Um ótimo episódio em que dois momentos diferentes se complementaram no que diz respeito a proporcionar um momento de reflexão da Tachibana antes dela se reconciliar com a amiga, contudo, sem abrir mão de aprofundar e dar mais “liberdade” ao personagem do Gerente dentro da história. O anime continua excelente e nesse episódio já deixou bem claro qual deve ser o seu pré-clímax.

A primeira parte do episódio engloba o “encontro” da Tachibana com o Kondou em uma feira de livros usados. Ela não perde mesmo tempo de usar o que conhece sobre o Gerente para tentar se aproximar mais dele, o que não é um problema, porque até agora tudo foi feito de forma gradativa e saudável para a relação dos dois, sem passar a sensação de que algo estava sendo forçado por ela. Mesmo com toda a sua insistência ela sabe respeitar o espaço dele, conseguindo se aproximar sem se tornar um incômodo. O que resultou disso foi uma cena bem significativa para o resto do anime.

A Tachibana arrumada fica exuberantemente linda, e envergonhada é uma gracinha!

Entretanto, antes de falar dela, acho importante pontuar que o aparecimento do dono da livraria foi de grande utilidade, e não só por retomar a uma cena que se tornaria inútil caso esse personagem não tivesse aparecido agora – a cena em que o Kondou vai à livraria fechada à noite –, mas também por ele ter contado a Tachibana sobre o Kondou escrever, algo que o Gerente não faria e, sendo assim, não possibilitaria o final do diálogo dos dois nesse episódio – o que pode estreitar ainda mais a relação deles. Repare que mesmo não aparecendo antes, o personagem e o contexto que o envolve teve o seu foreshadowing, assim como aconteceu com o Chihiro quando o Kondou alugou o livro dele, o que evitou no público uma sensação de que o roteiro do anime é movido a “conveniências”.

A cena em que o Kondou conta a Tachibana sobre a carta mais curta do mundo e como ela só foi possível graças ao remetente conhecer bem o destinatário, e vice-versa, casou bem não só com o momento em que ela estava vivendo com o Gerente, como também é algo que deve ser usado quando a Tachibana for se reconciliar com a Haruka, afinal, será que elas não serão capazes de se entenderem apenas com um sinal? Essa é a pergunta que me fiz e deve ser respondida em breve.

Foi nessa hora que ela escolheu “E Então”, e então sua boca virou um pontinho.

Não poderia me esquecer de frisar que a Tachibana ter usado dessa curiosidade, logo que tomou conhecimento dela, para se comunicar com o Gerente foi algo completamente comum para quem está apaixonada e busca constantes formas de reafirmar a conexão que tem com a pessoa amada, da qual ela é amiga e com a qual quer ser capaz de se comunicar de forma intuitiva, de forma a buscar o íntimo do outro através do seu. Em muitas histórias pequenas coisas que são apresentadas logo são utilizadas com a intenção de ilustrar algo, mas também podem ser importantes para o momento que o personagem está vivendo – no caso da Tachibana com a Haruka – e querer dizer mais do que o que fica óbvio em cena. Há esse viés romantizado da carta por parte da Tachibana, mas eles tinham acabado de falar sobre isso, então a resposta era óbvia – o que mostra que muitas das coisas que ela vê como sustentáculo para o aprofundamento dessa relação podem muito bem só estar sendo idealizadas por ela; como também há o investimento desse tempo com essa situação ilustrativa de uma forte amizade que muito provavelmente deve ser usada para resolver o problema que surgiu no anime e deve garantir pelo menos o pré-clímax da adaptação – pois imagino que, no último episódio, o clímax do anime será alguma situação problema envolvendo a relação da Tachibana com o Kondou.

Nunca pensei que fosse gostar tanto de um romance em que a amizade que é desenvolvida.

