Kabaneri of the Iron Fortress – ep 12 final – Final feliz graças aos vilões
Os episódios anteriores construíram uma tensão absurdamente alta para esse embate final: a própria vida de todo mundo estava em jogo. E mesmo se uns ou outros sobrevivessem, não conseguiriam mais do que apenas sobreviver. Parece um final bastante amargo para todo o povo do Koutetsujou que está desde o primeiro episódio buscando um refúgio seguro. E mesmo assim o anime conseguiu terminar com um clima positivo. Nem parece que eles ainda estão perdidos em um mundo horrível, com suprimentos escassos e sem saber se encontrarão abrigo ou auxílio em qualquer lugar. A essa altura eles mal sabem se existe alguém por aí que os possa abrigar ou auxiliar.
Teria sido muito mais adequado Kabaneri terminar de forma trágica. Combinaria muito bem com o que foi construído nesse arco. E por mais que eu esteja acostumado a mocinhos milagrosamente se safarem, sobreviverem e salvarem a todos os bons ao seu redor (e eventualmente alguns maus também) simplesmente porque se esforçam bastante, não foi o que aconteceu aqui. O Ikoma se esforçou, o Kurusu se esforçou, todo mundo se esforçou, até a Mumei se esforçou, mas eles jamais teriam o final feliz que tiveram se três pessoas não os tivessem ajudado de forma consciente e deliberada: o cientista que o Kurusu tinha feito de refém (não lembro o nome dele), o Uryuu, e o próprio Biba.
E o pior é que, com exceção talvez do Uryuu, nenhum deles fez sentido. Acho que esse é o preço a se pagar quando se tem vilões subdesenvolvidos, não é?
Começando pelo cientista, acho seguro afirmar que ele era um típico cientista louco. Quero dizer, ele era o refém mas dava ordens ao Kurusu porque queria chegar logo na capital. Para quê? Só para ver a Mumei virar uma nuvem negra. Dava para perceber na voz e na expressão facial dele o quanto a ideia de ver a Mumei transformada o empolgava. Ele não se importava com nada, nem consigo mesmo, só queria poder ver algo destrutivamente divertido. Mais ou menos parecido com nós, os espectadores, não é? Com a diferença que a minha casa não está em chamas e cercada por zumbis. Torço para que a sua também não esteja, de coração. Assim, faz sentido quando ele dá o sangue negro para o Ikoma e depois o sangue branco, com o qual ele poderá curar a si próprio ou à Mumei – mas não ambos! É um jogo louco que eu imagino saindo da cabeça de um cientista louco. Mas o que aconteceu com ele depois disso?
O Kurusu matou ele? Eu não duvidaria disso. Ele e o Ikoma não se tornaram heróis típicos que evitam matar seus inimigos a não ser que não haja alternativa. Entraram na cidade e estavam matando geral quem ousava atrasar a passagem deles. Mas Kabaneri esqueceu do cientista louco. Ele poderia ter sido mostrado sendo abandonado em algum lugar, ou morto, ou solto à própria sorte. Qualquer coisa! Da forma como ocorreu foi bastante estranho e pouco satisfatório. Ao invés de ter capturado o cientista poderia sei lá, haver instruções de uso dentro da maleta com os tubos de ensaio com sangue que o efeito teria sido o mesmo: apenas instrumental. Mas foi um episódio corrido e essa falha foi relativamente pequena.
Menor ainda foi a do Uryuu: instruído pelo Biba a liderar os sobreviventes dos Libertadores para fora da cidade em segurança quando tudo tivesse terminado, ele, que já havia demonstrado ser o menos sanguinário dos generais inimigos, escolheu o caminho pacífico do acordo. Claro que ainda há muita animosidade entre os Libertadores e o Koutetsujou, mas por enquanto todos estão apenas aliviados por saírem do inferno. É compreensível. Muito menos compreensível foi o próprio Biba.
