Bofuri: I Don’t Want to Get Hurt, so I’ll Max Out My Defense (Bofuri: Eu não quero me machucar, então vou aumentar minha defesa), Itai no wa Iya nano de Bougyoryoku ni Kyokufuri Shitai to Omoimasu no original japonês, é uma das várias adaptações de light novel da temporada de inverno de 2020. Um “isekai” com uma piada bem definida. Mas pergunto, qual a graça de um jogo VR sem dor alguma?

Na história somos apresentados a Kaede, uma jovem que começa a jogar um VRMMORPG indicado pela amiga, que não joga com ela porque precisa estudar. É, a situação só se configura dessa forma para que a protagonista não ouça a voz da razão e adote um “estilo de jogo” que a amiga desaconselharia, dando vazão a piada da obra. Kaede não quer sentir dor.

Até aí tudo bem, é um direito de quem está jogando, mas se eu me disponho a acompanhar a história dessa jogadora medrosa é normal que eu espere uma justificativa boa para isso, né? Pois então, o anime não dá indício de que há um bom motivo em sua estreia, e não é nem como se ele precisasse correr com isso, é só que se não há o que falar do assunto, não há o que se “enxergar” nele também.

Não há profundidade, ou não parece haver, na motivação da protagonista. Sendo assim, o que resta é um anime divertido sobre uma adolescente fofa e estranha que começa a se aventurar em um jogo virtual. Menos mal que um plot de vingança que força o escudo, a ideia da defesa e prioritariamente isso, ao seu herói? Eu acho que sim. É incomum, mas foi a personagem quem escolheu esse rótulo para ela, né.

Sim, essa foi uma cutucada, como o título também foi, no anime do herói do escudo, o qual me divertiu, não me entenda mal, mas achei mais problemático que bom. E mais problemático por outros motivos, o escudo é o de menos. Aliás, brincar com a quase antítese de associar a figura do herói, geralmente espadachim ou lanceiro, a um escudo é um dos motivos que levou essas obras a terem seus animes.

Então sim, acho que a piada da Kaede é válida, até mesmo divertida, é só que da forma rasa como ela é vendida não vejo o que comentar sobre. O que posso escrever é que gostei da produção técnica em geral, mas principalmente de ter visto que ela consegue usar um punhal para matar monstros. Não é só o escudo a sua “arma”, ainda que ele seja o símbolo maior de todos os seus pontos gastos em vitalidade.

Ademais, é um “isekai” normal se você focar só no mundo do jogo; e é ele que mais deve aparecer, então dá para considerar isekai, né. O anime de um player bem peculiar que aposta tudo em uma boa defesa. O que torna a obra interessante é a lacuna entre um jogador normal e ela que só se defende, e até ataca, mas explorando propriedades defensivas para isso. A diferença de crescimento entre um e o outro.

Pelo fim do episódio ficou parecendo que a amiga da protagonista é uma jogadora forte e experiente (eram os prêmios por jogar dela naquela cena, né?), então todos os “caminhos” para a Kaede vão ser abertos, ainda que ela mesma não aproveite os contatos que fez e as dicas que recebeu. Mas isso eu acho difícil, pois a melhor cena do anime veio justamente disso.

Se curar constantemente para resistir aos ataques e só aí improvisar um contra-ataque estranho (eu me pergunto quantos jogadores venceram um boss comendo ele) foi uma ideia inusitada, criativa e até mesmo divertida. Gostei de ver a forma como a Kaede vai fundo nessa obsessão pela defesa perfeita e fiquei realmente curioso para ver ela se tornar uma jogadora forte praticamente só com esse atributo.

Diferente do Naofumi, a Kaede ama o escudo, ama a defesa, fará muitas amizades e se divertirá muito (a abertura mostra, né), então é bem fácil saber o que esperar do anime. E ele entrega. Dá para o anime ser bom se ele tiver uma piada só, dá até para ser bom se essa piada não tiver uma motivação profunda para existir, e eu acho que Bofuri vai bem quanto a isso. Não é nada espetacular, mas diverte.

Há o mínimo de criatividade para fazer o anime valer a pena sem ter muita profundidade, mas é claro que isso pode pegar mais para frente. Contudo, também há de se ver que é uma comédia, então talvez seja eu que esteja criando a expectativa errada devido a um certo anime de um herói cauteloso, como é a Kaede.

Se não quiser muito do anime (a sinopse e o trailer não fazem você imaginar mais do que foi entregue na estreia de qualquer forma) Bofuri deve ser mais que o suficiente para saciá-lo. Se tem medo das dores que esse tipo de anime provoca, contudo, passe longe dele e direcione suas forças a outros animes que saem nessa temporada de inverno.

Jogar um jogo VR tem alguma graça se o jogador não sentir dor? A Kaede mostrou que sim. Mostrou também que quem tem fome consegue skin personalizada, então, se é gamer, seja guloso você também!

Por fim, eu só digo que Tate no Yuusha no Nariagari não está com nada, a verdadeira heroína do escudo é a Kaede de Bofuri.

Até a próxima!

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