Cross Ange – ep 2 – Ai, ai, Sunrise…
[sc:review nota=2]
Angelise continua agindo como se fosse a princesa, e ainda não aceitou que é uma norma. Reconheço que pelo menos ela se mantém fiel aos seus ideais? Assim seria se assim fosse. Mas a coisa é toda forçada. É simplesmente impossível alguém na condição dela agir daquela forma, e mesmo que quisesse, de alguma forma, oferecer resistência, não seria da forma como ela faz. Esse episódio retrata um pouco de como é a base militar para onde ela foi enviada e apresenta o vasto elenco de personagens que ali vivem e os quais nós telespectadores teremos que aturar. Poderia ter sido um episódio apenas chato, por ser expositivo. Mas a Sunrise queria algo mais!
É perfeitamente compreensível que ao manter um monte de mulheres (e assim seria se fosse um monte de homens, e mais ainda se fosse um monte de ambos misturados) em uma base militar, sofrendo todo o tipo de pressão inerente ao lugar e o risco de vida indissociável da profissão, com acesso a poucas formas de entretenimento nos momentos de lazer, a maior parte delas se torne lésbica e usem o sexo como válvula de escape fácil, rápida e barata. Confesso que nem havia pensado a respeito, mas quando tocaram no assunto no começo do episódio eu logo pensei “hei, faz sentido!”. Ainda assim isso é apenas um dado do cenário, e não da história, então quando tempo de tela é gasto apenas para mostrar as garotas aos amassos eu me sinto entediado e constrangido. Entendo, contudo, que isso é fanservice e se fizeram questão de apresentar essa característica do lugar é porque pretendiam usá-la ostensivamente. Ainda assim, preferia que fosse um pouco menos ostensivo. Jogando toda a sutileza pela janela, eu preferia ver mechas combatendo dragões, porque foi para isso que comecei a assistir esse anime.
A princesa, como já disse, é irritante. Mas é irritante de um jeito artificial. Céus, ela foi estuprada no episódio anterior! E já está assim, abertamente arrogante de novo? Que vítima de estupro, ainda no ninho de seu violador e sem condições de fugir, agiria dessa forma? Estão fazendo pouco caso do estupro. Bom, vamos voltar à história: como ela era uma boa jogadora de quadribol, ela é praticamente uma pilota nata. Nunca entrou naqueles mechas que certamente são velozes como nossos mais modernos caças militares, ou até mais, com toda aquela coisa chata de aceleração e etc, mas assim que ela “sentiu” que aquilo era como os carrinhos voadores que ela usava para jogar lacrosse ela saiu pilotando como se fosse uma veterana. E isso deixou algumas novatas impressionadas e algumas veteranas com inveja. Teve até a cena clichê da Ange comendo sozinha no refeitório e três veteranas valentonas virem arranjar encrenca com ela. Como ela não estava comendo nada, porque achava aquilo tudo muito nojento, uma das veteranas roubou a comida dela. E ela foi embora. Se tivesse rolado porrada teria sido mais interessante. Quero dizer, se é pra ser clichê, vamos até o fim!
Mas essa princesa é muito fresca (e é tão artificialmente fresca). A comida não poderia ser tão ruim, porque eles servem até pudim de sobremesa! Já viu isso, base militar em fronteira quente que serve sobremesa? E pudim ainda por cima? Mas Arzenal, a base caça-dragões onde Ange foi alocada, serve pudim para seus soldados. E mesmo assim era ruim demais para ela. Uma das novatas que se admirou com a princesa tinha guardado o pudim para mais tarde, e quando viu que a princesa não comeu nada deu para ela. Mas como nossa princesa tem que ser horrível para não nos importarmos com o que acontecer a ela, ela teve que ser uma completa idiota. Primeiro, ela não sabia como usar dinheiro (elas ganham dinheiro lá quando vão bem nos treinamentos ou nas missões, e tem uma loja lá dentro onde compram de tudo), então pediu para o par de novatas admiradoras suas que acabara de conhecer que a ajudasse. Elas ajudaram, lógico. Compraram papel e caneta para ela. Ange voltou para o seu quarto e, sem a menor cerimônia, jogou no cesto de lixo o pudim que a novata deu para ela.
