Ola leitores, aqui é o Iwan do Anime21 trazendo finalmente algum artigo novo pra vocês, dessa vez, falaremos sobre Berserk. Como enorme fã de Berserk que eu sou é bem possível que eu tenha noção de eventos e easter eggs que passaram desapercebidos ou não pelas pessoas que tenham começado a assistir agora (se é que Berserk atraiu pessoas novas com o fiasco de merchandising que teve), de toda a forma só quero usar esse parágrafo pra avisar que as chances são que vou usar esses artigos para explorar o que foi mostrado nos episódios, e logo, enquanto não haverão spoilers relacionados ao que não foi mostrado ainda no anime, haverão spoilers sobre o que estava nas sutilezas do episódio.
Vou ser bem sincero com vocês, a animação do episódio me estressou. Não porque usou CGI ou 3D, achei o 3D consistente de Ajin até bom para certos aspectos da série, e Bubuki por exemplo absolutamente arrasou com sua animação 3D fluída, mas exatamente porque parecia que os diretores não faziam a menor ideia da direção que eles queriam seguir quanto aos gastos com a animação, temos excelentes disposições de animação 2D e 3D e também temos cenas saídas de um jogo de PS2 ou Wii, meu maior problema com a animação foi exatamente que ela é extremamente inconsistente, e se eles não conseguem manter uma animação consistente nem no primeiro episódio… bom nós temos um problema né ?

Tipo...

Tipo…

Como assim produção ?

Bom, começamos o anime de cara com cenas curtas de como os futuros personagens principais estão reagindo aos efeitos do Eclipse (Serpico e Farnese observam os restos mortais do bando do falcão enquanto, do outro lado do país, Kirche conversa com sua mestra sobre as mudanças que virão) somos apresentados a uma abertura bem categórica com os flashbacks da era de ouro e lotada de spoilers da mesma (imagino que o anime não vá ter tempo de entrar em grandes detalhes então eu sugiro que tentem prestar atenção nela), temos uma cena bem corrida de gráficos de PS2 com o Ishidoro fazendo um cameo descarado só pra ser irrelevante até sabe-se deus quando, e também nos introduz Puck, um personagem que, na verdade, é introduzido antes mesmo do flashback da era de ouro do mangá.

O que nos leva exatamente ao “arco” tratado no episódio 1, a história da morte da pobre… Cossete ? (foi o mais próximo que eu cheguei de “Collete” antes de assistir de novo), que é o arco introdutório do Puck na história e um dos primeiros do mangá, eu achei a escolha do arco muito acertada, não só por ter sentido cronológico como por ser algo que mesmo no mangá já foi bastante episódico e introduziu aos leitores o estado mental do Guts no Pós-Eclipse, um homem amargurado e estigmatizado por fantasmas não só do passado como também do presente na forma de exércitos de esqueletos e árvores comedoras de pessoas, e na sua relação com Puck, o elfo que o segue na tentativa de lhe compreender.

Até que eu gostei da tentativa de manter o humor do Miura

Nesse episódio entendemos que Guts não só adquiriu uma visão de vida extremamente deturpada depois dos eventos que lhe ocorreram durante sua vida de mercenário e errante mas também é aparentemente incapaz de ser sincero com seus próprios sentimentos. Guts passou uma boa metade do episódio avisando Adolf e Collete sobre o fato dele não querer a companhia deles, de ser perigoso estar com ele a noite e até ao ponto de descaradamente mencionar que ele era amaldiçoado por demônios e que um demônio lhe havia devorado o braço. Tudo isso demostra que Guts se esforçou para alertá-los, aliás, não lembro se isso foi feito no mangá, mas no anime deu a entender que o Guts só sobe quando vê que os demônios estavam sondando a carroça e que portanto os dois teriam mais chances de sobreviver agora estando com ele do que sem ele.

Mesmo sofrendo tanto Guts ainda tem os mesmo ideais que tinha como um mercenário, lutando todo dia por um ganha pão. Guts via na morte em batalha o fim apropriado para alguém que deu sua vida à espada, isso é especialmente verdade porque Guts não mais têm como completar tal sonho, estigmatizado pelo destino Guts vaga vingativo em busca daquele que lhe tirou tudo sem poder se dar ao luxo de morrer em combate como tantos de seus companheiros que ficaram para trás. Agora seus sonhos não mais são meros lampejos de vitória fugaz em um combate, ele força a si mesmo a cumprir um objetivo muito maior e que, a bem da verdade, é virtualmente impossível pra um humano completar. Guts genuinamente viu o filho de Adolf como um homem de sorte que pode morrer em batalhas pelos seus sonhos e fazendo o que queria, porém rapidamente lembra-se que ele, infelizmente não goza desse luxo.

