[sc:review nota=4]

Como o desenho animado do qual emprestei o título para esse artigo, esse é um episódio de comédia e luta por esporte. Nesse artigo também pretendo comparar o Klaus a um cachorro, a Libra a uma matilha, tentar especular sobre o mal que aflige a White e genericamente reclamar da lentidão com a qual o enredo se devenvolve. Pelo menos os episódios têm conseguido ser divertidos, e esse não foi exceção. O que você vem achando de Kekkai Sensen?

No episódio sete, Zapp finge ter sido capturado por uma organização que promove combates no submundo e ganha dinheiro com o espetáculo e as apostas. O lugar tem o nome de e-den, o que, como muita coisa em Kekkai Sensen, é um trocadilho entre “éden” (o paraíso.. não preciso explicar, né?) e “den”, palavra em inglês que significa toca, antro, covil, muito usada para descrever os lugares onde se reúnem marginais e bandidos de forma geral. Enfim, Zapp liga para o Leonardo (por que pro Leonardo?) e pede ajuda para o Klaus, que não titubeia em ir ajudar seu amigo. Tudo armado. Apenas quando chega no local é que ele (e a audiência) fica sabendo se tratar de um local de apostas em lutas, e é forçado a combater diversos oponentes poderosos ou senão ele “não iria reencontrar o Zapp”. Tudo armado. O primeiro objetivo do Zapp é ajudar o dono do local, um demônio de nome engraçado (“Ozmaldo” – chuto que o “Oz” aqui se refere à série ultra-violenta que se passa em uma prisão, e o resto, ahn… o Waldo, que no Brasil conhecemos como Wally? Ok, vou nem continuar a piada que já está horrível do jeito que está), a ganhar muito dinheiro e assim quitar sua própria dívida (de jogo, suponho). Klaus derrota monstro atrás de monstro atrás de monstro. O campeão atual cai com apenas um golpe. Quem é o monstro de verdade, hein? No final, Ozmaldo não contém sua excitação e desce ele próprio ao ringue. Em um combate mais equilibrado que os anteriores, ele acaba contudo tendo a cabeça explodida em um soco do Klaus. Entendo que justamente porque o combate foi mais equilibrado o Klaus precisou se esforçar mais, mas ele não tem a restrição que lutadores profissionais têm para não machucar demais seus oponentes. Para o bem ou para o mal, isso não mata Ozmaldo pois ele já estava morto e quem controlava seu corpo era um monstro de sangue como o Deldro que habita a corrente sanguínea de Dog Hummer. E quando esse monstro surge ele mostra sua verdadeira força arremessando Klaus para longe. Mas todos saem de lá sãos e salvos e Zapp ataca Klaus, pois seu segundo objetivo era cansá-lo para tentar conseguir finalmente atingir seu chefe.

É engraçado como ao final de tudo isso o Klaus ainda demonstra alívio genuíno por ver Zapp são e salvo. Ele é como um grande cão de guarda (e seus caninos ressaltam isso), feroz com os estranhos, dócil e inocente com sua matilha. E talvez a Libra toda possa ser comparada a uma matilha. Tem a Chain que é literalmente uma loba (bom, lobisomem) e que não dá bola para o cão mais fraco, o Zapp. E tem o Zapp sempre desafiando o líder da matilha. Leonardo deve ser o filhote, né? Hahaha. Bom, não tenho muito a acrescentar sobre isso, apenas segure a ideia que pode ser interessante para o desenvolvimento do anime.

Monstros de sangue, vampiros e pessoas com poderes de sangue. Todos eles retratados como criaturas muito mais poderosas fisicamente que os demais monstros. Os membros da Libra com poderes de sangue estão claramente um degrau abaixo, embora contem com a vantagem de seu sangue ser especialmente prejudicial para vampiros. E qual a relação entre monstros de sangue e vampiros? Ambos possuem força descomunal para a qual nem mesmo Klaus é páreo, talvez sejam, no fim das contas, a mesma coisa? Isso criaria mais uma hipótese para o Black: a de que ele é como Dog & Deldro, uma criatura dupla, o que explicaria perfeitamente sua dupla personalidade. Mas isso é só uma hipótese, Black permanece um personagem extremamente insondável para mim. Em um momento ele é um garoto de óculos desajeitado e de aparência inofensiva, com fracos poderes telecinéticos de origem psíquica, e que é amigável com Leonardo e parecer prezar enormemente a relação que ele e sua irmã possuem. A única coisa suspeita que vi nesse Black foi a expressão que ele fez quando Leonardo contou a ele que White havia se apresentado como uma fantasma. Mas se em um instante ele é um humano frágil e confiável, no instante seguinte ele retira o óculos (revelando um olho vermelho característico de vampiros), joga o cabelo para trás e parece se tornar o personagem mais perigoso de Kekkai Sensen, muito especialmente para o Leonardo.

Tão misteriosa quanto Black é sua irmã White. Está internada no hospital há três anos por problemas no coração (e saber disso deixou Leonardo arrependido de tê-la feito escapar do hospital, já que ela poderia ter morrido), tem uma personalidade expansiva sem ser maliciosa. Fica chateada se o irmão não a visitar todos os dias (e suponho que também fique se o Leonardo não a visitá-la, mas ele não percebeu isso ainda… e talvez tenha sido isso o que a deixou irritada alguns episódios atrás?). Ela é um personagem tão alegre e forte à primeira vista, mas sua condição e a forma como o anime constrói o enredo ao redor dela a faz parecer tão triste, tão trágica. Saber que ele está no centro de toda a história não ajuda a diminuir essa impressão, muito pelo contrário.

Leonardo é o improvável príncipe que tem de fender entre as vinhas que são as brumas de Hellsalem’s Lot e despertar a princesa desbocada de seu sono de três anos. E permanece um mistério qual o papel de Black nisso. Ele é o dragão ou a fada madrinha? Talvez ambos? Só é uma pena que o enredo principal de Kekkai Sensen seja contado aos pouquinhos, através de cenas curtas e misteriosas no começo e no fim de cada episódio. Pelo menos o anime tem sido competente em manter-se divertido apesar disso.

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