Vamos falar de vôlei, meu povo? Mas calma, não tem nada a ver com Haikyuu, muito embora os eixos comuns dessa nova história sejam bem similares aos de seu parente esportivo. Contando a história de dois amigos separados pelas circunstâncias e unidos pelas quadras, o anime promete ter seu brilho próprio, será que ele vai conseguir?

Quando anunciaram esse anime, me empolguei por se tratar do vôlei que é um esporte que eu particularmente adoro e pratiquei enquanto pude na minha fase escolar. Hoje já não sei se tenho alguma habilidade, mas continuo gostando igual e transferindo esse mesmo amor para os animes esportivos.

Pois bem, assim como curti bastante Haikyuu – que inclusive acabou sua última temporada agorinha – e Harukana Receive, com 2.43 não será diferente e mesmo que ele não traga muitas diferenças em relação aos outros, acredito que ele possa surpreender com os seus dramas pessoais e a pegada que parece ter, julgando pela estreia.

Chika e Yuni são dois amigos de infância, que foram separados por conta de uma tragédia na família do primeiro, para a tristeza dos meninos. Chika nutre um grande amor pelo vôlei que cresceu ao ponto dele apenas enxergar o seu desejo de ser o melhor, causando um problema sério não só a ele, mas as pessoas com quem ele teve contato no seu antigo time.

Inicialmente pensei que ele se tratava de um Kageyama mais estúpido e egocêntrico, porém conforme as coisas caminharam, percebi que ele tem uma certa inocência na sua personalidade que acabam o tornando diferente, não sei se como resultado de seu trauma, ou se é natural, mas isso ajudou a torná-lo bem mais simpático aos meus olhos.

Acredito que toda a questão envolvendo o colega que tentou se matar, será um ponto chave, justamente porque não foi um colega birrento chateando todos e ficando só nisso. As ações egoístas e impensadas dele tiveram um peso e uma consequência séria. Me pergunto como isso vai afetar o grupo que está se formando no clube de vôlei, até porque não é algo que as pessoas ignoram e tudo bem.

Do outro lado, Yuni é o garoto comum que quer ser popular, não se importa com muito e vai vivendo a vida da forma mais simples possível e sem objetivos, numa oposição completa ao amigo tão focado. O que eu gostei nele é que mesmo sendo desleixado, o rapaz não deixa de ser gentil e atencioso, especialmente pelo fato do Chika ser importante para ele.

A química entre os dois é boa e gostei de como o anime conduziu o reencontro entre eles, com toda a readaptação, sem que ficasse meloso demais, mas também nada muito seco por conta da mudança no Chika. Penso que tudo aqui foi muito dosadinho nos personagens e em suas reações, de modo que pudessemos nos conectar facilmente a ambos.

Um ponto que me agradou também, foi o fato da dupla e o próprio time – que ainda não está formado – ter suas diferenças quanto ao esporte. Aqui não temos um grupo que conhece o esporte e tenta crescer, temos um que conhece, juntando pessoas que querem praticar para ver se consegue chegar em algum lugar. O Yori até tem alguns talentos naturais, mas nada que o torne especial ou inacreditável, enquanto um iniciante.

Em contraponto a leveza da relação entre os amigos, me incomodou o jeito leviano do Yuni se portar, agindo apenas por conveniência para não ficar mal aos olhos do primo e seus parceiros. Isso me leva a questionar que tipo de confusão ele pode criar mais a frente, por não se levar a sério e não impor limites a aqueles que considera amigos, apenas por querer ser o que os outros esperam.

O primo Yori não me parece alguém ruim, mas sim um rapaz amargo, meio desesperançoso e que se largou por aí – uma influência não muito saudável para alguém como o protagonista. Por um instante pensei que talvez isso tivesse a ver com o vôlei, já que ele enfatizava bastante o esporte como um problema, porém vou deixar que o anime me surpreenda, caso ele vá ser uma peça importante aqui.

O episódio acaba com um gancho bem tenso, no qual o Chika tem seu passado revelado ao amigo, para o desespero do rapaz. A impressão que tenho é que mesmo nervoso, o Yuni vai conseguir dialogar com ele numa boa e manter a amizade, ainda que eu também ache que isso vai alterar um pouco o seu ânimo em continuar praticando seriamente.

Acho que a história tem um potencial muito bom, levando em consideração a personalidade dos protagonistas e os problemas que o anime já apresentou nos dois para trabalhar. Em função disso pode ser que o anime se encaminhe mais como um drama esportivo do que algo muito focado no vôlei em si, mas mesmo assim deve ser igualmente bom e eu irei acompanhar com muita satisfação.

Tecnicamente eu fiquei bem satisfeito com o que a David Production me entregou, porque a animação estava bem redondinha, o design é legal, nas poucas cenas movimentadas que teve eles não ficaram devendo, então só me resta torcer para que eles segurem essa qualidade até o final.

Meu veredito é que essa foi uma ótima estreia e para mim teve seu charme pessoal, não me fazendo pensar que vai ser uma cópia barata de Haikyuu ou que vá ser menos impressionante, pelo contrário, 2.43 tem condições para se destacar com sua história e com certeza é uma ótima opção dentre os esportivos – e não esportivos – da temporada.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

  1. CICERO RAIMUNDO DA SILVA JUNIOR

    Como alguém que assistiu 2.43 e virou cadelinha deles, acho que é um anime com um brilho próprio, sim. Assisti outros animes de esporte e, de todos, esse foi um dos melhores, não tenho tanto conhecimento assim de vôlei e eles apresentaram o esporte super bem (quando eles trocavam de uma cena pra outra, eles sempre colocavam alguma imagem dos personagens e alguma explicação sobre alguma coisa do vôlei e isso é uma coisa que eu achei bem interessante pq eles n te deixaram “boiando” sobre o esporte como alguns animes fazem) e todos os personagens foram bem escritos. Não é forçado, o time vai crescendo naturalmente e nenhum dos personagens tem algum talento irreal como em muitos animes, é natural e prende vc de uma forma incrível. Eu espero que esse anime ganhe o reconhecimento que merece e ganhe uma nova temporada.

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