Como é costume aqui no blog, após o término do anime que comentamos nós fazemos a resenha sobre a obra (lembrando que nós também fazemos resenha de animes que não foram comentados semanalmente) e confesso que refleti um pouco sobre o que eu ia escrever sobre Darling. De todos os animes que foram lançados esse ano, podemos dizer que ele é um dos mais conhecidos, se não o mais conhecido (e eu me refiro apenas aos novos animes). Por isso, desde o começo havia grandes discussões sobre todos os aspectos do anime e com algumas polêmicas na metade, as proporções se tornaram grandes até demais. Durante essas 26 semanas eu absorvi muito conteúdo sobre (seja análise da obra ou alguns personagens específicos) e sinceramente vi muita, mas muita teoria sem qualquer sentido, conteúdos bons que agregaram pensamentos interessantes e outros que apenas tinham críticas negativas sem nenhuma justificativa decente. Por isso, espero conseguir transferir minhas opiniões sobre a obra. Com isso em mente, você está pronto querido?

Vamos embarcar nessa aventura, Darling!

Darling inicialmente tem uma temática baseada em mechas. Todos esperavam que fosse um anime de robôs que teria o selo de qualidade dos estúdios Trigger e A-1 (seja para o bem ou para o mal). Serei franco, essa obra era a minha grande aposta para a temporada e até mesmo para o ano, e apesar de amar esse anime, tenho minhas reclamações e decepções. A primeira delas é simples: como mecha, Darling é um belo romance. Tínhamos os pilotos, os inimigos, as máquinas, simplesmente tudo para dar certo como um mecha que poderia se tornar um clássico, mas no fim não tínhamos combates (não como poderia ou deveria). O verdadeiro foco de Darling não são robôs gigantes lutando por aí e sim o crescimento de “crianças” presas em uma gaiola. Aliás, não é apenas o desenvolvimento, mas todo um conjunto de descobertas, escolhas e tentativas que essas crianças acabam ganhando a liberdade de fazer conforme a história progride.

Fora isso, a obra possui um mundo complexo, cheio de mistérios e detalhes que se tornam importantes futuramente. De um lado você tem o planeta Terra devastado e a luta do resto da humanidade pela sobrevivência, do outro um inimigo que indica ser o grande vilão que precisa ser derrotado. No meio disso tudo temos os personagens principais: Hiro (016), Zero Two (002), Goro (056), Ichigo (015), Zorome (666), Miku (390), Ikuno (196), Futoshi (214), Mitsuru (326) e Kokoro (556). Eles são parasitas e em pares pilotam os FranXX para proteger a plantação 13 (sua casa) dos urrossauros.

Partindo para a primeira polêmica: as posições dos pares no cockpit dos FranXX. Bom, assim como todos pensaram que o anime teria um grande foco em mechas, após ver as posições dos parasitas e juntar com uma cena ou outra que havia acontecido até então, muitos vieram dizendo coisas como: “Olha esse ecchi, que anime ridículo que fica apelando para referências sexuais e… Vou parar de ver esse lixo”. Sim, sem sequer entender os motivos, as causas e tudo que envolvia aquela forma de pilotar, as críticas que já existiam se tornaram ainda mais frequentes (e toscas).

Crescer não é fácil, né?

Do começo ao fim Darling in the FranXX sofreu com condenações de quem sequer procurava entender aquilo que estava assistindo. Eram críticas atrás de críticas e poucos se davam ao trabalho de tentar compreender o que estava acontecendo, ainda mais quando não tínhamos informações o suficiente para tirar alguma conclusão mais profunda. Por outro lado, o anime não se ajudou por um bom tempo, afinal, o ritmo em que as respostas vinham era lento demais e quando finalmente chegavam, mais dúvidas surgiam. E sabe qual foi o preço disso no final? Não responderam tudo aquilo que tinham utilizado (claro que muita coisa não precisava explicar) e pior, quando precisaram inserir uma resposta mais brusca e que mudaria o rumo da história, o anime virou uma loucura total.

Podemos dizer que a Zero Two teve um “casamento” explosivo por conta desse “buquê”?

Convenhamos, você não constrói um prédio sem alicerces e muito menos sem preparar o terreno. Darling construiu um prédio que poderia ser extremamente interessante mas esqueceu de preparar o terreno, e por isso para muitos a construção desabou sem chance alguma de ser reconstruída. A aparição dos VIRM e dos urrossauros humanoides foram impactantes e poderiam ter sido uma ótima adição se ao menos tivéssemos explicações melhores sobre a situação. Não era necessário dar detalhes completos mas que ao menos nos dessem o básico para que a surpresa não fosse grande demais a ponto de virar algo negativo. Sinceramente eu até entendi a questão dos urrossauros humanoides, da Terra e dos humanos, mas a forma como tudo isso foi jogado para o(a) espectador(a) passou longe do ideal. Foram quase 20 episódios de desenvolvimento sobre a estadia da humanidade na Terra para do nada surgir a história da civilização dos urrossauros, sua luta e extinção. Os urrossauros apareceram do nada e contaram a verdade sobre tudo para no fim passar o bastão para a humanidade.

Ao menos usaram de forma interessante a metáfora do pássaro do começo ao fim

Como se tudo isso não bastasse, tivemos outros momentos que foram bem polêmicos sem tanta necessidade. Algo que chama a atenção em Darling é a forma como trabalharam nas personalidades de cada personagem. Eles não são simplesmente genéricos, mas possuem pensamentos, ações e atitudes que são reais num ponto onde você acaba se identificando de alguma forma. Na primeira grande polêmica, tivemos inúmeros xingamentos injustos contra Kokoro, que apenas seguiu o que seu coração desejava. Infelizmente eu também cometi esse erro inicialmente por conta de alguns spoilers mas depois de uma ótima discussão no discord do blog (já entraram nele?) e uma reflexão baseada no episódio por inteiro, percebi o meu erro e entendi devidamente a situação como um todo. Tivemos também a polêmica da Ichigo contra a Zero Two, tendo como principal culpado o protagonista, Hiro, como mencionado no artigo do episódio 14. Todas essas polêmicas eram frutos da construção que os personagens tinham e que infelizmente muitos não quiseram entender.

Essa foi uma questão interessante que teve sua importância o tempo todo

No fim Darling conseguiu agradar de alguma forma. Deixou a desejar, é verdade, mas acredito que se tivesse mais episódios poderia ter sido desenvolvido de uma forma melhor. Ao menos temos o mangá como consolo e espero que o mesmo possa consertar alguns detalhes. Foi uma obra que fez jus à grande atenção que recebeu e apesar das inúmeras comparações (algumas delas sem sentido) com outros animes, não vejo problema algum eles terem tido essa ideia. No mais, eu recomendo Darling in the FranXX. É uma obra que foi limitada por conta de sua duração mas que conseguiu entregar algo emocionante, interessante, cheio de simbolismos bem pensados, ainda que tenha defeitos que não podem ser ignorados.

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