Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru – Apoiando os gostos um do outro – Primeiras impressões
Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru (My Dress-Up Darling) é um anime do estúdio CloverWorks (Darling in the FranXX, The Promised Neverland, Bunny Girl Senpai) que adapta o mangá de Shinichi Fukuda. Segue abaixo a sinopse da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).
“Desde criança, Gojo Wakana esteve dedicando o seu tempo para melhorar suas habilidades como um artesão de bonecas hina. Por conta disso, Wakana ainda não conseguiu fazer nenhuma amizade no colegial por receio do seu hobby ser considerado incomum e esquisito para outras pessoas. As coisas mudam quando ele se sente tocado pelas palavras de Marin, uma linda e popular colega de classe que não tem vergonha de assumir que é otaku!”
Antes de mais nada, você vai ter que concordar comigo, a abertura desse anime tem uma animação soberba, com muita fluidez, consistência e cores vibrantes, além de uma música agradável aos ouvidos, assim não tem como não se deixar cativar e comprar a ideia logo de cara.
Além disso, o ritmo da história, a forma como os acontecimentos são distribuídos ao longo do episódio e a preocupação em deixar tudo amarradinho sem prejudicar o envolvimento do público com os personagens tornaram essa estreia praticamente perfeita aos meus olhos.
Mesmo com os momentos mais cringes do protagonista você consegue se relacionar, afinal, você pode não ter sido ou não ser tipo de pessoa, mas com certeza conheceu alguém que falava com seus bonecos, livros ou qualquer outro objeto do qual gosta.
Aliás, esse é o tema forte por trás das personalidades dos protagonistas, pois enquanto a Marin é assertiva e segura sobre seus gostos, o Wakana é exatamente o oposto. Ambos apreciam o respeito aos seus hobbies e respeitam os hobbies alheios, sendo parecidos por isso.
Ainda assim, é inegável que é muito mais difícil respeitar e apreciar a paixão do Wakana pelas bonecas hina que a paixão da Marin por animes e mangás. Não que otakus não sofram preconceito no Japão, mas além de ser assertiva sobre o que sente, ela é linda e é uma gyaru, ela é badass.
Já o Wakana, coitado, sente dificuldade em fazer amigos desde o evento traumático da infância que é bem destacado nessa estreia. Não sei se essa amiguinha de infância dele vai reaparecer, não sei se ela mudou de ideia, mas sei que para alguém tímido ser rejeitado assim é um baque.
Então sim, eles estão nas extremidades do mesmo caminho, sendo para ele mais difícil acessar o mundo dela, enquanto para ela é até fácil dizer a ele o que fazer de diferente. Mas é fácil assim porque ela é uma boa menina, uma garota sincera, gentil e que age de acordo com o que prega.
Trabalhar a heroína com esse tipo de personalidade, fazendo com que a compreendêssemos não só pelas palavras que profere, mas também por suas atitudes, fez com que minha boa vontade com ela fosse instantânea. Ser linda ajuda, não posso negar, mas ela é muito mais do que isso.
Na verdade, o anime é muito mais do que isso como um todo, afinal, tecnicamente é excelente. Não vou cansar de elogiar a fluidez da animação nessa estreia, que foi um fator diferencial na tentativa de explorar a expressividade das personagens através de seus movimentos, caras e bocas.
A cena da Marin declarando seu desejo de fazer cosplay esbanja fluidez que não é sob qualquer aspecto desnecessária, afinal, fazia todo sentido que a garota se emocionasse, pulasse de alegria, se soltasse ainda mais. E não só isso, também fazia todo sentido que ele acatasse o pedido dela.
Uma das coisas mais legais do roteiro foi o espaço dado as reflexões do Wakana, que justificam suas dificuldades de socialização e explicam o motivo para ela se sentir tão cativado pela figura altiva, e extremamente respeitosa, da heroína. Eles são lados diferentes da mesma moeda.
