Que episódio interessante. Não é o bastante pra me fazer dizer que ACCA é realmente bom, mas pelo menos as linhas de coesão estão se encontrando e formando algo que faz sentido (principalmente o final que confirmou algo bem interessante). A interação de personagens foi fluida e o diretor de Badon mostrou traços de personalidade que não imaginava que tinha. Quem sabe ACCA não fecha bem pelo menos?

Dito e feito, a temática desse episódio de ACCA é a forma como, em certas situações desfavoráveis, coisas que não faríamos normalmente parecem bem mais interessantes. Podemos partir do princípio básico de que todas as escolhas que fazemos durante nossa vida têm uma influência razoável dos fatores externos que as permeiam. Não falo nem de uma espécie de determinismo geográfico puro (apesar de o ambiente influenciar sim as escolhas que fazemos), mas sim de diversos fatores externos que compõem o contexto da situação e te dizem quais são os custos e benefícios do que você vai fazer.

Pense que você é uma pessoa que gosta de respeitar as leis e está em uma festa com muita vontade de ir ao banheiro, mas a fila para o banheiro é imensa, sua única outra opção seria ir atrás de uma moita. Em situações normais você simplesmente esperaria na fila, não valeria a pena o mico, e não te interessa a ideia de mijar na rua já que isso é “errado”.  Agora imagine que você está a meia hora na fila do banheiro, a vontade está subindo, mal chegou na metade da fila, tem uma pessoa que você quer muito conversar do outro lado da festa e essa pessoa vai embora daqui a meia hora. O matinho começa a parecer menos pior, né?

Não estou dizendo que é legal comparar escolhas políticas a “mijar no mato ou não eis a questão”, mas ninguém quer que o Jean seja o novo Rei do nada, ele é só um cara legal da ACCA, não tem grande personalidade e nem grandes objetivos, é literalmente um peão gigantesco que, por causa da situação, vale muito mais a pena ter no trono, do que um mimadinho rebelde como Schwan, que vai destruir a Acca e ameaçar a paz do governo. Em situações normais, Jean nunca seria opção para o trono, Grossular e os outros diretores poderiam facilmente aplicar o golpe e tornarem-se os governantes de Dowa, mas isso não seria interessante politicamente, um golpe aplicado sem qualquer legitimidade é mais fácil de ser desconsiderado que um golpe teoricamente ordenado pelo príncipe herdeiro de direito.

Essa realidade se aplica de uma forma similar ao caso de Grossular, também conhecido como totalmente não servo da princesa. Quando se separou da princesa, ele não tinha muito o que fazer além de buscar um posicionamento legal para sua vida de forma que pudesse receber os relatos de Nino e seu pai. Para chegar ao posto nobre de diretor geral da ACCA, seria necessário um imenso contato, e esse contato veio justamente do nosso vilão indiano.

Em dado momento, obedecer as ordens daquele nobre para conseguir mais e mais influência podendo assim proteger a princesa, pareceu um bom negócio, e isso aparentemente prendeu Grossular até os dias de hoje (chegando ao ponto de forçá-lo a agir como se ele na verdade fosse superior ao Indiano e entrasse em conflitos diretos com ele). Minhas previsões são que Jean não ficará muito tempo no poder se for escolhido. Morrendo sem herdeiros, a família Indiana será aquela que comandará o reino de Dowa já que é a verdadeira detentora do controle geral da ACCA.

 

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