World Trigger 3 – ep 12 e 13 – Quem sabe faz ao vivo e com estilo
No episódio anterior levantei várias teorias sobre o que poderia acontecer nessa luta decisiva, inclusive questionando o quão longe o autor poderia ir, para deixar esse momento épico para a Tamakoma-2 – em seu último tiro de sorte. E não é que o cidadão me surpreendeu com as reviravoltas dos personagens e suas manobras?
Primeiramente, queria mencionar que gostei muito de como o episódio fluiu, sendo rápido, prático, explosivo e com diálogos curtos, era isso que eu precisava numa batalha grande e cheia de ases. Se antes a queixa é que estavam começando a exagerar nos episódios expositivos, nesses dois o anime lavou a nossa alma, não só pelo dinamismo como pela produção caprichada que vem marcando as temporadas mais recentes – que animação linda e digna de elogio.
Continuando, bem que eu achei muito providencial aquele cenário do Hyuse, tanto para os inimigos como para a primeira estratégia dele. De fato ele quis arriscar exatamente o que pensei, uma explosão total que levasse quantos fossem possíveis naquela área. Aqui foi o momento onde percebi que o autor de fato mostrou sua coragem, deixando visível que não tinha medo de jogar o neighbor para fora do jogo.
Penso que é realmente aquela história, a Tamakoma precisava se provar sem depender do poder do rapaz. Eles sempre foram em três e aos trancos e barrancos conseguiram bons resultados, mas a adição do Hyuse meio que abre um abismo em nível de força e em número – já que são poucas as equipes que contam com 4 membros.
Obviamente que os agentes de forma individual ainda tem muito poder e habilidade, como já mostrado antes nos duelos que o neighbor teve por aí, mas convenhamos que ter três pessoas basicamente “overpower” e um capitão extremamente inteligente, é covardia em cima dos outros.
O primeiro “round” da batalha também mostra como o Hyuse é capacitado e resistente, pois mesmo numa situação difícil e cheio de danos, ele conseguiu levar o Ikoma consigo, desestruturar os outros inimigos e dividi-los em trechos. Talvez para ele só ter tirado o Ikoma não representasse muito – vide o orgulho e a experiência do personagem como soldado de guerra -, porém falando de forma pratica, ele praticamente eliminou o terceiro maior perigo dali.
Para quem se lembrar, Ikoma além de um combatente notável pela sua agilidade, capacidade de improviso e alcance, foi o sobrevivente da última luta contra a Tamakoma-2, essa que apenas venceu por ter pontuado mais que os rivais na época. Se não fosse o resultado geral em pontos, eles teriam perdido bonito, então tirar ele do cenário antes que as coisas ficassem piores com Yuba e Ninomiya em campo, foi uma tacada de mestre.
A eliminação dele também teve o importante papel de despertar a Chika de vez, já que ela ainda estava contida até perceber que poderia prejudicar a equipe se não agisse. O nervosismo dela poderia desestabilizar, mas o Hyuse soube ser preciso até mesmo nisso, deixando a menina se acalmar e dando o incentivo que ela pedia para sair chumbando todos de vez.
Curiosamente, ainda tem um certo resquício de aflição na personagem, uma vez que ela se sentiu aliviada por não ter sido a responsável pela eliminação do Tonooka – ainda que tenha ajudado bastante. Isso prova que a mudança dela ainda tem passos a dar e isso é perfeitamente natural, afinal medos não se retiram da noite para o dia, mesmo com a força do roteiro – então agradeço que tenham tido esse cuidado.
Confesso que também fiquei com pena do Esquadrão Ikoma, por ter sido eliminado de forma tão rápida, ainda que estivessem aproveitando bem as oportunidades de tomar pontos. Na verdade sendo honesto, o embate me deu a nítida impressão de que o time era o menos “pensante” dos quatro que estavam ali, pois se deixavam mais expostos que os outros, ainda que fossem ótimos oportunistas.