Por um momento a plasticidade do primeiro contato deles me fez pensar no encontro predestinado clichê que logo reúne os pares, mas não foi bem isso o que vimos. A Marin chamou mais a atenção dele pela conversa com as amigas, na qual ele prestou atenção após ter falado com ela.
O momento seguinte, na limpeza após a aula, veio na esteira disso, mas foi diferente por ter sido um conselho direcionado ao próprio Wakana, e que reforçou a construção da personagem como alguém muito digna e perceptiva. A cereja do bolo veio com a cena na sala do depósito.
Imagino que um kashirashi de bonecas hina não ganhe essa grana toda, então faz sentido ter uma máquina de costura velha prestes a quebrar a qualquer hora em casa, e que essa máquina seja de uso do neto que persegue os passo do avô, mas ainda é incapaz de executá-los plenamente.
Inclusive, essa estreia me fez pensar nisso, que a dificuldade do Wakana em criar rostos de bonecas hina se deve a seu envolvimento quase nulo com os outros. Ele não tem amigos, nem namorada e mal tem família (os pais e a avó já morreram), não tem ninguém em quem se basear.
Isso tende a mudar com a amizade dele e da Marin? Eu acredito que sim, afinal, vai expandir seus horizontes, ter contato com outras pessoas, viver novas situações, experimentar os sentimentos de uma pessoa em primeira mão. Em um episódio o anime deu muito para a gente pensar.
E tudo funcionou tão bem já nessa estreia pela forma natural como a ligação entre os dois foi sendo tecida, tanto que na terceira vez em que interagem estava na cara que ela não iria caçoar dele coisa nenhuma. A impressão dele e o bait que a direção jogou só engrandeceram a cena.
E ela, como todos os momentos dessa estreia, foi muito favorecida pela fluidez da animação, que jorrou vida para a tela, fazendo florescer toda essa emoção adolescente à flor da pele, o tipo de coisa que todo mundo que tem um hobby entende. O tipo de coisa que nós entendemos.
E é a fim de preencher as lacunas dessas personalidades joviais e bastante cativantes que a sexy e simpática Marin vira companheira de cosplay do talentoso e inseguro Wakana. Aliás, até o ecchi do anime acaba sendo um complemento a essa pegada despojada adolescente.
A Marin é uma gyaru, eu não entendi errado, né? Sendo assim, entendo o jeito mais largadão dela, mas não vulgar, e entendo o Wakana, um jovem que sequer tem amigos, se deixar meio que hipnotizar por seu charme. Além de que, convenhamos, quem resiste a uma calcinha, né?
Digo, que garoto colegial resistiria a um vislumbre de calcinha de uma garota colegial tão atraente? E não estou dizendo que ele decidiu ajudá-la por isso não, mas esse é também um dos fatores que atraem homens desde sempre, ainda mais nessa idade em que ele está.
Uma boa narrativa deve comportar todas essas nuances e não negá-las. Nessa estreia Sono Bisque Doll deu toda a pinta de que pode fazer isso. É claro que é mais fácil preparar uma boa estreia que escrever uma história consistente e boa até o fim, mas sem um não há de haver o outro, né.
O que mais posso elogiar? Que tal o encerramento extremamente charmoso e de bom gosto? Eu não estava esperando pelos protagonistas em suas formas chibis e uma música tão fofinha, mas acho que encaixou bem demais, quase como se potencializando a empolgação da última cena.
O anime não inventou a roda em absolutamente nada que fez, mas não precisava, bastava compreender a proposta e entregar o melhor possível. Acho que isso foi feito. A animação ajudou horrores, mas mesmo se fosse terrível não apagaria os méritos do roteiro nesse tiro curto.
Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru é um dos slice of life/romcom mais promissores da temporada e se você tiver o que corrigir desse episódio diz aí nos comentários para eu cair de pau nos argumentos e te convencer de que você está errado, pois essa estreia foi praticamente perfeita sim!
Até a próxima!
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