Majo no Tabitabi – A beleza de ser um eterno aprendiz – Primeiras impressões
Começo, meio e fim. Essas palavras fazem parte da ideia de jornada. Mais precisamente, são etapas obrigatórias e que estão interligadas umas ás outras. O começo não definirá qual será o final, mas sim o que acontece durante uma jornada.
Uma das coisas mais legais de uma jornada é a evolução das personagens centrais. No caso desse, esperamos que em cada viagem, a protagonista aprenda lições importantes, quer seja com acertos ou com erros. Viver por si só, já é uma grande aprendizagem, viver conhecendo os mais diversos lugares é uma forma singular de adquirir conhecimento. Conhecimento esse que Elaina terá que aprender por conta própria.
O ponto de partida de Elaina (a protagonista) é interessante, pois a vontade de viajar pelo mundo foi despertada por um livro quando ela ainda era uma criança. De forma metafórica ela já viajava ao acompanhar as aventuras de uma certa bruxa pelo mundo. Quem tem a leitura como um hábito (ou mesmo quem ler apenas ocasionalmente) além da possibilidade de adquirir conhecimento, pode ir para qualquer lugar e qualquer época.
A motivação e o talento de Elaina a levaram ao status de prodígio. Ao ter ciência de sua própria capacidade, ela passa a ter certeza de sua superioridade no que diz respeito a habilidades mágicas. E é ai que a personagem acaba caindo na armadilha da soberba. Os pais dela tiveram a sagacidade de notar tal defeito e agiram rapidamente para mudar isso.
Viajar não é apenas vislumbrar belas paisagens, mas também é conhecer as pessoas e e seus hábitos. Portanto, é necessário tanto se colocar no lugar do outro (empatia), como tratar os outros como iguais e não sentir-se superior aos demais (humildade).
O período de treinamento pode ser visto como uma jornada de cunho pessoal em busca do amadurecimento, tanto de habilidades como de caráter.
Inicialmente eu achava que bruxa responsável em treinar a protagonista ensinaria de maneira muito peculiar a ponto da própria Elaina não perceber que estaria sendo treinada, mas não foi assim. As tarefas domésticas que a aprendiz de bruxa faziam não fazia parte de algum treinamento heterodoxo e tampouco era uma mera exploração.
Antes de se adquirir habilidades, a garota precisava aprender algumas lições no qual deve levar não só para a sua jornada, mas para a vida inteira.
Uma característica interessante na protagonista é a resiliência, em contrapartida faltava a ela ter voz ativa e vontade de desabafar sobre os seus problemas. Ter que suportar quaisquer situações adversas calado é muito complicado, e geralmente não é a melhor saída.
A luta foi um excelente maneira de mostrar para Elaina que a mesma teria muito o que aprender, além de reconhecer sua fraqueza. A frustração da garota era compreensível, pois ela sabia tinha talento, mas se viu numa situação de impotência. Após a frustração há dois caminhos para serem seguidos: um é o do rancor e o outro é reconhecer as falhas para poder buscar o aperfeiçoamento.
Por falar em luta, o duelo foi interessante. A diferença era abismal, mas Elaina se defendeu como pode até não aguentar mais. Outra coisa digna de nota foi a forma de como a passagem do tempo foi mostrada. Ao invés de apenas mostrar uma cena já com a personagem principal já crescida e um aviso na tela indicando o tempo que se passou, vimos essa transição por meio das mudanças das estações.
Vale ressaltar também que os cenários do anime são bonitos. No caso específico dessa obra, isso tem uma importância fundamental, pois se trata de uma história sobre viagens. Cada lugar em que a jovem bruxa pisar ou sobrevoar com sua vassoura mágica, tem o sua própria beleza e características singulares, portanto um cenário bem feito transmite o impacto necessário para que fiquemos mais interessados sobre aquele local e o povo que o habita.
É curiosa as reações das bruxas que a rejeitaram, e a impressão que passou foi que havia tanto um aparente sentimento de inveja, como o de receio de não ter o que ensinar a uma jovem tão talentosa.
Os pais de Elaina mais uma vez merecem uma menção neste artigo, pois souberam educar a filha, além de estarem presentes durante o crescimento da menina até ela sair de casa para ser uma aprendiz. Os três conselhos da mãe antes da garota iniciar sua jornada são preciosos.
Com pouca bagagem, e carregando consigo a ideia de como é belo ser um eterno aprendiz, Elaina possui condições de partir rumo ao desconhecido. Quem sabe num futuro distante, outras crianças e adolescentes (ou até mesmo adultos) não se espelham nas suas viagens para começar uma aventura, tal como nossa heroína fez um dia. Muitas aventuras lhe aguardam, e quem gostou da estreia desse anime, certamente estará ansioso para as aventuras de uma jovem e bela bruxa chamada Elaina.