Foi um bocado difícil escrever esse artigo porque me incomodou muito a forma extremamente reducionista com a qual o anime retratou a Guerra do Vietnã, conforme interpretada por alguns de seus soldados, bem como a própria história de formação dos EUA ao comentar sobre o massacre dos povos indígenas. Não quero de forma alguma dizer que na verdade os EUA estavam certos nos dois casos (principalmente no segundo!), é que mesmo se fosse uma descrição absolutamente correta da história a forma maniqueísta e caricata com que foi apresentada me parece sempre uma escolha ruim. Mesmo se fosse verdade que os EUA cometeram apenas crimes atrozes e sabiam disso desde o começo, o tom induz a acreditar que só haviam duas escolhas possíveis: a errada, adotada pelos americanos, e a certa, que seria necessariamente o total oposto do que foi feito. Não só não é verdade que os EUA tenham cometido crimes absolutos irredimíveis mesmo para sua época como a realidade é muito mais complexa do que uma moral em preto e branco sugere.

Mas no fundo isso foi só uma alegoria. Como quase tudo (ou seria tudo?) o que acontece em Concrete Revolutio, o que aconteceu nesse episódio ou foi narrado nele não é uma representação da realidade, mas sim um elemento retirado da realidade e modificado para servir de metáfora para a história do próprio anime. O episódio serviu não para criticar a Guerra do Vietnã e o massacre dos povos indígenas da América do Norte (embora faça isso também, sem dúvida), mas para que Jirou se enxergasse em Jonathan, o soldado idealista caído.

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