Berserk – ep 12 final – Viver para proteger, proteger para viver.
Foi uma viagem longa. Não só porque o episódio tem quase um mês, mas também porque esse foi o meu primeiro trabalho, de fato, como redator. Fico feliz e agradeço todos que ainda leem essa coluna. Também me desculpo com aqueles que não aguentaram minha inconsistência, mas… C’est la vie.
Agora, essa viagem não só foi longa para mim, pois a jornada do herói Guts foi extensa. Nesse artigo falarei sobre o que esse arco buscou e o que ele estabeleceu entre nossos personagens. Espero ver todos vocês na segunda temporada :v.
Fiquei particularmente feliz com uma coisa: não tive que assistir a Caska sendo estuprada por vários minutos nessa adaptação de Berserk. Obrigado por nada, anime da Golden Age. Enfim, o que quero dizer com esse comentário? Bem, no final das contas, essa obra deixou muitas informações sobre os arcos antigos para os novos telespectadores inferirem.
Bom, a Caska aparece namorando Guts e sendo estuprada pelo Griffith na abertura. E, não têm a menor chance de vocês me convencerem que alguém entendeu o que o Zood ou o Skull Knight representaram. Certas informações simplesmente são inúteis agora, mas acho que, pelo menos, uma menção ao Zood seria legal antes de mostrar ele como alguém que todo mundo conhece.
Enfim, acho justo traçarmos uma temática principal aqui: qual foi o objetivo desse arco para Berserk? O arco que se encerra nesse episódio trata sobre diversos assuntos, porém, o mais claro, é algo que foi abordado desde o primeiro episódio: a diferença entre ter um objetivo e viver sem rumo.
Há três meses, dizia a vocês que Guts em suas caminhadas como um espadachim negro vivia ceifando as vidas daqueles que se aproximavam dele. Era como um desastre natural, não era possível fazer nada para contê-lo. Era uma pessoa que invejava a vida do pobre mercenário, que podia se dar ao luxo de morrer no campo de batalha lutando por seus sonhos. Guts era um lobo solitário, que lambia suas feridas com o sangue alheio e fugia de suas responsabilidades em relação à Caska.
No final desse arco, Guts, finalmente, achou a resposta para a pergunta do seu mentor ferreiro: ele encontrou Caska e estava decidido a protegê-la. O que move nosso protagonista, agora, não é mais um destino cruel, que o força constantemente a buscar uma fútil vingança. Ele não foge mais de seus problemas e se autodeprecia como um desastre natural.
Agora, em seu âmago, queima a vontade de dar sua vida para proteger Caska e recuperar a vida normal que eles possuíam juntos, antes de Griffith acabar com ela e com tudo o que eles construíram. A resposta de Guts, então, deixa de ser a vingança pela vingança e passa a ser “a luta para defender aqueles que lhe são importantes”. Assim, tendo um objetivo de verdade, Guts elimina boa parte de suas dúvidas sobre o destino.
Porém, o que é esse destino e o que ele acarreta? O que é o destino, afinal de contas? Se por um lado, a sociedade pode vir a lhe coagir de certas maneiras, através de senso comum, não é como se meros humanos pudessem mexer com os fios do destino.
Por isso, mesmo no final, nada que Guts e Skullknight fizessem iria ser remotamente eficaz para impedir as ações do Ovo Apóstolo, que gerou de dentro de si, Griffith. Se isso ajudou alguma coisa, somente garantiu que Mosguz fosse incapaz de atrapalhar, mas não era como ele pudesse fazer realmente algo. Ainda, serviu para que Caska trouxesse o bebê demoníaco para a incubação.
Eles foram usados de gato e sapato. Eles nunca tiveram a menor chance de ir contra o destino que, mais uma vez, favoreceu o maquiavélico Griffith, o escolhido para ser o príncipe novo mundo. Além disso, permitiram que ele invocasse no mundo humano, em troca de milhares de pessoas, um ovo e um sonho.
O destino que, como gravidade, liga todos os corpos em Berserk é brutal e trabalha sobre várias formas. Peguemos nossa odiosa Nina, por exemplo. Mesmo depois de se deparar com a morte tantas vezes, ela continua vivendo. Porém, a personagem escolhe ficar longe de Luca e de suas, pois sabe que está destinada a machucá-las e se odiará por isso.
Todas as ações e personalidades em Berserk fazem parte de algo maior e, inconscientemente, levam a algum lugar. Se no mundo atual da ciência vivemos numa constante busca por certezas, em Berserk, existe uma única certeza: não é você que traça seu caminho, mas sim “Deus”. E falo isso de forma bem abrangente, pois esse “Deus” é, claramente, uma entidade tão apática que merece mais o nome de Diabo.
É essa certeza que Guts tenta combater com todas as suas forças, pois, antes de tudo, Guts é um homem que busca ser aquele que maneja seu próprio destino. Um destino que ele, de preferência, consiga compartilhar com Caska.
