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Se você é um dos poucos e bravos que vêm acompanhando Hibike! Euphonium e os artigos que eu escrevo, então você já sabe onde o título vai levar. Senão, olá, bem-vindo! Espero que volte aqui mais vezes, obrigado por me emprestar um pouco de seu tempo! Enfim, como não poderia deixar de ser, no título do artigo há uma referência à música tocada pela banda do colégio Kitauji nesse episódio. Você já ficou curioso e pesquisou também? Essa música é a primeira do anime que não é originalmente erudita. O anime trouxe uma versão para banda marcial fantástica de uma música eletrônica (isso mesmo, eletrônica) do tempo que música eletrônica ainda era novidade. Na verdade, mal havia nascido ainda. Chama-se Rydeen (lê-se Raiden, como aquele personagem de Mortal Kombat, e agora você deve ter entendido o título do artigo) e é da famosa (que eu não conhecia, mas é porque não conheco nada de música eletrônica e a simples menção aos seus infinitos subgêneros me deixa com preguiça, mas gosto de algumas músicas quando ouço) Yellow Magic Orchestra, banda japonesa que surgiu no final da década de 1970 e, com indas e vindas, ainda existe até hoje e é uma das mais influentes desse gênero de música. Sim, eles faziam músicas em sintetizadores e computadores na década de 1970. Agora, o episódio … não consigo dizer que foi ruim. Mas eu queria que eles tivessem tocado mais Rydeen.

Nesse episódio, a posição e o papel da maioria dos personagens se estabelece em definitivo. Reina é apaixonada pela música, rígida sobre isso e bastante tímida, mas sabe ser doce com quem se aproxima e ganha sua confiança (tá, ela é um só um tipo de tsunderê um pouco mais complexa). A vice-presidente Asuka é apaixonada também do modo dela, sem aparentar rigidez como a Reina, mas é bastante extrovertida e tem uma aura natural de liderança que faz todos a procurarem – mas ela aparentemente não gosta de assumir compromissos. Ela só faz o que gosta, e é bom para a banda que ela goste muito de fazer boa música. A presidente Ogasawara eu não sei dizer o quanto ela gosta de música. Sempre tive a impressão que a posição de presidente simplesmente caiu no colo dela e, veja só, esse episódio confirma isso: queriam que a Asuka fosse a presidente, mas ela não quis. Ela não queria ser sequer vice, mas acabou cedendo. Não sei se ela exatamente gosta do que faz, mas ela gosta de atender as expectativas que as pessoas depositam nela e se esforça bastante para isso. Natsuki deve gostar de música o bastante para não ter abandonado a banda, como a maioria das pessoas de seu ano fez, mas não têm convicção suficiente para se esforçar sem estímulo externo, embora tenha disposição se for chamada. Por isso ela atendeu tão fácil quando a Kumiko pediu que ela viesse tocar junto nos ensaios. De certa forma, ela é parecida com a protagonista. Se a banda tivesse continuado como era no ano anterior, talvez a Kumiko acabasse igual à Natsuki. Midori e Hazuki são apenas suportes da protagonista mesmo. A primeira é mais tímida e introvertida e conhece música, e a outra é uma pateta extrovertida que é apenas uma novata. As duas têm muita vontade de tocar e ver a banda dar certo, e vêm servindo como motivadoras para a protagonista. E a protagonista, Kumiko, bem, ela é como eu já havia decifrado antes e bastante parecida com a Natsuki: interessada em ver até onde consegue chegar, com vontade de se esforçar para isso, mas sem convicção para fazer acontecer.

Depois de muito nervosismo e preparação, e banda estava finalmente partindo para o SunFes. Uma coisa que essas semanas de treinos ensinou aos membros da banda foi organização e disciplina, então absolutamente nada inesperado aconteceu por conta de descuidos deles. Curiosamente, foi o exigente professor responsável pela banda quem se atrasou, mas ainda à tempo. Mas pouco se pode fazer contra o nervosismo, principalmente quando seu passado não ajuda e ainda está vivo na memória. Com o Kitauji escalado para tocar entre dois outros colégios de renome, de quem o público e todos os participantes esperavam muito porque eles vêm mostrando resultados muito bons há muitos anos, o nervosismo se tornou incontrolável e evoluiu para o desânimo. Tivessem marchado com aquele estado de espírito, a apresentação do Kitauji seria um fracasso retumbante. Enquanto discutiam, com alguns tentando levantar a moral da banda enquanto a maioria estava tremendo em silêncio ou abertamente prevendo um desastre, coube à Reina colocar os nervos dos alunos de volta no lugar ao surpreendê-los tocando algumas notas em sua trombeta. Ela é tímida demais para falar, ela provavelmente nem sabe colocar em palavras o que ela queria dizer, mas sua música mais uma vez falou alto e claro, e todos entenderam: eles só precisam fazer o que vieram treinando para fazer todos esses dias. Não há motivo para nervosismo ou para vergonha. E chegou a hora da apresentação. A maioria do público sequer sabia quem eles eram, mas como a banda surpreendida pela trombeta da Reina, o público foi surpreendido pela apresentação do Kitauji, que atingiu a todos subitamente, quando ainda estavam olhando para a banda anterior ao longe. Como se um raio tivesse caído ali, todos tiveram que parar e olhar para o Kitauji, ofuscados pelo seu brilho, calados pelo seu som. Pena que, como um relâmpago, essa cena também durou muito pouco. Porcaria de Kyoto Animation, certeza que estão guardando as músicas para vender em CD depois.

