[sc:review nota=3]

 

 

Naruto. Takashi Natsume. Gon Freecs. Himura Kenshin. Igarashi Ganta. Rivaille. Chiyuki. Nezumi. Ayuzawa Misaki.

O que todos estes nomes têm em comum? Fácil: eles carregam nas costas o mérito de terem mudado o sistema de suas respectivas histórias. É quase que uma das obrigações de um herói de mangá, ainda mais se for um battle shounen, causar uma transformação significativa no ambiente em que vivem/foram inseridos, ou ao menos na mentalidade das pessoas ao seu redor. Seja trazendo ensinamentos diferentes daqueles ás quais eles estão acomodados. Seja provando que o sistema está errado à força. Seja causando uma guerra civil. Seja simplesmente estando lá. E, mesmo que seja sem querer, Souma está trazendo gradualmente esse tipo de mudança pra dentro da Academia. Um aluno de cada vez.

Lembram do que falei sobre um shokugeki ser um show? Esqueçam isso: Essa coisa tá mais pra uma arena de boxe. Gritos, torcida, uma apresentadora bonita e juízes. Claro que quase todo mundo tá contra o Souma e quer mais que ele saia da escola. E, de camarote, a rainha loira assiste com uma expressão que mais lembra um imperador romano observando uma luta entre gladiadores no coliseu. Ah, como eu quero dar nela.. Mas vamos manter a calma, que desta vez, a rainha é quem deve cair por último pra gerar o xeque-mate. Vamos nos concentrar nos participantes, que já começaram a preparar seus pratos. Como todos já sabiam, Nikumi trouxe uma peça de carne de altíssima qualidade, bela,marmorizada e perfeita. E olha, pelo vista ela realmente ama carnes, nem em Shigatsu eu havia visto um dedilhar tão suave. Mas ela tem um defeito, que é se preocupar demais com o que o oponente está fazendo. Fala sério Nikumi, se concentra no seu prato ao invés de tentar alfinetar o Souma o tempo todo! O réla que ele deu nela foi mais do que bem vindo, um bom cozinheiro se preocupa mais com seu prato do que com a concorrência. Vou levar esse garoto pro Hell’s Kitchen pra ver como ele se comporta perto do chefe Ramsay.

 

Shigatsu wa kimi no niku.

Shigatsu wa kimi no niku.

 

O prato da garota está ficando apetitoso: carne de waguy selada com manteiga e assada ao forno, aiai… Já seu adversário usa contrafilé de supermercado. Comprado com desconto. Amigo, assim não dá pra te defender… E outra, seu pai é um chef de fama internacional, como não te manda dinheiro que dê pra se sustentar? A melhor parte é a cara de desdém dele, dando a impressão de que ele não dá a mínima pro tipo de ingrediente que está usando. A gente pode até saber que não é bem assim, mas ele não está ajudando em nada a mudar a impressão que todo mundo tem dele. Nikumi volta ao seu preparo, fatiando a peça assada (gente, quero um pedaço!) e usando sua sensibilidade tátil para definir a perfeita temperatura da carne. Tempo esgotado, pratos concluídos, resta a avaliação dos juízes.

A apresentação do rôtidon de Nikumi é linda, e a base de arroz com alho faz os jurados salivarem de prazer. Já o don chaliapin de Souma é recebido com desdém, e à primeira vista o excesso de cebola dourada me pareceu meio exagerado, mas o jeito desesperado com que os juízes devoram o prato me faz pensar que tomei um julgamento precipitado. Duas explicações para esta reação: o acréscimo de vinho tinto ao molho das cebolas (quem será que comprou pra ele?) e pasta de ume no arroz – ume é uma fruta, parecida com ameixa, em conserva. O frescor presente no arroz potencializa o sabor da carne e faz com que a pessoa queira mais e mais, e nunca fique satisfeita. Ao contrário, o arroz de Nikumi é deliciosa mas pesada demais, e terminar aquela tigela inteira de comida se torna complicado. Indignada, ela segue a mesma sequência que todos os que não aceitam a derrota para o garoto, e prova o prato dele. E lembra-se de quando era criança e proibida de ser delicada, porque precisava ser forte para representar sua família e talz, nada de muito novo. Certo, agora além de orgasmática, a comida ressuscita memórias reprimidas? Certo ratinho cozinheiro não curtiria o plágio.

A garota carne perde a disputa, e com ela os privilégios que Irina lhe cedera. Até onde vai o poder dessa garota arrogante, pelamordacarneassada? Mesmo chateada, a morena cumpre sua parte no acordo e entra no clube de don, esperando ver com mais frequência um certo cozinheiro abusado que disse que seu odiado apelido fica bonitinho escrito em hiragana… Mais uma pro harém, Souma? Mas ele não está interessado, nem nela e nem no clube aliás. Ele nem chegou a entrar. Nikumi se enfurece ao perceber que foi passada pra trás, e com razão, mas já é tarde: o jeito largado do ruivo já a pegou de jeito e a fez mudar de ideia, tanto em relação a ele quanto a ingredientes mais baratos. Mas o preço para isso foi a ruptura de sua parceria com a rainha da Academia. Será que valeu à pena? Considerando que detesto a Erina, eu diria que sim, mas em se tratando do futuro dela na academia eu acho que ela terá muitos problemas de agora em diante. Boa sorte, Nikumi, você bem que vai precisar.

 

Pode ficar brava Nikumi, a gente deixa.

Pode ficar brava Nikumi, a gente deixa.

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