[sc:review nota=4]

 

 

Ai ai, pobre deusa humana. Quando não são os deuses imortais ou o seu coração oscilante, são ayakashis problemáticas que complicam sua vida. Se bem que, convenhamos, é tudo culpa de seu grande coração e essa mania tola de querer ajudar a tudo e a todos sem pensar nas consequências. Fica difícil defendê-la assim. Mas tudo bem, nós a amamos mesmo assim. E é com este sentimento que realmente começa o arco dos corvos deste belo shoujo e, antes de mais nada, preciso confessar que estou sofrendo para não comparar a história daqui com o mangá Black Bird. E não, o nome do Jirou não ajudou em nada com isto. Então, metade das minhas opiniões e achismos virão um bocado influenciados. Maldita Sakurakoji.

O encontro entre Botanmaru e Kurama (evitarei chamá-lo de Shinjirou para não haver confusões) foi breve e simples. O tengu inicialmente recusou a sua volta para casa, e tinha todos os motivos do mundo para isto. Passado complicado, o peso da liderança, ter renegado suas origens… Ele não seria recepcionado com tapete vermelho como o abençoado filho pródigo que retorna em bom momento. Mas basta um pouco de lágrimas infantis para que ele se renda e aceite – o que, cá entre nós, aconteceria de um jeito ou de outro. Se a mágoa dele por seus semelhantes fosse tão intensa como se faz parecer, ele não teria adotado o nome do monte onde nasceu como seu pseudônimo. E mais, ele comenta que “não planejava voltar assim tão cedo”, o que indica a sua descida como fuga, e não exílio. Ele sempre deve ter pensado em voltar, quem sabe quando o irmão mais velho Jirou estiver morto ou com o coração amolecido.

Então, mais flash backs. Eu falo assim, mas gosto deles. Pra ser sincera, foi a primeira vez em que eu me permiti gostar do Kurama desde que tive contato com KamiHaji. Ter sido tão intensamente agredido, fisica e emocionalmente, mesmo sendo dezenas de vezes mais bondoso e humilde do que seu irmão deixou marcas profundas nele. E a salvação encontrada no calor de Suirou, que o acolheu debaixo de suas asas (sem trocadilhos) pode ter sido a sua salvação de vida. E realmente foi, mas a um alto preço.

 

Destruição de suas asas, a punição por proteger um tengu que não voa.

Destruição de suas asas, a punição por proteger um tengu que não voa.

 

Paralelamente, corvo e raposa praticam o seu esporte favorito, que é brigar entre si, sendo o ciúmes evidente do Tomoe metade do motivo disto. A boa notícia é que Nanami trouxe consigo um frasco daquele remédio milagroso, o momotan, e crê piamente que isto ajudará o antigo líder a se restabelecer. Consequentemente, o miasma se dissipará, as tensões políticas sumirão e todos serão felizes de novo, certo? Sinceramente, não acho que vá dar certo. Ninguém sabe ao certo qual o problema com o líder, mas, como Yatori está por trás destes problemas, não deve ser algo a ser resolvido mesmo com um remédio divino.

O grupo pousa e adentra na montanha envenenada. Kurama passa por um teste emocional, encarando uma imagem falsa de seu adorado Suirou-ani, em uma forma vingativa e amargurada. Seu coração se enche de pesar ao lembrar-se que o adulto perdeu as asas ao salvá-lo da morte (instituída por seu próprio irmão mais velho, olha que peça boa), e só é salvo da ilusão ao ouvir o verdadeiro Suirou tocando flauta na entrada da vila. Admito, inicialmente tive a impressão de que ele era não uma ilusão, mas alguém possuído pelo miasma concentrado a ponto de externar o rancor. Posso ter me enganado, mas a sensação de que não se deve confiar no tengu continua. Pra piorar, quando o grupo o encontra, ele é gentil e cortês com Botanmaru e com Kurama, mas por algum motivo simplesmente ignora a presença de Nanami. Seria desprezo pelos humanos? Ou por mulheres? Sendo ela ambos, sua estadia ali não será fácil.

 

Você não está mais só, Shinjirou.

Você não está mais só, Shinjirou.

 

Enquanto a deusa corre desesperada por um banheiro, Jirou e Yatori conversam na casa principal. O líder provisório se gaba por enfim estar no topo da vila e torce pela morte do Soujoubou, parecendo não desconfiar que seu lacaio não é flor que se cheire. Afinal, quais as intenções de um youkai que quer enganar um grupo de youkais e o grande Akuraou ao mesmo tempo? Deve ser poder, mas não imagino muito como ele fará para conseguir isto. Mas o líder tem ouras coisas com que se preocupar, já que a cerejeira milenar que é sagrada em sua vila está morrendo, e levando consigo o ânimo e a confiança de seu povo. Ele precisa dar um jeito de revivê-la, e quem chutou que é aí que entra a nossa deusa altruísta favorita ganhou um doce. Neste meio tempo, a própria encontrara a cerejeira e descobriu, ao conversar com as crianças locais, que a situação é mais grave do que aparenta (e que mulheres ali aparentemente são mais raras do que pokemóns lendários). Nanami usa um de seus talismãs para purificar a árvore e fazê-la florescer, trazendo esperança nos olhinhos infantis. O problema é que o paliativo logo se desfará, e ela fica se perguntando como poderia ajudar mais aqueles youkais. Neste exato momento, acontece o que não deveria: Jirou aparece ao seu lado, aparentemente encantado com o que vê –  a árvore, garota, tudo ao mesmo tempo. Se ele tentará roubá-la como sua esposa (sério, não há fêmeas ali não?), na tentativa de conseguir respeito, manter a árvore viva e dominar todos? Of couse, minhas crianças. Agora, como Kurama e Tomoe impedirão isto sem causar uma pequena guerra civil, este sim é o grande X da questão.

 

Prelúdio da tragédia.

Prelúdio da tragédia.

Comentários