Shokei Shoujo no Virgin Road (The Executioner and Her Way of Life) é um anime do estúdio J.C.Staff que adapta a light novel escrita por Mato Satou e ilustrada por Nilitsu. Segue abaixo a sinopse que traduzi e adaptei do HIDIVE (streaming oficial do anime).

 

“Quando Menou, uma Executora de perigosos viajantes de outro mundo, os “Lost Ones,” encontra uma Lost One chama Akari, que pode enganar a morte, ela parte em uma missão para matar a garota imortal, mas novos e confusos sentimentos podem se colocar no caminho de sua lâmina.”

 

Quem é invocado para outro mundo no meio de uma refeição? Só isso já dá uma noção de como o invocador não está nem aí para a vida do invocado ou denota a falta de sofisticação do procedimento. Melhor, a tentativa de enfiar comicidade onde dava, pois a história é tensa.

A sinopse desse anime me pegou de cara, e a execução dela não traiu minha expectativa. Desde a primeira cena até o “plot twist” o anime nos passa a sensação de que tem alguma coisa muito errada naquele mundo, o que começamos a entender com o desenrolar do episódio.

Por exemplo, a princípio fiquei me questionando o porque de enxotarem o rapaz sem mais nem menos ou da Menou matá-lo em um lugar distante da cidade. Durante essa estreia essas e outras dúvidas foram sanadas, além de pontos de especulação criados.

Mas antes de chegar neles, posso dizer que gostei dos detalhes distribuídos ao longo da interação da Menou com sua vítima, os quais me chamaram a atenção em alguns momentos. Por exemplo, se ela faz parte da casta mais alta desse mundo, por que teria uma igreja caindo aos pedaços?

Além disso, o próprio descarte do invocado era na verdade uma armadilha para emboscar executoras naquilo que pareceu ser uma guerra velada entre castas. Os Faust querem exterminar os invocados, os Noblesse querem o poder do grupo religioso.

Em meio a isso temos Menou, que, igual qualquer Executora, se apresenta como uma Sacerdotisa pura e forte, mas na verdade é perigosa, tem a tarefa de acabar com a vida de quem, como o flashback da própria bem mostra, tem a capacidade de trazer graves prejuízos a sociedade.

O problema é que o mesmo episódio mostra que a influência dos viajantes de outro mundo vai além disso, tendo peso na língua, na cultura, na tecnologia; na vida em geral dos nativos, o que pode ter sido imposto ou nocivo em algum momento, mas claramente não é só isso.

Sendo assim, cai no colo de quem os assassinatos? Dos Faust, que são quem os executam. Agora, por quê? Eles já tentaram manejar a situação de forma diferente? Ou algum desses viajantes já blasfemou em nome do deus deles? Por que a solução do problema é tão extrema?

Enfim, por mais que o flashback da heroína dê a entender que o perigo dos viajantes justifica essa linha de ação, espero mesmo que o anime vá mais a fundo na questão e com isso traga questionamentos a esse modus operandi, mesmo que elas não deixem de matar no final.

A tendência é essa quando a sinopse, o trailer e o próprio episódio de estreia dão a entender que a Menou criará uma relação com Akari, a outra invocada, até porque ela não morre. De outra forma, seria assassinada rapidamente. Menou não demonstra hesitação.

Aliás, o sonho que ambas compartilham, cada uma com sua própria versão, é mais do que evidência de que uma relação peculiar se desenvolverá entre as duas e que ela talvez seja o meio-termo do qual estava falando. Todo invocado deveria ser assassinado mesmo?

Quanto a outros pontos, nem vou me perguntar porque os invocados são só do Japão, acho mais interessante levantar a questão, são apenas invocados que vão parar nesse outro mundo? Não há casos de reencarnação ou invocações que não feitas pelos Noblesse?

Além disso, por mais que a reação do garoto tenha dado a entender certo deslumbre ao descobrir o poder aterrador que tinha, será mesmo que ele faria algum mal a alguém? O mesmo vale para a Akari, se ela é “apenas” imortal, no que isso poderia prejudicar alguém?

Deixando esses questionamentos de lado, apesar de ter sido uma quebra forte, gostei da introdução da Momo na trama, de como ela traz um alívio cômico, até absurdo, a uma história que poderia ter ficado muito em um mesmo tom sem isso.

Inclusive, sua personalidade e suas ações, principalmente elas, ajudaram a construir a ideia de que matar para elas é normal, cotidiano. Já a luta que se segue, entre elas e os guerreiros dos Noblesse, vem para dar uma cara ao conflito de classes que compõe o pano de fundo.

Questiono um pouco o envio de apenas cinco camaradas quando a Menou se demonstrou tão mais forte, tal qual sua mestra, que no flashback aparece toda badass, mas é mais que isso. As engenhocas que criou, o treinamento e o legado denotam o quanto ela é “forte”.

Uma força que vai além da capacidade de manipular ether ou matar, uma força de quem, provavelmente, também passou por muito sofrimento na vida. O mesmo aconteceu com a Menou ou ao menos foi o que o flashback de seu “ponto de partida” deu a entender.

Acabou que gostei de como apresentaram a heroína, do tom em que seu ofício foi abordado, além do conflito vigente, tornando os atos de execução dos Faust mais que meros assassinatos. Há todo um contexto sócio-histórico para justificar as coisas. Vamos ver até onde irão aprofundá-las?

Por fim, achei essa estreia ótima, pois a história foi trabalhada com seriedade, mas comicidade na horas certas, muita informação foi dada, mas ainda há espaço para aprofundar vários pontos. Mal posso esperar para ver como a relação entre as heroínas, Menou e Akari, vai se desenrolar.

E ah, não sei se você percebeu, mas nas duas mortes de viajantes mostradas, em ambas há um efeito colateral do ataque mortal que sofrem. Será que isso tem a ver com a violência de suas mortes? Me pareceu, pelo menos no caso do garoto, uma reação instintiva, não racional.

Além disso, entenderia matar todos que se excedessem, não qualquer um independentemente de ter tido uma oportunidade de provar sua índole. Será que o poder de um Lost One necessariamente o torna um ser perigoso ou a Akari será um exemplo do contrário? Veremos.

Só para fechar, também curti as cenas de luta, seja pela trilha sonora ou animação. Tecnicamente não foi deslumbrante, mas o J.C.Staff entregou. A OP da Mili (Paper Bouquet), que faz de ED no final, é um charme à parte e nem vou falar do potencial shoujo ai. Vejamos se será explorado.

Até a próxima!

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