Kondou-san
Já faz um bom tempo que não comento os teus artigos de Berserk e Orange, não que me falte vontade tenho é falta de tempo, mas quando postares o último artigo de Orange lá estarei para comentá-lo. Este último episódio de Berserk para mim serviu muito bem como gancho para a segunda temporada, quando o episódio acabou fiquei com a sensação de quero mais.
Concordo plenamente com aquilo que escreveste no artigo, o Gutts finalmente achou a sua resposta para a pergunta que o ferreiro mentor lhe tinha feito, ele tem que proteger aqueles que lhe são importantes, em vez de andar sem rumo apenas a ,a matar pessoas e existências malignas como se fosse uma casca vazia. No mundo de Berserk Deus ainda é pior que o Diabo, já que favorece o caos em vez da harmonia. O Gutts desde o inicio que nunca teve uma vida fácil, mas cada vez que ele está perto de atingir o seu objectivo o destino prega-lhe uma partida ou várias mais um pouco parece que o destino lá só favorece quem é mau. A aparição do Griffit no final do episódio fez-me lembrar da raiva que eu senti quando li o mangá e os filmes do Golden Age quando ele fazia pouco da Caska à frente do Gutts, para mim das cenas mais nojentas que já vi num anime.
Em suma até gostei desta nova versão de Berserk, tirando a animação muito abaixo da média, a história foi boa e a trilha sonora também foi muito boa.. Acho que até vou sentir saudades da depravação da Farnese, do mistério por detrás das acções do Serpico, das mortes por hit kill do Gutts e das caretas do Isidoro.
Como sempre um excelente artigo Iwan.
Iwan
Opa com certeza entendo que o trabalho não nos da tantos luxos kondou
Sem sombra de duvida gostei dessa experiencia como redator mesmo que tenhamos feito as coisas aos trancos e barrancos, berserk e orange só seriam experiencias melhores se eu não ja soubesse os seus roteiros.
Ainda assim acho que berserk, tão não newbie friendly como essa season acabou por ser necessitava de uma visão de uma pessoa de fora e estou certo de que eles fizeram em termos potencias o melhor da historia que poderiam (o cara dos cachorros a parte…)
Para essa season planejo pegar só coisas que ou nunca li ou não estou updated, espero que nos encontremos por um desses aí :v
Kondou-san
Nesta temporada já escolheste os animes que vais comentar estou um pouco curioso para saber aquele ou aqueles animes que vais comentar. Com certeza que vais manter a qualidade de sempre nos artigos.
Iwan
Planejo pegar Ajin e yuri no ice
Talvez pegue Drifters
Tinham mais mas o pessoal foi rapido no gatilho e estou certo que essa temporada no blog promote muito com a quantidade de animes que escolhemos.
Kondou-san
Boas escolhas Iwan, Ajin em principio vou comentar, já que estou a ver a season 2, Yuri on Ice também (se bem que este não sei se o vou ver todo, depende do rumo que aquilo levar).
Se comentares Drifters vais ter que pesquisar sobre a história do Japão, se o pegares de certeza que o vou comentar também eu só vejo este anime por causa das referências históricas e claro por ser do autor de Hellsing.
Bell Dheyol
É interessante ver que assistiu Drifters, pois o mangá conta com à ilustre participação de Hijikata Toshizō, o vice-comandante do Shinsengumi que morreu durante a Guerra Boshin.
Recomendaria ao Iwan que também pesquisasse sobre outras pessoas históricas não relacionadas ao Japão caso comentasse o anime. Afinal, até mesmo Joana D’Arc estará envolvida.
Kondou-san
Bell Dheyol, eu gosto de Drifters principalmente dos personagens japoneses, o Japão é cheio de história, vou já ler o mangá, eu pessoalmente gosto muito da História do Shinsengumi e dos seus integrantes (não é por nada que o meu nick é Kondou-san e a imagem é do Kondou Isami de Hakuouki). O Shinsengumi foi o último grupo de guerreiros no Japão, a maioria não era samurai de sangue, mas agiam como tal e seguiam os ideais do Bushido, o melhor exemplo é o Hijikata Toshizo, talvez o segundo maior guerreiro do Shinsengumi logo atrás de Okita Shouji. Se a Joana de D´Arc aparecer vou gostar muito acho que foi uma pessoa que soube deixar a sua no mundo.
Iwan
O hijikata e a pucelle são francamente quem eu estou menos preocupado lol.
Drifters têm figuras japonesas e ocidentais bem mais obscuras que isso
Do trio dos protagonistas eu só conhecia a fundo o Oda por exemplo
Pelo menos têm coisa mainstream como hittler, e a Romanov
Bell Dheyol
Tens razão, o Hijikata e à Joana D’Arc são até bem conhecidos pela maioria. Acredito que o Aníbal será menos conhecido. Também estou ansioso pela aparição do Bakunin no anime.
Já sobre Hitler, é interessante à forma como introduziram ele no mangá.