Gundam Reconguista in G – ep 1 e 2 – Direto do túnel do tempo
Nunca assisti Gundam. Nada. São incontáveis séries e não tenho vontade de começar aleatoriamente por qualquer uma que me indiquem, já tenho anime novo demais para assistir, aliás já tenho anime velho demais para assistir também se fizer mesmo questão, então por que assistiria algo que é tão grande e descontínuo? Mas nunca estive fechado a novas séries de Gundam, se parecessem interessantes. Build Fighters pela sinopse soou Medabots estilo Gundam, então nunca levei a sério. Mas Reconguista in G eu resolvi que iria experimentar. Será que valeu a pena?
De cara a primeira coisa que reparei é que ele não parece um anime feito em 2014. Tudo nele parece anime dos anos 1980 ou 1990, da estética aos personagens, da animação ao enredo. Isso não é necessariamente ruim, mas confesso que não esperava que fosse assim. Eu achei que essa série seria um Gundam repaginado para as novas gerações, e não uma apresentação ao velho Gundam para as novas gerações. Parece confuso? Vou tentar com exemplos. O novo Robocop ou, para não sair dos animes, o filme recente de Cavaleiros do Zodíaco, questões sobre a qualidade de ambos à parte, são produções baseadas em produtos antigos mas absolutamente atuais, feitas com as técnicas contemporâneas, para as atuais gerações. Por outro lado, temos Doctor Who, um seriado que mesmo após décadas de exibição intermitente nunca usou os hiatos que teve para retornar com uma nova estética, com novos enredos, com novas ideias.
Com isso não estou dizendo que não hajam algumas adaptações ou que não possam haver razões internas para justificar essas escolhas, muito menos estou julgando o que é melhor ou pior. Estou apenas delineando características, diferenciando duas formas essencialmente distintas de criar uma nova história baseada em uma antiga. E os produtores de Reconguista in G escolheram contar uma nova história do mesmo jeito que vêm contando suas histórias desde priscas eras.
O protagonista é um adolescente chamado Bell que está em uma escola militar e é um gênio precoce, tendo pulado vários anos. Longa história encurtada, um modelo de mecha desconhecido e avançado cai no colo dele porque ele tem o poder do protagonismo, ele conhece seu futuro par romântico (Aida, capturada como pirata, na verdade é uma princesa inimiga ou algo assim) e se vê em meio a uma guerra. Com mechas, lógico. Temos ainda um melhor amigo (Luin, que aposto virará seu principal antagonista em algum momento da história), um instrutor que disfarça violência e abuso de poder como se fosse rigidez militar, uma amiga que gosta dele mas não é retribuída, uma garota misteriosa, cujo mistério só é superado pelo conhecimento e poder que ela deve possuir mas que por enquanto permanece envolto em mistério, enfim, o conjunto completo de clichês de personagens de séries antigas de mechas real robot.
E tudo isso vale a pena ser assistido? E se eu disser que sim? Por natureza, não é nada inovador. Mas é um enredo simples e compreensível, os personagens são carismáticos (os que precisam ser, lógico), e as batalhas são divertidas. E embora emulem batalhas de animes antigos, fazem uso de técnicas contemporâneas para dar mais fluidez e movimento às cenas. É tipo aquela vitrola com caixa de madeira e jeitão de antiga, mas que por dentro tem um hardware tão recente quanto qualquer aparelho de som com aparência futurista, beirando o alienígena.
Mais imagens:
Aline Godoy
Até o char design grita: “Década de 80, década de 80!”
Mas parece ser bem legal.
Fábio Mexicano Godoy
Eu não diria “bem legal”, mas é sólido e honesto. É legal, mas nada memorável. Um pouco infantil, talvez?