Falando em pensamento e oportunidade, queria elogiar o potencial da Obishima, que não só se mostrou uma lutadora altamente capaz em vários pontos, como alguém de um raciocínio muito rápido, conseguindo administrar muito bem a sua situação frente a dois inimigos. Ela poderia ter se aliado ao Kai e partido contra o Kuga, mas admiro a confiança que ela teve para desafiá-lo sozinha e eliminar o possível aliado temporário para garantir ao menos 1 ponto.
Acredito que se o Kuga não fosse tão monstruoso, a menina podia ter tido uma chance, porém como ele é, ela sobrou. Do outro lado, enquanto ela tem a coragem de bater direto, o Osamu teve a coragem de permanecer as sombras fazendo suas manobras, o que salve a Obishima e a divisão do esquadrão Ninomiya, não surtiu efeito direto.
Imagino que muita gente deva estar aborrecida pensando que o protagonista mais uma vez fará pouco – e talvez faça bastante, não sabemos -, mas sinceramente gente, eu acho que temos que começar a apreciar o nível de realismo de World Trigger e os diferenciais que ele tenta trazer para o protagonismo da obra.
Pessoalmente não vejo problema no fato do Osamu ser mais uma mente pensante do que um combatente feroz, acho que o problema maior é que infelizmente por mais que ele descubra novos caminhos para se aperfeiçoar, é como se seus amigos crescessem exponencialmente em cima dele.
Se o Osamu consegue com muita luta melhorar suas habilidades em 40%, os outros lutadores melhoram 80%, então não é que ele só seja fraco, e sim os outros que conseguem evoluir num nível mais alto – graças ao trion que tem. Quem já viu as lutas entre as mesmas equipes em fases diferentes, percebe como a cada desafio cada um aparece com novidades, então vamos parar de aflição com o protagonista – um dia ele vai chegar lá, tenham fé.
Bom, guardei agora para o final o melhor dos dois momentos, Ninomiya e Yuba – quem assistiu sabe do que falo. Os dois capitães deram um verdadeiro show de poder bruto e habilidade, em especial o primeiro.
Yuba me ganhou pelo jeito carismático e sua personalidade direta, assim como pela determinação em bater de frente com time do seu rival diretamente e sozinho – com Osamu e Chika dando um suportezinho pelas sombras. Acredito que ele estava fadado a perder independente do que acontecesse ali, mas se ele não ganhou, ao menos deixou sua marca em uma das melhores sequências de ação que já vi.
O Esquadrão Ninomiya por sua vez é o grande destaque até aqui – daí estarem na capa -, já que são incríveis sozinhos e melhores ainda quando unidos. Não é a toa que esse pessoal se sagra no topo do rank e sem qualquer chance de risco, pois são um grupo de elite que se coordena muito bem, sabendo a hora de agir e a hora de fugir.
Inukai serviu como uma grande distração o tempo inteiro, já que sua força o permitia rivalizar com todos os adversários de forma que ele praticamente não se expôs hora nenhuma e atrapalhava muito. Tsuji permaneceu “invisível” boa parte do tempo, mas quando apareceu, foi preciso em seus abates e na sua função de escudo do Inukai.
No entanto, dentre essas peças de poder considerável, quem se sobressai é o capitão e esse dispensa apresentações, já que sua performance destrutiva e estilosamente calma, diz tudo. Fiquei impressionado como Ninomiya quase não se moveu a luta inteira e mesmo assim se impunha como a maior ameaça ali, pressionando a todos apenas com alguns leves movimentos de mão.
É engraçado como alguém que é visto como uma pessoa mais emocional do que racional, demonstra tanta frieza e inteligência em um cenário caótico daqueles. Mesmo para eliminar o seu grande rival Yuba, o rapaz sequer se coçou ou moveu uma sobrancelha do lugar.
Me pergunto como o fim desse confronto vai se equilibrar, considerando que temos dois times com três lutadores cada, e ambos intactos. O último episódio promete algo ainda mais elevado e estou animadíssimo para ver o resultado, porque agora a Tamakoma pode lavar a honra pela última derrota humilhante contra Ninomiya.
TRIGGER ON!