nem sabia que seu motor tinha (brincadeira viu, mecânicos!). Certamente precisa ser limpo e agradável. Os andróides giftias são tratados para quase todos os efeitos como pessoas, afinal, não faria sentido desumanizá-los nesse momento. Ainda assim, por que a Isla não estava com os cabos conectados diretamente a plugues no corpo dela para que os computadores pudessem fazer diagnósticos e monitoramento em tempo real? Ao invés, ela tinha um escâner super esquisito em cima da cama? Acho que é porque quem está imaginano esse cenário é muito ruim com ficção científica mesmo (e com ciência e computadores em geral). Tudo bem, a história não é tanto sobre ciência quanto é sobre o que é ser humano. Se pelo menos essa parte estivessem fazendo melhor… enfim.
O óbvio foi revelado: a Kazuki realmente se separou da Isla depois daquele episódio com o robô-pai da Michiru. Mas por quê? A Isla havia se danificado antes e não pôde continuar, e então a Kazuki decidiu continuar por conta própria e acabou se ferindo gravemente e tendo parte de uma perna amputada. Vamos lá, eu posso entender as razões psicológicas subjetivas que possam fazê-la, em um primeiro momento, ficar com raiva de sua parceira que não estava lá para ajudá-la. Mas a Isla foi culpada de quê? De que forma? Depois desse episódio a Kazuki simplesmente diz que não quer (e o verbo usado é querer mesmo, não poder ou conseguir ou alguma outra coisa menos voluntária, intencional) mais trabalhar junto com a Isla. Que pessoa horrível você é, Kazuki, fazendo a Isla ter que carregar pelo resto da vida essa culpa que não é dela! Lembrando ainda que se trata de uma vida com data de validade bem definida e relativamente curta de um ser que não consegue se esquecer de nada nem que queira. É maldade pouca ou tá bom? Mas tem algo faltando ainda, porque a Kazuki não é má com a Isla, ela não odeia a Isla. Muito pelo contrário, durante a série ela já deu sinais mais do que abundantes de que se importa com a giftia. Então o que foi exatamente que aconteceu?
Não sei se entrarão em mais detalhes, espero que sim porque o episódio continua nebuloso. Talvez a Isla tenha enviado a R. Security para lá? Acho muito improvável que seja o caso, mas faria sentido. Com a maior boa vontade do mundo, com toda a intenção de ajudar, a Isla envia para o local os homens que foram, no fim das contas, responsáveis pelo incidente. Um erro bem intencionado destrói relações, e faria sentido a Kazuki não odiar a Isla depois disso. Mas de novo, estou só especulando e duvido que tenha sido o caso.
No fim do episódio a Kazuki finalmente conta para o Tsukasa que o tempo da Isla está praticamente no fim: ela tem mais ou menos um mês de funcionamento restante apenas. E a giftia escuta essa conversa por trás da porta, e já está indo embora triste quando ouve seu parceiro afirmar com convicção que quer continuar do lado da Isla até o fim. E termina com um sorriso assustador no rosto, que talvez seja aquele sorriso de quando se está triste de que a Michiru falou para ela antes quando explicava porque o Tsukasa conseguia continuar sorrindo apesar de tudo o que havia acabado de acontecer. Acho que foi o único momento inteligente (e olhe lá) do episódio. De resto, parece que a andróide está se apaixonando pelo protagonista, e eu não consigo entender porque. Tá bom, até faz sentido, ela está morta de depressão (ok, só com depressão, mas logo estará morta também! sou bom em piadas fora de hora…) e ele é a única pessoa realmente do lado dela, se importando com ela e confiando nela. Posso entender porque ela se apaixonaria por ele nessa situação, é a situação toda que acho forçada mesmo.