Dr. Stone 2 – ep 7 – Os 20 segundos mais importantes da história da humanidade
Das ajudas que o Chrome recebeu, a primeira, o Ukyo mentindo para o Tsukasa, foi a mais estranha de todas, mas como o início do episódio esclarece, o Senku desconfiou daquela bateria, e como era fácil supor, as duas ajudas estavam ligadas de forma bastante interessante.
Só é uma pena que Dr. Stone tenha tomado um caminho um pouco mais lúdico que a média, que já é alta, e ainda mais questionável também. Para mim quando mexe com cabeça ultrapassa uma linha em que seria melhor não tocar.
Além de que acrescentaria peso narrativo se quem morresse não voltasse, coisa que não lembro se ocorre no mangá, mas duvido muito acontecer. Sem mais delongas, vamos ao texto!
A conquista da caverna dos milagres é o objetivo e não teria muito como ser diferente, o detalhe é que certamente não será fácil conquistá-la e o final desse episódio já deixou isso bem claro. Outra coisa que já era evidente, essa desde o episódio anterior, é que o Yo é a escória.
E tudo isso por medo de um adolescente que, por mais que seja imponente, parecia respeitá-lo. Ele vacilou, tudo bem, mas em nenhum momento o Tsukasa deu a entender que o mataria ou algo assim se ele falhasse. O que pegou é que o Yo é covarde mesmo, não tem defesa.
Repito, como comentei no artigo anterior, o problema não é nem ele ser um verme, é terem sido apresentadas coisas sobre o Yo que não faziam o menor sentido, principalmente suas atitudes como policial no mundo antigo. Exceto se ele entrou na polícia apadrinhado por alguém e a polícia japa é uma vergonha, vai saber…
Ele é tão surreal de uma forma que não duvido ser um “filho de papaizinho” mesmo. Em todo caso, ele ter caído fora do Império Tsukasa gerou o pequeno detalhe que provocou a reviravolta nos acontecimentos, mas sobre isso comentarei mais a frente, antes vem o Ukyo.
Gostei bastante da caracterização do personagem, assim como do aproveitamento da ambiguidade em suas ações porque apesar de ter ajudado os planos do Senku, a verdade é que o Ukyo estava ajudando a si mesmo ao criar um canal de comunicação com o herói.
Para sair do Império Tsukasa e, principalmente, deter os planos do vilão, o Ukyo precisava descobrir se o Senku seria mesmo uma alternativa diferente, e para se agarrar a essa perspectiva ele precisava permitir a sobrevida dos planos do herói, como, aliás, fez magistralmente.
Porque, por exemplo, por mais que seja sincero, seria burrice se o Chrome desmentisse a história do Ukyo, isso só exporia seus companheiros. Além disso, o Chrome não viu quem o entregou a bateria, então o arqueiro não se expôs naquele momento.
O contato direto e aberto com o Senku ocorreu apenas quando ele desejou e de uma maneira que logo deu a entender suas intenções, mas não que seria fácil convencê-lo. Apesar de que a gente sabia que seria, pareceu ser, mas de toda forma seria ilógico se ele não se convencesse, né?
E eu acho que essa foi justamente a grande sacada da história dele, a condição que ele impôs ao Senku e que o distingue de caras como o Tsukasa e o Hyoga. O próprio Gen não é tão “bonzinho” quanto o Ukyo, que quer impedir a carnificina por saber o peso de uma vida.
Na verdade, por saber o peso de uma morte na vida de quem a vê se desenrolar na frente de seus olhos. O Tsukasa reuniu figuras hábeis que concordavam com sua ideologia, ou melhor, que demonstravam aceitar suas ideias, ainda que fosse apenas para sobreviverem ali,
Foi o caso do Ukyo, que pode parecer um covarde ao ter esse tipo de atitude, mas, sejamos realistas, que outra saída ele tinha que não se juntar ao Tsukasa? Não acho que o vilão o mataria nem nada do tipo se ele recusasse, mas de fora é que ele não conseguiria salvar nenhuma vida mesmo.
O advento do Senku como grande força opositora a ideologia do Tsukasa fez valer a pena a decisão do Ukyo e o colocou em uma posição privilegiada para ajudar com os planos do herói, que pode ter encontrado uma “facilidade” nesse auxílio, mas, sejamos razoáveis…
Em um Império no qual a regra é matar aqueles que não se encaixam na ideologia daquele no comando não é estranho que existam pessoas descontentes com isso, como também não é estranho que mesmo assim essas pessoas decidam participar por uma questão de sobrevivência.
Então, tudo bem se você achar que é um artifício de roteiro, mas acho que quando faz sentido essa ideia do artifício perde a força comigo porque se a gente for questionar todas as saídas narrativas e classificá-las como convenientes, preguiçosas, ruins fica difícil aproveitar a história.
Enfim, nem tudo são rosas em Dr. Stone e se curti toda a bondade do Ukyo, não posso escrever o mesmo sobre seu “meio intermediário”, pois não me agrada a ideia de que mesmo após despedaçado um ser humano possa voltar a vida, ainda que estivesse em estado de pedra.
Mesmo que a argumentação do Senku tenha alguma lógica (tem?), quando chega a esse ponto me parece fantasioso demais até para Dr. Stone que se baseia em ciência, mas muitas vezes dá uma enfeitada. Além disso, repito, essas mortes não serem reversíveis não seria melhor?
Até agora coadjuvantes morreram e ainda devem morrer mais, então por que não manter essas pessoas mortas? Seria bom para dar peso a narrativa, o mínimo visto que nem se tratam de personagens ativos, o que nem poderiam ser, afinal, são estátuas de pedra.
Deixando de lado mais um descontentamento meu com mais uma bola fora da série, outra coisa que também gostei bastante nesse episódio foi a caracterização do Tsukasa e do Hyoga, pois enquanto um é um assassino, mas tem um claro código de ética, o outro é pior ainda que ele.
Isso ficou evidente com a forma como o Tsukasa lidou com a suposta morte do Yo, enquanto o Hyoga demonstrou claramente não ligar. Mas sim, o mais importante foi ele ter descoberto o telefone quase que na base da sorte, o tipo de reviravolta que o anime permitia.
E assim foi melhor porque, vamos combinar, se for tudo muito fácil não vai ter a menor graça. Não faltam muitos episódios para o fim desse arco e da temporada, mas uma coisa é certa, anda falta um algo a mais sobre o vilão, assim como vermos ele sendo “convencido”.
Não importa se vai ser na base da violência ou na base da ciência? Importa sim, então vamos ver como o Senku conseguirá derrotar o Tsukasa não só com a tomada da caverna dos milagres, como também com a imposição da ideologia do herói sobre a ideologia do vilão.
Por fim, foi outro bom episódio mesmo que Dr. Stone tenha se perdido um pouco com a intenção por trás da missão secreta desempenhada pela X-Women da Yuzuriha, e não tinha muito mais no que enrolar, já estava na hora de um confronto direto entre os dois artificies dessa trama.
E dessa vez até que sem tanto exagero do Senku, pois ele citou artigo científico sobre algo que pode parecer um pouco exagerado, mas faz todo o sentido em uma missão cujos objetivos são a não agressão e a conquista de território, o que seria dificultado por qualquer reação lógica de quem está do outro lado.
Mas a gente sabe que o Tsukasa vai aparecer na caverna e a treta deve se desenvolver ali mesmo. Faltam quatro episódios até o fim, vamos ver como a guerra entre a ciência e a negação da ciência vai terminar.
Até a próxima!