Até o ponto onde ele observava o resultado de sua vingança de camarote e sentia fundo na alma o quão vazia ela era e como ele próprio era vazio, achei seu desenvolvimento interessante. Daí que ele tenha decidido lutar pessoalmente contra o Ikoma no final: não apenas ele queria fazer algo com as próprias mãos para ter um sentido de propósito mas ele já começava a se questionar (provavelmente de forma ainda não muito organizada) sobre como ele só trazia a destruição, inclusive para os seus. Ele havia cumprido sua missão estúpida e ninguém mais deveria morrer por ele, é algo que poderia fazer algum sentido se o Biba tivesse sido mais desenvolvido. E me parece que foi a intenção do roteirista.
Mas ele ter salvo o Ikoma foi um salto de difícil compreensão. O Ikoma tinha acabado de arrancar seu braço e salvado a Mumei, e jazia desmaiado no chão. Biba queria muito continuar lutando com ele, porque sei lá, queria se auto-punir? Posso comprar isso, embora já esteja começando a esticar a corda. Enquanto eles lutavam parece que ele “descobriu” que o covarde era ele; que o fraco era ele. Faz sentido então, não faz? Se ele era o fraco, pelas próprias regras perversas dele então ele deveria morrer. E morrer pelas mãos do Ikoma, que o derrotara afinal. Mas o Ikoma já se perdeu para seu sangue negro, então ele usa o sangue branco para curá-lo. Faz sentido? Até faz. Mas a corda que já estava esticada agora definitivamente arrebentou. Não se trata mais de ser ou não ser, mas de acreditar ou não acreditar. Tenha fé que essa foi a lógica do Biba e o anime será muito melhor para você.
O problema é que isso no final das contas serviu apenas ao propósito de dar a Kabaneri seu final feliz: Mumei e Ikoma vivos. E aí vem à mente aqueles rostos sorridentes surfando em cima do trem na cena final, como se o Takumi não tivesse morrido, como se muita gente não tivesse morrido, como se eles não tivessem saído de um círculo do inferno e não tivessem garantia nenhuma de não estar indo para outro ainda pior. Um vilão subdesenvolvido, o qual precisamos preencher as lacunas de sua personalidade e forma de pensar nós mesmos para que suas ações façam sentido, foi o pilar desse final feliz. Lembrando que os episódios anteriores prometiam muito algo no máximo agridoce, se formos muito generosos.
No final Kabaneri é só mais uma história de zumbi, e como tantas outras tem um final aberto. O que importa não é a história em si, afinal, mas as alegorias com as quais ela é construída. Os verdadeiros monstros são os humanos, nesse anime em particular destacado pelo fato dos heróis serem eles próprios considerados monstros. Kabaneri entrega essa mensagem com sucesso, mas não é como se ela fosse nova. A redenção pessoal da Mumei é o que o anime tem de melhor, e ela salvar o Ikoma e matar seu irmão (simbolicamente cortando todos os laços que tinha com ele, embora ainda o respeite por tudo o que fez por ela e que ela ainda considera bom) finaliza seu arco pessoal de forma brilhante. A animação única e bela de Kabaneri é seu segundo ponto forte. Em um mar de mediocridade, Kabaneri of the Iron Fortress se destaca. Mas ainda assim, e em grande parte por causa desse final (ou de suas causas subjacentes: o mal desenvolvimento do Biba e o pouco tempo para o arco final), ele é apenas um anime muito divertido para se passar o tempo.
Kondou-san
Este episódio, para mim foi razoável, mesmo cheio de furos de roteiro conseguiu finalizar bem o anime com um happy ending, se bem que eu preferia que algum deles tivesse morrido. Neste episódio tentaram mostrar um Biba vazio, mas isso desde o inicio ele já era, a destruição que ele provocava por uma vingança mesquinha, não teve o efeito esperado por ele, ele quando destruiu a super fortaleza do seu pai, percebeu-se que ele não ficou satisfeito. Quanto ao Ikoma finalmente se mostrou útil, aquele poder dele, na destruição do trem foi uma cena muito bem feita, agora só vou fazer um pequeno reparo, o poder do Ikoma é igual ao do Shu do Guilty Crown, o Ikoma quando o usa ele fica mais enfraquecido pelo sangue negro, tal como o Shu cada vez que usava o seu poder o vírus propagava-se pelo seu corpo. Eu pensava que o Ikoma ia morrer na parte que entrou em fúria e ficou com cegueira temporária provocada pelo sangue negro, até que a pedra no rio cai, e o Ikoma arranca um dos braços do Biba. Afinal nem todos os subordinados do Biba eram sanguinários e maus, quando o Uryuu entrou no trem da Ayme sama eu pensei que ia dar uma treta maligna, mas não eles chegaram a um acordo, mas o tapa que o
Kondou-san
general inimigo levou, foi mais do que merecido. O resto do episódio esteve ok. Em termos globais, este anime serve perfeitamente para passar tempo, com um clima steampunk e com alguns bons personagens.
