Prima Doll – Benditas autômatas cortadoras de cebolas – Primeiras impressões
Prima Doll é um anime original de slice of life e sci-fi do estúdio Bibury Animation. Segue abaixo a sinopse extraída, traduzida e adaptada do HIDIVE (o streaming oficial do anime).
“O Café Kuronekotei tem um quadro incomum de funcionárias, um grupo de autômatas, bonecas mecânicas que atendem ao propósito para o qual foram criadas com um sorriso, mas não são tão adequadas para os afazeres domésticos. Alguns anos atrás, autômatas eram usadas como armas na grande guerra, cumprindo o propósito sangrento para o qual foram criadas. Agora que a guerra acabou, essas bonecas com coração humano procuram seu lugar em um mundo estranho e pacífico, e tal recomeço se dá no Café Kuronekotei.”
Objetivamente falando esse anime nem deveria ter me emocionado tanto, mas tem horas em que você não está bem e ver uma criança órfã chorando pelo afastamento de uma pessoa querida com certeza não é algo que me passa desapercebido, e ainda tem moe…
Prima Doll é o tipo de anime que não trabalha com a guerra ou a ação, mas o pós-guerra e o dia a dia em retomada, ou melhor, em construção, afinal, as heroínas desse anime são bonecas autômatas criadas para a guerra tendo que se habituar a uma vida de paz.
Nisso temos Haizakura, a heroína principal que perdeu as memórias da vida que levava (se levava alguma) antes e também não sabe (ou pelo menos parece não saber) que tem a habilidade de ativar ou desativar (de mexer com) suas colegas eutômatas.
Felizmente, não existem mais guerras para lutar, então Haizakura deve usar seus poderes no dia a dia para ajudar as pessoas que ela conhecer no café em que trabalhará com uma equipe tão fofa quanto ela, mas certamente bem mais competente.
Mas é como a própria sinopse diz, essas bonecas não estão acostumadas a essa vida, a serviços domésticos ao invés de tiro, porrada e bomba; então é compreensível que Haizakura seja atrapalhada e tenha demonstrado seu valor de outra forma nessa estreia.
Nesse primeiro episódio conhecemos Chiyo, a garotinha órfã que citei mais acima. Chiyo procura Yugiri e até um cego saberia que seria a mesma boneca que a protagonista viu ao acordar e que ela a despertaria após o que fez com o autômato que as atacou.
Haizakura faz isso sem se dar conta, tentando ajudar, de uma forma que uma pessoa (ainda que seja um robô) normalmente faria, mas é ainda mais interessante o que ela faz pelo que ela sente, uma incrível necessidade de ter e trabalhar por um propósito.
É isso o que move as bonecas e agora que Haizakura ganhou esse novo nome, embalada por sua nova vida como garçonete, a falta um propósito claro, um objetivo de vida. Creio que ela o descubra, o defina, ao longo do anime ao ajudar as pessoas.
E é isso que ela faz com a Chiyo, proporcionando, ainda que sem querer, momentos belíssimos em que a garotinha se reconecta com sua onee-san, Yugiri. O problema é que essa Yugiri não é a mesma de outrora. Haizakura também não conserta em um passe de mágica.
Isso eu gostei bastante no anime, como a Haizakura conseguiu prover um paliativo, mas não anulou as cicatrizes deixadas pela guerra, pois manteve o peso dramático da trama, e tudo isso se aproveitando de uma situação razoável para tal.
É claro que alguns podem até ter chorado com o desfecho da história de Chiyo e Yugiri, mas a gente conheceu essas personagens por apenas um episódio, acho que dá para desapegar, ainda que eu mesmo tenha me emocionando bastante com a amizade das duas.
Além disso, sinto que posso elogiar o anime tecnicamente em praticamente todos os aspectos. Como não vai ser de ação (promete ser um slice of life com muito drama) acredito que não teremos problemas e que tudo continuará fofo como nesse primeiro episódio.
Fofo entre aspas, né, afinal, o fantasma da guerra está a espreita nessa trama e deve reaparecer o tempo todo a fim de nos lembrar o preço custoso da vida pacífica que essas bonecas podem levar em uma época em que não tem mais que matar como propósito.
Por fim, indico Prima Doll? Se você gosta (ou pelo menos não se incomoda) com moe pode funcionar para você. Cuidado com garotinhas fofas e histórias tristes, isso pode emocionar você. Ademais, essa estreia foi satisfatória naquilo que se propôs a fazer.
Principalmente porque mostrou ambos os lados, da autômata e da humana, mas sem massacrar uma pela bem-estar da outra, que é o que aconteceria com a Chiyo se ela descobrisse a verdade sobre a Yugiri e com a Yugiri se ela seguisse com aquela farsa.
Foi mais maduro, ainda que bastante doloroso, dizer adeus de parte a parte, e fazer isso com uma música, como se a manifestar esses sentimentos, mas de alguma forma também apaziguá-los, foi uma forma tocante de lidar com essas feridas no coração de humanas e robôs.
Até a próxima!