A comédia mais avassaladora de 2018 chega ao fim. Antídoto contra o moe e um olhar perspicaz para o mundo das garotas do ensino médio sem o retoque da fofura e dos comportamentos exemplares (pouco naturais). Hanako, Olivia, Kasumi e suas colegas de escola são barulhentas, extravagantes, grosseiras, travessas e até malvadas. Soma-se a isso o fato de que são grandes amigas. Agora junte todas essas características, acrescente o absurdo, um humor que se atreve a testar seus limites, e temos Asobi Asobase. E para fazer jus a essa loucura, o episódio 12 retorna aos esquetes aleatórios, ignorando o Festival Cultural (mais um ponto para série) e apresentando um bebê possuído pelo espírito de um pervertido, Hanako no modo desequilibrada, um game a la Happy Tree Friends e um desfecho que une esquisitice, Maeda e um parasita nojento. Asobi Asobase consegue ser absolutamente impagável em seu último passatempo, colhendo muitos sorrisos e gargalhadas.

No primeiro esquete, Chisato-sensei leva para o clube de passatempeiros o bebê de uma amiga. As garotas ficam encantadas com a criança, de nome Daniel. Hanako é a mais entusiasmada, sentindo-se (estranhamente) inebriada com o cheiro de leite materno e xixi vindo do pequeno infante. Quando Chisato-sensei é chamada à diretoria e deixa Daniel com as estudantes, a atitude dele começa a mudar. Apenas Hanako leva a sério a repentina transformação. De adorável, ele passa a ser bizarro – e dissimulado.

Chisato-sensei com um bebê fofo nos braços. Só que não! É um menininho possuído pelo espírito de um mafioso/psicopata/tarado.

Daniel, quando é carregado por Kasumi, apalpa os seios dela de um jeito malicioso, ativando o senso de desconfiança de Hanako. Em seguida, no colo da garota, ele repete o mesmo gesto e solta um desdenhoso “tábua”. Já com Olivia, o bebê reclama do odor emanado da axila dela. A sua voz rude de adulto assusta as passatempeiras, mas elas estão divididas, já que permanecem fascinadas com o charme dele.

O golpe final vem quando Daniel prende o cabelo de Hanako no ventilador. Olivia e Kasumi agem como duas completas parvas na situação, principalmente Kasumi, indecisa entre a fofura do bebê e o assombro. A tragédia é evita por pura sorte.

É um segmento engraçado, com o bebê se portando como um velho tarado e jogando com a imaginação das passatempeiras. Hanako, como sempre, sobe o tom do humor, é uma legítima rainha do exagero.

Moloque endiabrado: é encosto ou o bebê mais estranho do mundo?

E é justamente Hanako quem eleva o nível de insensatez da segunda parte, quando surta novamente com a diferença do tamanho dos seus seios em comparação ao de Kasumi. Aqui, Asobi Asobase investe em um clichê dos animes, mas se sai muito bem, chegando a introduzir um trecho em que Kasumi explica de maneira didática como fazer a medição do busto.

Hanako em colapso sempre é um ponto alto do programa. Ainda mais quando é conduzida pelas suas fraquezas. E é exatamente aí que estão os acertos de Asobi Asobase. A comédia se origina das ações, inabilidade, sentimentos e tolices das passatempeiras.

Falou em seios, Hanako pira. Acalme-se, guria! A vida não se resume a um par de peitos.

Hanako se descontrola, pensando no que o “deus dos peitos” lhe negou, que nem percebe que Kasumi se incomoda com o tamanho de seus seios. Para ela, não é um atributo para se orgulhar, mas algo que causa desconforto e embaraço. E esses contrastes e oposições são bem reais, próprios da adolescência.

Quando Hanako descobre que seu busto é AA e essa medida é menor que o esperado, ela entra em crise, e tenta sugar com as mãos o volume dos seios de Kasume. Uma verdadeira loucura, que termina com a garota rezando para o tal “deus dos peitos”.

O “deus dos peitos” não irá perdoar essa mão boba.

O esquete seguinte traz Olivia viciada em mais um jogo de seu país, que é tão surreal quanto o de captar bactérias no ar do episódio 8. O jogo online tem animais fofos e armas em forma de doces. Tudo parece lúdico e harmonioso. Mas as aparências enganam e o jogo é brutal.

Como Olivia se esquece de mencionar as regras do jogo, os avatares de Hanako e Kasumi são mortos violentamente. Não à toa, o título do segmento é “Inferno dos contos-de-fada”. Enquanto Olivia se diverte, suas companheiras estão traumatizadas. Ainda assim, topam uma segunda rodada. Novamente, corpos destroçados por projéteis e muito sangue.

Trauma e tédio com um jogo brutal repleto de bichinhos fofos. Passatempo agradável!

O adversário das passatempeiras é alguém motivado pela possibilidade de vingança: a presidente do clube de shogi, que no terceiro episódio se arrebenta toda (ela ainda está imobilizada devido às fraturas) ao tentar provar para Hanako, Olivia e Kasumi que passatempo é coisa sério.

A presidente provoca as garotas para que elas permaneçam no jogo, para, deste modo, continuar derrotando-as até que o massacre se torne humilhação. Mas a revanche é frustrada pelo desinteresse que logo toma conta de Hanako e Kasumi. Ela se esquece de considerar o tédio e o pouco valor que as passatempeiras dão ao empenho.

A presidente do clube de shogi em sua violenta vingança. Porém, no fim, uma revanche ineficaz.

A última parte tem relação com o passatempo, pois, afinal, é um clube de passatempo. É um desfecho que tem tudo a ver com o espírito do anime. Além de ser hilário assistir o absurdo surgir e atingir o seu topo, que é simplesmente ficar sem saída para o desvario que se apresenta.

O jogo “Guerra de papel” é formado por duas equipes que desenham algo para derrotar ou anular o poder do adversário. Elas se revezam até a disputa ter um vencedor. É aí que as coisas se complicam, já que os jogadores são as passatempeiras e Maeda, que faz sua aparição apenas para estar presente no derradeiro esquete de Asobi Asobase (já que Maeda é uma das personagens favoritas do público).

É divertido notar o quanto o desenho de cada um deles tem a ver com a sua personalidade: Olivia desenha uma princesa e tudo que tem relação com o mundo da fantasia. Já Hanako criar armas e um homem invencível, enquanto Kasumi, certa altura, coloca um diplomata que discursa para negociar um acordo. E Maeda, sendo Maeda, inventa uma espécie de parasita, que é a única coisa que ele desenha. Não somente os desenhos são ridículos como a explicação para inseri-los no jogo. E tudo acaba de repente, já que não tem propósito, está desgovernado e indo em direção ao caos.

O parasita inventado por Maeda. A pergunta que não quer calar: que troço é esse?

Assim, Asobi Asobasi se encerra sintonizado com o que suas personagens têm de melhor: a insanidade e a tolice. É uma experiência cômica, altamente divertida, que mostra o quanto garotas também gostam de bizarrices, divertem-se provocando e abraçam suas bobeiras partilhando-as de uma maneira inesquecível: com as amigas.

Asobi Asobase é uma comédia dinâmica, com um punhado de personagens carismáticas, que agem de forma desatinada. Absurdo, diversão, inteligência e travessuras em um pacote de Vida Escolar que de moe só tem a sua opening.

Deixe uma resposta para James Mays Cancelar resposta