Fico um pouco chateado, não sei se devo esperar mais música ou não. A música de Euphonium é muito boa, mas tem sido curta. No primeiro episódio quando o professor Taki assistiu à apresentação em seu celular (Jacques Offenbach, Orfeu no Inferno, Galope Infernal) e naquele outro episódio onde a Reina tocou sua trombeta enquanto os líderes de naipe faziam uma reunião (Dvorak, Do Novo Mundo, Segundo movimento) as músicas também foram curtas, mas pelo menos foram inesperadas. Dessa vez, eu fiquei o episódio inteiro esperando, cada vez mais ansioso pela apresentação. E quando ela veio foi tão curta. Tão curta. Não faz isso comigo, KyoAni. Desse jeito resta só o enredo, que tudo bem, não é ruim. Focado nos personagens (como quase sempre no caso do estúdio), até estou achando interessante o desenvolvimento da Kumiko e da Reina. Vivo falando delas! Mas é porque realmente elas são o foco do anime. Nesse episódio foi quase dolorido assistir a Reina sozinha no meio da multidão da banda. Ela está sozinha, sabe que está sozinha e quer um lugar e amigos tanto quanto quer tocar boa música, mas ela só sabe mesmo tocar música. Felizmente para ela, a Kumiko está se aproximando, meio por acidente, e sabemos que as duas terminarão grandes amigas e essas coisas – a graça será assistir como isso vai acontecer. A Reina é tão retraída, coitada, que sempre que reúne um pouco mais de coragem e tenta alcançar outras pessoas logo depois leva a mão ao cabelo. Em linguagem corporal, isso é um sinal de nervosismo. Ela é tão tímida que apenas estabelecer contato já a deixa nervosa. A falha da Kumiko é de outra natureza, já falei várias vezes, inclusive nesse artigo, mas falo de novo para desenvolver um pouco mais: falta determinação a ela. Enquanto ela puder apenas seguir os outros estará tudo bem, mas se você não se impõe de vez em quando acabará frustrado. Acabará como a Natsuki. Cansada de se frustrar, ela quis recomeçar tudo do zero. Mas não pôde fugir do bombardino, da música, não pôde fugir nem da Reina! Aliás, voltando à Reina, agora sabemos que ela foi convidada para um colégio muito famoso pela sua banda. E se ela gosta tanto de música como sabemos que gosta, por que não foi para lá? Será que tem a ver com o professor Taki? Como alguém que estuda música também fora da escola, ela deve conhecer as pessoas do meio e talvez já o conhecesse e soubesse que ele iria para o Kitauji. Isso pelo menos explicaria um pouco melhor porque ela o acha tão incrível a ponto de defendê-lo da forma como fez no episódio anterior. Mas será que é só música que a atrai nele? A Kumiko já falou a palavra mágica: ele é “bonitão”. Eu hein, espero que não, mas não duvido também.

  1. “Mas será que é só música que a atrai nele?” Soube que no novel a Reina fala que está apaixonada por ele. Isso corta meu coração, já que a sintonia de Kumiko e Reina é ótima (pelo menos no anime). Ainda mais com aquele encerramento do fio vermelho que é preso no dedo das duas.
    Uma parte que me deixou de orelha em pé foi da Reina não ter aceito entrar para aquela outra escola, isso volta ao primeiro paragrafo que escrevi, mas também penso que ela poderia só tentar recomeçar sua vida em escola, sem nenhum conhecido da escola antiga, tipo a Komiko. Mas pode ser sim, que o professor tem algo haver com isso, ela tenha escolhido essa escola por causa dele. E essa parte volta de novo ao primeiro paragrafo: talvez Reina não seja apaixonada por ele, mas o admira, já que ele pode dar o que quer, as nacionais.
    Unica coisa que eu me pergunto é essa: Será que o professor já ganhou as nacionais antes? Pra Reina desistir de ir para melhor banda da região(se esse for o caso), ele deve ter conquistado alguma coisa em sua carreira como musico.

    • Eu fiquei com uma impressão muito forte que a Reina gosta do professor Taki. Talvez seja uma paixão que nasce da admiração, não sei, mas ela reage de forma absolutamente desproporcional (em tom e conteúdo) quando escuta Kumiko e Shuuichi criticando ele. Só paixão explica isso. E paixão também é motivo suficiente para ela ter escolhido o colégio Kitauji – ela estuda música fora, tem conhecimento do grande quadro por trás disso tudo, certamente já sabia que ele iria para aquele colégio e por isso o escolheu. A outra alternativa, claro, é ele já ter ganho o nacional alguma ver, ser um músico muito renomado. Talvez até um pouco de cada, não são hipóteses excludentes.

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