A princesa não sente fome nunca não? Por mais que ela ache aquilo “nojento” deveria estar sem comer há um bom tempo, não é possível que não tenha fome. E que não tenha também a menor consideração pelas garotas que a ajudaram. Claro, sem dúvida que ela viveu a vida dela em uma bolha. Mas dentro dessa bolha ela aprendeu a ser bondosa e cordial com as pessoas com quem convivia. Agora só porque elas são normas tudo bem abusar da boa vontade delas e não ter a menor consideração? E não estou criticando a princesa. Estou criticando quem a escreveu assim, porque, insisto, não consigo imaginar alguém assim. É impossível. Depois, com o papel e caneta que compraram para ela, escreveu uma carta de próprio punho onde listava sua coleção de títulos nobiliárquicos e exigia que fosse libertada imediatamente, e entregou-a para a comandante, na sala de comando. A comandante olhou para ela com cara de facepalm metafórico, e eu fiz um facepalm real aqui.
Enquanto isso, a capitã da equipe para a qual Ange foi designada trepava com uma de suas subordinadas. Por acaso, uma das valentonas que havia maltratado Ange mais cedo. Essa personagem merece um comentário só para ela: aparentemente ela ama a capitã de verdade ou alguma bobagem assim. E sente ciúmes dela. Mas sério, a capitã sempre passou a régua em todas as menininhas da base que consegue alcançar com os olhos, e ainda por cima é uma superior hierárquica, e para completar as duas podem morrer na próxima missão, que pode ser a qualquer momento. É tão idiota sentir ciúme nessas circunstâncias. Mas a capitã é voraz, ninfomaníaca mesmo. Ela termina e pergunta algo como “já cansou?”, e a outra exausta pede para esperar um pouco. A capitã não quer nem saber, veste logo sua camisola e quando perguntada onde vai apenas responde “não estou satisfeita”. UAU! Essa daí vive la vida loka, né não? E ela vai dar um rolê de camisola na sala de comando da base.
PAM PAM PAM! Ela chegou bem na hora da carta da Ange, escutou tudo, a comandante olhou pra ela com cara de “eu não nasci pra isso”, mas a capitã estava lá para acudi-la. Perguntou se poderia usar a sala ao lado, ouviu algo como “manda ver” da comandante, e arrastou a Ange para lá. O que se seguiu foi inacreditável. Será que consegui construir bem o texto até aqui? Já entendeu o que aconteceu, não entendeu? Pois não é que a Sunrise não achou o bastante estuprar a protagonista em um episódio, então estuprou ela em DOIS episódios? E olha, no primeiro episódio já foi desnecessário para a história, mas dentro da própria história pelo menos tinha a justificativa de ser apenas um “exame físico”. Se era de saúde ou para ver se a princesa havia contrabandeado algo dentro do útero para a base eu não sei, mas foi só um exame. Nesse episódio não, ela sofre estupro punitivo! Ai, Sunrise, você não tem jeito…
Ok, ela não terminou o serviço, na verdade nem chegou nas partes pudentas, mas claramente era a intenção. Só que soou o alarme de dragões, então elas tiveram que parar a diversão e ir caçar dragões. E a Ange não tinha a menor ideia do que estava fazendo lá fora, pilotando aquele mecha, nem o que iria encontrar, porque a imbecil da comandante ficou com raiva dela e a retirou das aulas que explicariam essas coisinhas ligeiramente vitais quando ela mal havia começado. Imagino quantas não morrem nessa base só porque a comandante é uma imbecil que manda pra morte quem irrita ela. Isso é alistamento compulsório, ela acha mesmo que todas serão mansas desde o início? Tá certo que a maioria chega lá ainda criança, e quem esboça o menor sinal de insubordinação é sumariamente estuprada, mas ainda assim. Enfim, Ange não sabia como era um dragão, não sabia que estavam lutando contra dragões, não sabia que iriam aparecer dragões. Mas estava dentro de um veículo, então fez a única coisa sensata que poderia fazer (e dessa vez estou falando sério): tentou fugir! Mas não se preocupe: por culpa da tentativa de fuga dela a novata do pudim morreu e com isso a Sunrise espera que eu odeie ainda mais a princesa e não me importe com os maltratos e estupros constantes que sofre.
Mas Sunrise, isso não está funcionando! Eu não odeio a princesa, não mesmo! E se quer saber, mesmo que eu a odiasse, não acharia certo que fosse tratada à pontapés e violentada. Por que normas que não querem ser soldados não podem simplesmente ficar presas pelo resto da vida? Ou ter uma morte piedosa na cruz, na fogueira, no touro de bronze ou desmembrada por cavalos? Quer saber, agora é uma vendeta pessoal, Sunrise. Quem vai aguentar mais tempo? Vocês pararão de estuprar e maltratar a princesa ou eu ficarei desgostoso demais para continuar a assistir a série primeiro? A sorte está lançada!
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