Fena: Pirate Princess (Kaizoku Oujo) é um anime original da plataforma de streaming Crunchyroll em parceria com o bloco de animação noturno do Cartoon Network, o Adult Swim. A produção ficou a cargo do estúdio Production I.G (Ataque dos Titãs, Ghost in the Shell, Mahou Tsukai no Yome, Kaze ga Tsuyoku Fuiteiru, B: The Beginning) e terá 12 episódios, tendo estreado com dois deles há alguns dias na Crunchyroll.

Segue abaixo a sinopse disponibilizada pela plataforma:

 

“A jovem órfã Fena Houtman foi criada em uma ilha onde não há esperança de se tornar algo além de um “bem material”, para ser usada e descartada pelos soldados do Império Britânico. Mas Fena é mais do que apenas uma órfã impotente. Quando seu passado misterioso vier à tona, Fena quebrará as correntes de seus opressores… Seu objetivo? Criar uma nova identidade, livre da escravidão e procurar um lugar aonde ir e descobrir os verdadeiros mistérios por trás da palavra “Eden”. Uma história da aventura que Fena e seu grupo de desajustados e aliados improváveis terão em busca de seus objetivos!”

 

Fena demorou a estrear, mas a demora valeu a pena? Creio que sim, afinal, não dava para esperar nada de muito inovador pela sinopse, mas o que cativa nesse anime é sua qualidade técnica e ritmo cadenciado, além da personalidade de alguns personagens, principalmente da heroína, Fena, que é muito divertida e simpática, em contraste com seu interesse romântico, seu amigo de infância e fiel escudeiro, Yakimaru.

Além disso, a qualidade da animação é excelente, e auxiliada por uma boa trilha sonora e belas músicas de abertura e encerramento (JUNNA canta a OP, Umi to Shinjuu, e Minori Suzuki a ED, Saihate) fica ainda mais fácil se deixar levar pelo anime, que trata com bom jogo de cintura mesmo assuntos sérios como prostituição e o cerceamento da liberdade. Fena cresce jogada a um destino horrível, afinal…

Mas isso muda e se pensarmos que a cena inicial dela sendo “salva” por seu amigo, Yukimaru, se trata justamente de uma separação a fim de protegê-la, é razoável a revelação que vem com o segundo episódio, que ela tem uma família (na verdade, uma ilha toda) como suporte a ideia de seguir a jornada de seu pai. Fena teve dez anos de sua vida “roubados” e ainda precisa realizar os feitos dos outros, é mole?

Se unirmos isso a caracterização da heroína dá para entender porque a história não foge do lugar comum. É sério, parece que eu já vi animes como Fena várias vezes antes (ainda que nem tenha visto). Em compensação, repito, a direção e o roteiro fazem um bom trabalho em tentar ganhar o público através da personalidade da heroína e de pequenas sacadas cômicas que tornam a experiência mais divertida que dramática.

A ajuda que ela recebe mesmo, primeiro dos velhos e depois dos guerreiros, é compreensível dado o estagio inicial em que ela estava, ainda sem entender a jornada que a envolvia e da qual ela só poderia tomar partido após sair de onde vivia, tanto que ao chegar a ilha Goblin não demora muito e ela toma uma decisão, corta o cabelo (um ato simbólico de mudança) e decide perseguir aquilo que parece ser o legado do pai.

Assim começa a jornada de Fena, uma aventura que vai percorrer o mar (afinal, eles partem de barco), deve contar com ao menos um bocadinho de ação (não à toa vários guerreiros partem com ela) e não foi esmiuçada em detalhes nessa estreia no que considerei uma decisão acertada de apresentação. Os detalhes devem ser dados aos poucos para instigar a curiosidade do telespectador a cada episódio, a cada pequena revelação.

Porque, convenhamos, tem muita coisa sobre esse anime que é fácil de supor, algumas inferir. Nesse caso, me refiro principalmente a relação da heroína com o “tsundere” Yakimaru. Entre aspas mesmo porque, apesar de “bater” na garota, tendo a achar que ele não é tsundere, só se culpa pelo que aconteceu com ela, pelo “salvamento” que ele deu a entender interpretar não como uma coisa boa, mas sim ruim.

E isso faz sentido, afinal, ela perdeu o pai, passou dez anos longe dele e seria obrigada a se deitar, até casar, com um desconhecido não fosse a ajuda que recebeu. Aliás também gostei disso, de como ficou claro que ela não tinha outras alternativas, pois dadas as circunstâncias de seu passado não foi mirabolante ela ser resgatada como seria se tivesse fugido sozinha diante das circunstâncias “complexas” em que estava.

E não estou aqui querendo dizer que prefiro heroínas frágeis, é que faz mais sentido apreciar o desenvolvimento da personagem se ela partir da estaca zero como aconteceu na estreia. Inclusive, a pequena katana que o Yukimaru a dá também deve ser um símbolo disso, de que para ser forte, para se tornar forte, ela vai precisar lutar não só no sentido figurado, mas um pouco no sentido literal também. Pelo menos um pouco, né.

No meio disso tem a busca por entender o que significa “Eden” e a pedra que o pai deixou. Pelo menos fica claro que a viagem que ele fazia tinha a ver com isso, o que deve dar um norte a Fena e facilitar a recuperação de alguma memória que a ajude. Além disso, a jornada deve ser boa também para abrir o coração do Yakimaru e aproximar esses dois personagens que claramente estão destinados a ficarem juntos no final.

A jornada deve ajudar Yakimaru a se perdoar por não ter conseguido protegê-la, enquanto para Fena será um reencontro com suas origens e uma experiência de amadurecimento necessária para alguém que já conseguiu bastante em 10 anos, afinal, tem uma personalidade ótima para quem passou tanto tempo sendo pronta para o “abate”. Tenho certeza de que dará tudo certo no final e acho que o anime será bem divertido.

Por fim, indico que assista Fena: Pirate Princess? Sim, pois apesar do anime não ter nada de inovador, ele é tão bem feitinho que fica difícil não curtir e querer ver até onde essa história pode ir. Aliás, para um anime original achei ótima a primeira impressão que ele passou, pois dosou bem seus elementos e não deixou de oferecer divertimento e criar o mínimo de expectativas, necessárias em qualquer aventura que se preze.

Até a próxima!

  1. O submarino ao final do segundo episódio que achei ter estragado tudo. Sem mais aquela, uma aventura “capa e espada” com piratas e samurais (do famoso clã Sanada, observe-se) dá uma guinada pruma jornada… steampunk?…
    Mas realmente é um desenho bonito e bem animado. (Só o submarino… pfff!)

    • Pior que disso eu gostei, apesar de ter esquecido de citar no artigo, porque foi algo diferente sabe, pra tentar dar uma variada de história de pirata mais padrão. Como não sou dos mais entusiastas de histórias de piratas não me incomodei.

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