Aliás, a Tachibana curtiu a foto das garotas do clube do qual ela fazia parte e a Haruka curtiu em seguida, então, será esse o sinal de que as duas estão em “sintonia”? É possível, mas acredito que para resolver bem a situação entre elas, algo a mais, algo que realmente enalteça a força dessa amizade, seja necessário. Isso também pode ser muito importante para o último episódio, pois, veja bem, a Tachibana está recuperada de sua lesão e se fizesse fisioterapia poderia voltar ao clube, poderia voltar a sua vida antiga, contudo, ela parece pouco interessada nisso e pode ser que através dessa reaproximação com a Haruka a “dúvida”, entre manter sua vida como está ou retornar mais ou menos a como ela era antes, seja plantada em sua mente. Acredito que ela ainda vai optar por continuar trabalhando próxima ao Gerente – já descarto quase que completamente um final igual ao do mangá ou um final original –, mas acredito que explorar algum conflito para fechar bem o anime seria o ideal, pois, mesmo ele sendo bem tranquilo, sua história favorece momentos mais intensos.

Se ainda não olharam para a mesma lua, ao menos viram e curtiram a mesma foto!

A segunda metade do episódio começa com a visita da Tachibana ao médico e no momento seguinte transfere o foco para o Kondou, para que após um tempo ele passasse a ser dividido pelos dois no café em que trabalham. Reparem como já há alguns episódios têm trechos em que o personagem não precisa estar próximo a Tachibana para ter tempo de tela, ganhando mais “liberdade” para ser aprofundado através de pequenas ações do cotidiano que o levam a reflexões sobre o que o se passa na cabeça dele no momento. É verdade que ele ver uma entrevista do Chihiro enquanto está comendo fora de casa parece bem conveniente – e talvez não fosse necessária, pois o que levou o Kondou a lembrar do passado e refletir já tinha sido bem abordado anteriormente –, mas o Japão é cheio de programas de variedades com celebridades e subcelebridades – imagino que o Chihiro seja no máximo isso –, então não é como se fosse uma coincidência forçada que beirasse o impossível.

Esse trecho em que conhecemos um pouco mais do passado do Kondou de forma bem introspectiva exalta o seu saudosismo e como a literatura, que para ele era alegria e liberdade, com o tempo se tornou prisão e desgosto, muito provavelmente fazendo com que ele não conseguisse se dedicar em outros aspectos da sua vida por ser frustrado como escritor, assim tendo sido malsucedido em seu casamento e, ao que parece, nunca ter conseguido qualquer êxito notável em sua vida profissional.

Só eu achei uma bobagem não mostrarem o rosto da ex-esposa dele?

Não é que ele odeie a literatura, é o contrário e ele tem total consciência disso, mas não consegue se desvencilhar do sentimento de que sua vida seria melhor se ele não tivesse essa paixão, pois, ao mesmo tempo em que ainda adora ler e escrever, lembrar do passado e do quanto se esforçou em prol de um sonho que não foi capaz de realizar o machuca; machucaria a qualquer pessoa, e, inclusive, me parece ser o principal motivo que o leva a não investir em uma relação amorosa – principalmente com uma garota que o lembra tanto da juventude que perdeu, que foi se esvaindo junto as chances que ele crê que tinha de realizar seu sonho. Eu digo “crê”, pois, parte disso deve ser causado por ele mesmo, pelo seu medo de buscar o seu espaço, de dar a “cara a tapa” em prol de realizar seu sonho. Acho que um ótimo final para a obra, que não deve acontecer já nesse anime, para o Kondou, seria ele conseguir, de alguma forma, virar um escritor como ele tanto gostaria. E vocês sabem que hoje em dia isso não é tão impossível, né? Basta ele escrever bem, ou escrever algo que tenha potencial para ser popular, e divulgar bem o seu trabalho que ele pode realizar seu sonho.

Atormentado por uma fraqueza do passado que nunca deixou de se fazer presente.

Antes de concluir, acho importante falar do belo diálogo entre os protagonistas que, graças a um marca página, tomou um rumo interessante e agiu como estímulo para o escritor amador. O livro “E Então” é da autoria de Natsume Souseki, mesmo autor do livro Botchan que a Tachibana estava lendo antes, e é tido como um romance psicológico com uma forte abordagem introspectiva, tal qual a do Kondou ao falar sobre a andorinha como se estivesse falando de si mesmo, como se estivesse ilustrando o seu caso – coisa que ela não deve ter percebido mesmo com o tom melancólico dele.

