Acabou! Finalmente tudo foi resolvido, e tudo significa tudo, e resolvido significa resolvido mesmo! Um episódio com enredo muito bem escrito que sem apelar para a tragédia ou coisa que o valha deu a devida consequência que o anime inteiro vinha sugerindo que seria necessária para quebrar o ciclo de mortes. Redimiu o que me pareceu o pior erro do episódio anterior, transformando-o em estratégia brilhante. Como todo bom mistério entregou um final racional mas ao mesmo tempo o episódio foi bastante emocional.

Boku Dake ga Inai Machi pode não ter sido tão incrível quanto eu achei que seria, o arco do segundo retorno à infância do Satoru me pareceu arrastado demais, mas mesmo assim é, na minha opinião, o segundo melhor anime da temporada, atrás apenas de Rakugo Shinjuu que ainda tem mais um episódio pela frente. O que você achou? Abaixo, o que eu achei:

O Satoru havia recuperado a memória bem antes. Como eu especulei, ele recuperou a memória graças à Kayo, e era exatamente isso que sua correnteza de lágrimas representava. Foi também uma correnteza de memórias represadas que voltaram a fluir naquele instante. Agora não mais uma criança ele demonstrou possuir a inteligência esperada de um adulto – o que não seria o caso se ele nunca tivesse sido um adulto que voltou no tempo, e me pergunto o que se passou na cabeça da mãe dele e de seus amigos ao perceberem-no tão maduro apesar de ter apagado aos 11 anos de idade. Provavelmente nada demais, já que ele vinha se comportando como uma criança bastante madura para a idade, de todo modo.

Porque ele tem amigos ele pôde mudar o passado e o futuro

Porque ele tem amigos ele pôde mudar o passado e o futuro

Ele foi inteligente e ao invés de confrontar diretamente o professor conversou primeiro com sua mãe e seus amigos, e prepararam um plano adequado para pegar o criminoso. Foi por isso que o Satoru confessou ao professor ter recuperado a memória quando estavam sozinhos no terraço. Assim tudo faz sentido, não é? Com os contatos do repórter amigo da mãe dele (e de seus demais amigos, enfim) não deve ter sido difícil conseguir aquela cama de ar para amortecer sua queda do edifício, e eles já haviam até preparado o local de onde o Satoru deveria pular – o que significa que já haviam ido ao terraço também, o que torna o convite do professor um pouco conveniente demais, mas quero crer que eles estivessem preparados com dois ou três planos diferentes. Se demonstraram esse nível de inteligência não tenho porque duvidar que estivessem.

Satoru e seu nêmesis

Satoru e seu nêmesis

O resto do episódio é dedicado a mostrar reencontros felizes com todos os amigos do passado. Viram só? A Aya não parece ter casado com o Kazu – namorico de criança é só isso mesmo, não tem porque ficar triste que o Satoru não ficou com a Kayo, hehe. Todo mundo igual ao que sempre foi, e todo mundo diferente do que sempre foi. O tempo passa, Satoru dessa vez conseguiu se tornar um mangaká famoso (tem até anime de mangá seu!), e para fechar com chave de ouro ele vai até a fatídica ponte e reencontra a Airi. Eu no lugar dele ficaria morrendo de vontade de chamá-la pelo nome, perguntar se está tudo bem, essas coisas, mas ele sabe que não dá, ele está certo. Isso é algo que ele perdeu, mas que agora ele tem a chance de recuperar.

Satoru conseguiu virar totalmente o jogo

Satoru conseguiu virar totalmente o jogo

Nessa cena em que ele reencontra a Airi aparece a borboleta azul da viagem no tempo, e eu confesso que fiquei confuso. Minha teoria pessoal é que aquela borboleta apareceu ali como uma espécie de ponto final, para marcar que, agora sim, ele retornou exatamente ao ponto de onde ele tinha parado da última vez que voltou ao passado. Faz sentido? E ele nunca mais precisará viajar no tempo. Ele salvou seus amigos. Ele tem amigos – ele não tinha antes, lembra?

