[sc:review nota=3]

Uma coisa que a primeira temporada de Durarara teve nos seus dois grandes arcos foram finais emocionantes, explosivos, agitados. Nessa segunda temporada, teve um monte de gente conversando e resolvendo coisas por aí com papo ou ameaças. E terminou em gancho, ainda por cima! Isso também não havia acontecido nos dois arcos da primeira temporada. E sabe, acho que boa parte da diversão de Durarara estava nessas duas coisas: ver tudo se resolver em uma grande comoção no final e saber que, pontas soltas à parte, seria um final de verdade.

Nessa temporada Durarara cresceu muito em número de personagens, e até por isso, suponho, cresceu em pontas soltas. Que papel terá a Hijiribe na história? E as irmãs do Izaya? E o Kida passou a temporada inteira em “lua de mel” com a namorada e até o final não retornou? Bom, no final ele havia retornado, mas ainda não encontrou-se com ninguém. A Celty também teve uma importância limitada, apenas aparecendo em alguns momentos chave para resolver coisas que sem super-poderes não poderiam ser resolvidas facilmente. Os personagens que apareceram, foram apresentados, atuaram nessa temporada e já tiveram papel ativo nela foram o Aoba, que eu ainda não sei qual é a dele mas conseguiu o que queria no final das contas, Vorona e Sloan, que parecem que ficarão fora de ação pelo menos por um tempo, e Rokujo, cuja participação provavelmente já está encerrada já que o papel do Toramaru acabou. Não que seja impossível que ele venha a ter outro papel. Em Durarara quase tudo é possível. Há, por fim, personagens que já apareceram, que certamente serão importantes, mas dos quais sabemos muito pouco ainda. O principal deles sem dúvida é o Yodogiri, que é vagamente apresentado como um comerciante de informações mais velho e esperto que o Izaya, e que se me recordo está se escondendo da Awakusu. O Egor tem potencial para crescer em importância também e quase nada se sabe dele. E há os apenas citados yakuzas de uma família rival à Awakusu e com quem eles estão negociando um acordo.

E onde entram os personagens principais nisso tudo, aqueles que aprendemos a gostar na primeira temporada? O que o Mikado fez? Nesse último episódio, ele quase não apareceu. Foi protagonista em duas cenas apenas: aquela onde ele se desculpa com o Rokujou, o que é inconsequente para a história, e a cena com o Aoba onde ele está completamente fora de sua caracterização. Quem imaginaria o Mikado furar a mão de alguém daquele jeito, a sangue frio e planejado com antecedência? Tá bom, depois ele se desculpa, mas e daí, ficou mais parecendo uma piada do que caracterização. Não, eu não consigo imaginar o Mikado mudando tanto a ponto de fazer aquilo. Ele não mudou tanto a ponto de fazer aquilo por tudo o que foi possível ver nessa temporada. Então o quê, ele sempre foi assim, como o Aoba parece acreditar? Talvez seja o caso, mas espero que não. Essa saída seria algo como “ele sempre foi um psicopata escondido dentro do armário”. Talvez o autor queira dizer que todo mundo tem um pouco de Izaya dentro de si?

Espero que não, por que qual seria o próximo passo óbvio? Dizer que todo mundo tem um pouco de Mikado dentro de si. E como fazer isso? Redimindo o Izaya, mesmo que só um pouco, por pouco tempo, em uma situação muito específica. A derrota que ele sofreu no final do episódio e da temporada com certeza abrem um mundo de possibilidades, várias delas nessa direção que eu apontei. E eu não apenas não gosto do Izaya como não gosto da ideia de relativizar tudo e todos dessa forma. É verdade que, potencialmente, todo mundo pode ser médico e pode ser monstro, mas não é tão fácil assim alternar entre um e outro.

A história deu uma guinada violenta em direção a um enredo mais pesado, sombrio. O Yodogiri é para o Izaya o que as verdadeiras máfias são para gangues de adolescentes como o Dollars. Mas os protagonistas até agora sempre foram Izaya e os adolescentes. Não há um mafioso ou yakuza com sequer metade do carisma dos demais personagens. Fora que não foi com eles que o anime se moveu até agora, irá apenas abandoná-los? Como é óbvio que não, que papel caberá a eles? Tolos se debatendo enquanto os verdadeiros donos do poder fazem o que querem? Marionetes desses? Ou irão, como o Mikado, “amadurecer” de forma quase instantânea e forçada? Ou talvez essas linhas de enredo todas envolvendo as máfias sejam jogadas fora. Não duvido, e acho que dos males seria o menor. Para não dizer que não gostei de nada nesse episódio, adorei ver o Shizuo chutando um carro como se fosse uma bola de futebol.

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