Platinum End é dos mesmos autores de Death Note. Isso significa alguma coisa? Honestamente, não. Mas significa sim, que os autores perderam a mão em comparação a esse e outros sucessos do passado. Ainda assim, a história tem algo a se aproveitar (incrivelmente), mas o quê?

Mirai é um garoto meio bocó e para lá de azarado que tenta se suicidar, mas acaba sendo salvo por um anjo, a Nase, que o envolve em um battle royale valendo o posto de Deus. O anime poderia ter tocado na ferida do que significa se tornar Deus desde o início, porém, contudo…

Entretanto, não é bem isso o que acontece e a primeira metade dele se perde entre um vilão extremamente desagradável, heróis chatíssimos e enfrentamentos vergonha alheia e burrinhos demais para uma dupla que já nos presenteou com algo tão bom quanto Death Note.

E você pode não gostar de Death Note, mas não dá para negar como a trama é entretenimento puro e tem personagens bem mais memoráveis que os de Platinum. Para não dizer que não falei de flores, teve o Mukaido, que pelo menos foi uma âncora de razão para os protagonistas.

Na oposição aberta entre Metropoliman e o grupo do Mirai só o Mukaido mesmo para tomar as rédeas da situação e proporcionar o melhor plot twist do anime, que envolve algo que a maior parte da audiência não deveria esperar e finda de vez a participação mais ridícula do anime.

O Metropoliman é um vilão escroto com motivação escrota e abordagem escrota. Aliás, a ideia das roupas de herói é muito ruim, faz a trama toda parecer ainda mais trash do que já pareceria normalmente em se tratando de um roteiro medíocre com personagens sofríveis de tão ruins.

Pelo menos há momentos em que o roteiro faz sentido, ainda que poucos na primeira metade, mas o suficiente para suscitar o questionamento que toma a trama de assalto em sua segunda fase, sobre quem é o Deus que promove o battle royale e se é uma boa ideia mesmo virar ele.

Mas antes de me aprofundar na segunda parte, não poderia deixar de alertar para o quanto as personagens femininas seguem sendo meros objetos de cenário em praticamente toda a trama (o que surpreende um total de 0 pessoas em se tratando da dupla que fez Death Note).

E quando elas têm destaque não demora muito e somem de novo. Não que esse seja o grande problema do anime, mas com certeza não ajuda quando a trama se volta muito ao Mirai e seu relacionamento com a Saki, uma mosca morta. E o pior é que ela ainda é uma das menos piores.

Enfim, sobre a segunda fase, nela aparece meu personagem favorito da obra, que é o Dr. Yoneda, um cientista renomado que também é um candidato a Deus, mas ao invés de se tornar inimigo dos outros candidatos, o que ele faz é desafiar a própria existência desse suposto Deus.

Segundo Yoneda, Deus é uma criatura da humanidade e, como tal, não é um Deus verdadeiro, não é um criacionista. Sendo assim ele é alguém que pode e deve ser eliminado, mesmo que para isso milhares de vida, daqueles que ainda creem em Deus, acabassem perdidas no processo.

Como todo bom herói da justiça é claro que o Mirai não compactuaria com tal cenário, daí surge o conflito que é mais debatido que brigado, tornando essa segunda parte mais reflexiva e menos espalhafatosa, menos tosca. Ainda há problemas, mas bem menos que no começo.

Além disso, a forma como o conflito é resolvida é razoável, diria até que era a única saída possível para que em seu final o anime não se igualasse em tosqueira com a primeira fase. E por que digo isso? Porque sim, não achei ruim o Nakaumi ter decidido extinguir a raça humana.

Antes de mais nada, o quanto você se envolveu emocionalmente com os personagens e a trama? Se no final todos morressem (como todos morreram) como você se sentiria (aliás, como você se sentiu)? Eu terminei o anime indiferente, afinal, ninguém fedeu e nem cheirou para mim.

Mesmo o personagem que mais gostei, o Dr. Yoneda, teve um final capcioso devido a forma como ele se esvai no nada. Inclusive deixando a gente com a ideia de que ele estava sim certo, contudo, não pôde ter certeza do sucesso de suas teorias (o que todo cientista deseja).

É sério, de um ponto de vista abrangente acho que o final fez sentido, ainda mais se pensarmos no quão medíocre seria o desfecho como ele se apresentava até os últimos 10 minutos. Se a intenção era debater Deus e a raça humana, quer melhor que extingui-los todos?

Ainda mais se pensarmos que deixaram a bronca no colo de um suicida em potencial, alguém com uma filosofia de vida muito suscetível ao resultado atingido. Pelo menos os protagonistas tiveram alguns anos para serem felizes. Não é infinito enquanto dure que dizia Vinicius?

Por fim, veja Platinum End por sua conta e risco. É bom? Não. Eu gostei? Da segunda parte e de seu final polêmico. Ele atendeu as expectativas? Me parece que não, pois a maioria odiou o final e não fez esse sucesso todo. E quem veio primeiro, Death Note ou a fama de seus autores?

Até a próxima!

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