Para encerrar o ciclo de mortes ele está (supostamente) disposto a entregar a própria vida

Para encerrar o ciclo de mortes ele está (supostamente) disposto a entregar a própria vida

A história pessoal do Satoru serve como uma metáfora para a importância da comunicação entre as pessoas e das demonstrações de afeto genuínas, dos laços que nos ligam àqueles que nos são importantes. No começo Satoru era um mangaká fracassado e seu editor disse que sua história era legal, mas seus personagens não pareciam reais, não pareciam humanos, era como se o próprio Satoru não entendesse direito como criar e manter relações humanas. E ele não sabia mesmo. Estava no texto que ele escreveu quando criança: ele tinha amigos, mas não tinha companheiros. Ou, como provavelmente seria uma tradução melhor, ele tinha colegas, mas não tinha amigos. Ele não era suficientemente íntimo deles. Mesmo assim sempre se sentiu culpado pela morte da Kayo. Ainda que ele não fosse próximo a ela, ele se sentia culpado pois foi o último a vê-la viva, e não saía da cabeça dele que talvez ele pudesse tê-la salvo.

Até o assassino sente seu coração tocado

Até o assassino sente seu coração tocado

Ele voltou ao passado e descobriu que para reescrever o futuro ele precisaria estabelecer relações com as pessoas. Com a Kayo primeiro, com seus amigos também, e todos notaram a diferença de comportamento súbita dele: a Kayo, o Kenya, sua mãe. Quando chegou a hora de salvar a Aya, ele já sabia exatamente o que precisava fazer, só não sabia como. Eis que seus amigos vieram para o resgate, e ele nem precisou fazer nada. Isso é ter laços. O único que ele perdeu foi o laço que ele criou com a Airi – e foi esse que ele começou a restabelecer no final do anime. Agora ele sabe como fazer isso, os quinze anos em que ele “não existiu” nessa nova linha do tempo foram um preço barato a se pagar para ter todos os amigos vivos e aprender essa lição valiosa.

Agora é só escrever um novo futuro!

Agora é só escrever um novo futuro!

  1. Finalmente uma avaliação 5 Estrelas haha.
    Esse final foi simplesmente maravilhoso, muito emocionante, não da pra dizer com chave de ouro, mas fechou exatamente como deveria fechar, a historia totalmente bem trabalhada do começo ao fim, cada episodio que assistia era uma nova agonia de ter que esperar mais uma semana, para poder continuar acompanhando esta historia maravilhosa, não vi nenhum ponto negativo no anime tirando um mero detalhe ( Satoru confessar estar atras do assassino sem nunca ter demonstrado isto ) , mas ok.
    Está ai um anime que jamais esquecerei, e gostei tanto do final , que até fiquei deprimido ao saber que não teria mais um anime tão bom para acompanhar toda semana, assim como o Konosubarashi.
    Se eu pudesse avaliar este anime, colocaria 6 estrelas, porque 5 é pouco :p

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Foi mesmo um final excelente. Na verdade na verdade eu não daria 5 estrelas só para esse episódio, daria um pouco menos porque para fechar tudo ele ficou meio corrido, e especialmente aquela coisa da borboleta no final ficou muito mal explicada (na verdade ficou nada explicada), a minha interpretação é um chute no escuro que nunca será respondida. E teve um avião voando de lado. Mas no episódio final eu sempre subo ou desço um pouco a nota considerando o conjunto todo, e acho que apesar dos defeitos BokuMachi merece sim as cinco estrelas =)

      Mas dá mesmo um vazio quando acaba anime bom, não dá? Ainda bem que próxima temporada tá logo aí, acho que amanhã eu publico o guia comentado para te ajudar a escolher seu próximo preferido, hehehe 😉

  2. Acabei de assistir todo (na verdade tava lá meio de bobeira sem nada o que fazer e tropecei nesse thriller fantástico). E recomendo é um belo de um thriller. Está certo…A formula está um pouco meio batida de viagem no tempo impedir de tragédias acontecerem e tals, mas é uma formula vencedora quando vc investe num enredo bem amarrado (se bem que eu suspeitava do professor já desde o ep. 04) e bem resolvido. E sim foi um daqueles animes que de tão bom já dá um aperto no coração nos créditos finais do último capítulo…E aproveito para deixar uma dica para quem passar por aqui e ler esse comentário, quer outro thriller psico-policial de mistério e viagem no tempo? E não é anime! Veja a série “Life on Mars” (2 temporadas), mas veja a produzida pela BBC (a versão americana é fraquinha, não perca tempo com essa) e a continuação em “Ashes to Ashes” (3 temporadas). Não precisam me agradecer…E Gene Hunt rules!!!!

  3. Aproveito para deixar uma dica…Quer outro psico-policial-mistério-thriller com viagem no tempo? E não, não é anime…É a série “Life on Mars” (mas tem de ser as duas temporadas da BBC, não perca seu tempo com a versão americana que é fraca) e a continuação em “Ashes to Ashes” (3 temporadas) tambem da BBC. Vcs vão amar DCI Gene Hunt…

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