Se a andorinha é o Kondou, então ele acha que pode encontrar felicidade mesmo “ficando para trás”, mesmo não tendo realizado o seu sonho, caso tenha dado o máximo de si, mas se ele não tiver se esforçado o suficiente e tiver desistido, o arrependimento, a solidão e a tristeza, muito bem ilustrados quando ele diz que a andorinha ia olhar para o céu todos os dias, é o que o arrebatará. O Kondou sente isso e por mais que esteja velho e não tenha mais esperanças de mudança, ele ainda pode se esforçar para tentar voar como os outros, para não ter mais que olhar para o céu todos os dias e sim fazer parte dele, pois sabe que não existe glória – luz do sol – sem esforço – se molhar na chuva –, mas quem sabe chegue o dia em que ele aceitará isso de vez e até se esquecerá de olhar para o céu. Quando se corrige quanto a ser perdoado, o que ele quer dizer é que precisa de alguém que o dê um “tapinha nas costas”, que o diga que está tudo bem. Só não ficou claro para mim se ele disse isso em um tom conformista com a sua situação atual ou no sentido de que está tudo bem em ainda tentar alguma coisa – mesmo que até agora não tenhamos visto ele se esforçar em prol disso.

“E então, a andorinha que desistiu mesmo de voar poderia até se esquecer de olhar para o céu.”

A Tachibana quer ler o que seu amigo e chefe Kondou escreve, e sim, muito porque ela está apaixonada por ele, mas, depois de tanto terem interagido e de se conhecerem um pouco melhor, acredito que ela também deseje isso simplesmente por reconhecê-lo como um amigo que tem qualidades que ela admira e que quer conhecer ainda mais – talvez até o ajudando no que ela puder.

Me despeço muito feliz após assistir outro excelente episódio, ansioso pelo desfecho do anime e na expectativa de que o que foi trabalhado até então seja usado posteriormente. Até o próximo artigo!

“É exatamente por você ser assim.”

  1. Anime Koi Wa Ameagari está me surpreendendo à cada episódio, eu não tenho palavras para descrever como é lindo esse anime. O Sr. Kondo mostrando o seu passado e história de vida, suas frustrações e fracassos, mais mesmo tendo meia idade nos seus 45 anos, ele ainda é jovem senhor, pois ainda pode realizar seus sonhos e desejos, um personagem que tenho profunda admiração e respeito, conhecendo tanto no anime como no mangá, ele é mais do que isso que demostra passar, só basta querer se libertar desse casulo que ele mesmo se colocou, e aprendendo à não cometer o mesmos erros do passado, e ele tem uma pessoa que está disposta que correr junto com ele nessa vida, a Tachibana uma linha colegial que tão nova que desde já conheceu a frustração de para de correr por causa da sua lesão, mais como o médico disse ela está recuperada para começar a reabilitação para voltar a sua rotina no atletismo, mas só basta saber se ela vai querer deixar o restaurante e deixar de se aproximar ainda mais do Sr. Kondo, pois ela está fazendo de tudo para conhecer ele, aceitou entre aspas a amizade que o gerente falou e está aproveitando cada momento para conhecer ele, nesse caso foi na feira de livros usados onde ela conheceu mais um pouco do Kondo, que ele queria ser um escritos de novel’s e no final do anime ela falou que queria ler os novel’s que ele escrevia e que irá escrever, assim dando um encorajamento e apoio que o Sr. Kondo que tanto queria e quer sentir.

    Bem esse anime está lindo, sei que já falei isso, mas é bom repetir um pouco mais, todos por trás desse anime estão de parabéns, cada detalhes mostrado na animação, trilha sonora, personagens, movimentação, os diálogos, o clímax, história de cada personagens, tudo muito bem encaixado que estou gostando muito do anime. Para constar esse episódio foi no do vol. 5 nos cap. 37 até 40, deixando para atrás os cap. 33 até 36, que mostra outro personagem que foi deixado de lado no anime que o cozinheiro loirão.

    Mais uma vez parabéns pelo seu resumo do anime Kakeru17.

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