Como sempre uma excelente matéria.
Fábio "Mexicano" Godoy
Sim. Nem tem muito mais o que comentar além de reforçar os pontos negativos e os positivos que já apontei nesse artigo. No final das contas foi história demais para episódio de menos – mais ou menos o problema oposto ao de Ataque dos Titãs, que teve muito episódio arrastado ou simplesmente inútil para o anime como um todo porque tinha aquele monte de episódio e tinha que usar todos (e porque era o que tinha no mangá, adaptação é sempre uma coisa complicada).
E tem razão, não mencionei mas aquele tapa que o Uryuu recebeu foi bem pouco até considerando tudo o que aquelas pessoas passaram. Bela cena.
Mais um anime acabou, e com esse foram todos dessa temporada que eu acompanhava! Re: Zero continua e eu devo continuar escrevendo sobre ele, e Twin Star Exorcists continua e eu não vou continuar escrevendo.
Obrigado por me acompanhar também nesse anime =)
Kondou-san
Eu praticamente acompanhei todos os animes que escolheste para comentar (à excepção do Concrete Revolution), se continuares a escrever sobre Re: Zero eu vou continuar a comentar e fazes bem em não escrever mais sobre o Twin stars exorcists é uma perda de tempo.
Fábio "Mexicano" Godoy
Pelo menos mais um artigo sobre Re: Zero sai, quase certamente amanhã. Depois vai depender da qualidade dos novos animes para eu decidir se vale a pena trocar Re: Zero por um novo ou não.
Kondou-san
Re: Zero é um anime bom mas é muito grande, já deve ser difícil para ti escrever de um anime de 12 episódios, quanto mais de um anime com o dobro dos episódios. Mas se amanhã sair uma matéria nova vou comentar, mas se veres que é difícil escreves mais sobre Re:Zero deixas o anime acabar e fazes uma impressão final do anime.
Angelo Kaoru Gomes Ribeiro
Apesar de ser comum em animes de ação, não gosto quando eles expões uma situação do tipo:
Se você fizer isso você morre – Personagem faz isso – Personagem fica de boa
Acaba com qualquer tensão que as consequências tem o poder de criar. Se independente da regra criada eu sei que o protagonista vai ficar de boa (a maioria das vezes sem nem uma explicação decente) por que me preocupar para começo de conversa? Quando o autor segue suas regras até o fim, a história acaba se tornando mais envolvente, pois você se envolve
na trama de forma mais profunda ao demonstrar verdadeira preocupação pelo seu personagem favorito. Kabaneri não seguiu suas regras, apresentou uma solução “fácil” e mano, no fim das contas o único que se ferrou foi o Takumi coitado.
Kabaneri foi um anime para mim com bastante impacto visual, cenas de ação excelentes e uma trilha sonora épica que apelava bem para o emocional, porém em matéria de roteiro, desenvolvimento de personagens e conclusão, deixou bem a desejar. Eu gostei, sério, mas passou meio longe da ideia que eu formei quando vi o primeiro trailer.
Fábio "Mexicano" Godoy
Acho que o roteiro foi ok, só deixou realmente a desejar quando cagou pra tudo e fez o Ikoma sobreviver porque o Biba, de todas as pessoas, teve um surto de bom-mocismo provocado pelo remorso de uma vida inteira dedicada a uma vingança vazia, e decidiu salvá-lo. Foi bem ruim o final nesse aspecto mesmo. Todo o resto foi razoável. Concordo com todos os seus destaques, e sobre o enredo reafirmo que o que disse no artigo, que faltou muito desenvolvimento para o Biba, mas no geral foi entre bom e regular e o desenvolvimento pessoal da Mumei em particular foi excelente.
Obrigado pela visita e pelo comentário =)