cossete 4cossete 3

Não coincidentemente, os íncubos que lhe atacaram durante o sono encontram pouca resistência para nos mostrar um rápido flashback de tudo que aconteceu durante o Eclipse na forma do pior pesadelo (apesar de íncubos serem muito mais relacionados a luxúria como masculinos das sucúbos) de Guts que ele experimentou em primeira-mão e foi muito provavelmente o jeito abismal que esse anime encontrou de qualificar sua vendeta contra um dos seres mais poderosos de seu universo, seu antigo companheiro de armas e ex-melhor amigo (apesar dele mesmo não admitir isso) Griffith.

Não se preocupe que já já a gente volta pro CGI de PS2…

Finalmente quando o pior acontece, porque tinha que acontecer já que o destino por si só é algo que se move contra Guts, ele se vê forçado a acabar com aquilo que sua terrível sorte trouxe ao impregnar seus benfeitores, uma zumbi Collete que acaba de matar seu próprio pai, porém não só hesita em fazê-lo (terminando ferido por isso) como passa mal logo depois de tê-lo feito, um outro recurso que o anime se utiliza para mostrar que o que quer que vêm a seguir e um mecanismo de defesa da parte de Guts.

Matar é muito mais difícil do que ele diz ser

Matar é muito mais difícil do que ele diz ser

Portanto no fim do episódio Guts não estava de forma alguma apenas sendo um babaca com os mortos, muito pelo contrário, Guts os culpou por “terem acolhido um desastre que não se importa de pisar em formigas como ele”. Agora pensem comigo, que linha de raciocínio alguém têm que seguir pra chegar nesse ponto? Quão triste é imaginar que o mero fato de você ser ajudado por alguém dá plena razão para demônios irem atrás dessa pessoa? que tipo de vida o Guts leva sendo incapaz de falar com alguém sem arriscar ver essa pessoa morta? Essa visão de mundo que Guts têm é extremamente auto-depreciativa e reflete não aos outros, mas a ele mesmo. Por isso ele disse aquilo no final do episódio. Afinal de contas “os fracos que morrem em batalhas de outrem” nada mais são do que seus companheiros mortos no Eclipse, e “a pessoa que é incapaz de viver a vida como quer e que seria melhor morta” não são somente os azarados Collete e Adolf, mas o próprio Guts que mais do que tudo parece invejar as pessoas que têm o direito de simplesmente ir e morrer em batalha enquanto ele se força numa vendeta que o consome mental e fisicamente sem mais seguir pelo caminho que ele mesmo queria ter decidido para si mesmo junto das pessoas que ele amava.

 

  1. Excelente matéria Iwan, eu gosto bastante de Berserk, leio o mangá, vi o anime antigo e os 3 filmes que fizeram, mas estou bastante desapontado com a animação deste novo Berserk, que 3D mais lixo, podiam ter chamado os animadores de Knights of Sidonia ou de Bubuki Buranki, que tinham um 3D decente.
    Outra das coisas que não gostei, foi que eles não estão a seguir o mangá, eles cortaram momentos que eu acho importantes, só espero que melhore lá mais para a frente.
    Já agora parabéns pela matéria super bem organizada, com um português bem feito e excelente trabalho com as imagens a servirem de exemplo.

    • opa, grande kondou sempre respondendo aos nossos artigos
      então cara, eu sou do tipo que não gosta de resumo muito escrachado por isso me poupei dos filmes, mas o guts como espadachim negro simplesmente me pareceu irresistivel de trabalhar então tive certeza que assistiria a esse novo anime viesse o que viesse.
      até agora eu aprovei a medida deles de terem usado essa história pra amarrar o puck logo de cara, e apesar deu obviamente querer ver o arco da rosine bem retratado eu entendo que com 13 episódios seria complicado, apesar de obviamente achar que se fosse só isso, usar 26 episódios teria sido perfeitamente válido
      E sendo sincero meu maior problema até agora foi a oscilação na animação “o céu e o inferno” do texto, que aparentemente foi de muita gente, teria sido melhor fazer um anime com qualidade mediana 100% do tempo do que um bones/sangizen esporádico com 90% de…sei lá, sinceramente esse tipo de 3d já devia ter sido purgado há muito tempo.

      • O 3D que usaram no novo anime de Berserk faz-me lembrar aqueles desenhos europeus em 3D que são um horror, movimentos inconsistentes, estáticos, este 3D ainda está pior que aquele que usaram na trilogia dos filmes.

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