Sanzoku no Musume Ronja – ep 1 e 2 – Tédio com grife
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Eu acredito que a ideia de um episódio duplo seja ter mais tempo para contar mais história. Mas ai! Goro Miyazaki discorda de mim. Se houvesse algo mais com que eu pudesse me entreter durante esse episódio pelo menos, mas a animação totalmente 3D em Ronja não está particularmente bonita e as texturas são simples, pobres demais. Um cenário que tinha tudo para ser deslumbrante (estamos falando do estúdio Ghibli animando uma floresta, afinal) está sem graça, sem detalhes, sem profundidade. E os personagens… bom, eles são melhores que Kingdom em seus primeiros episódios, caso tenha assistido. Talvez porque tenham nariz e seus olhos se mexam de vez em quando. Kingdom desistiu de animar tudo em 3D depois de alguns episódios, e esse é o tamanho da enrascada em que Ronja está metida. A animação não vai melhorar muito mais do que isso a menos que comecem a queimar dinheiro, o que não vai acontecer. A esperança é que a história compense! Será que está compensando?
Nesse primeiro episódio, de jeito nenhum. Mais parece que pegaram um filme do Ghibli e esticaram ele para durar uma temporada televisiva inteira. Como resultado, acabo de assistir quarenta e cinco minutos inteiros de exposição ao fim dos quais a história apenas chega ao ponto de início. Há um bando de ladrões genéricos. Nem sei quantos são, mas um é o velho, outro é o nojento, um usa o óculos do Ciclope, outro é o chefe, tem a esposa do chefe, e mais um punhado de outros ladrões indistinguíveis. Mesmo esses notáveis entre o resto não têm uma personalidade que os torne diferentes. São no fundo todos iguais. Diferente mesmo só a única mulher ali, esposa do chefe, que, lógico, tem que ser a única pessoa sensata. Os homens viram todos um monte de bobões quando a Ronja nasce.
Ah sim, a história começa antes mesmo da Ronja nascer. Mais precisamente, no dia em que ela está para nascer. É o único momento interessante de todo o episódio. Em particular achei interessantes as harpias. No começo estavam me incomodando porque tinham vozes de pessoas e riam como pessoas. Qual é, isso dá medo, calem a boca harpias. Ou pelo menos usem sons de pássaros de verdade para elas. Mas daí a Lovis (a única mulher, que estava para dar luz à Ronja) pede para que seu marido, Mattis (o chefe dos ladrões) vá se livrar das harpias porque ela não consegue cantar porque elas estão fazendo barulho. É, Mattis, vá se livrar das harpias, eu não estou conseguindo nem parar com essas calafrios que me sobem a espinha cada vez que ouço uma delas rir. Assustador? Isso não é nada. Meu coração quase pulou pra fora da boca quando uma delas pousou na torre onde Mattis estava. E ela tinha rosto de gente. Uma harpia com rosto humano! E começou a falar! Como não poderia deixar de ser, aquela abominação abriu a boca para proferir maldições. Se elas só gostam de assustar as pessoas ou têm poder de fazer realizar suas maldições ainda está para ser descoberto. Mas que medo!
Pena que daí Ronja nasceu, as harpias foram embora, e todos os homens viraram uns bocós que só sabem paparicar o bebê. Bebê que também é chato pra caramba rindo e engatinhando e fazendo todas essas coisas felizes e fofinhas que bebês fazem. Esse bando de ladrões se torna tão imbecil que eles desistem de um roubo porque o mingau da Ronja ficou pronto, e o chefe quer voltar para alimentar a filha. E todo mundo quer assistir e falar “awwwwww”. E eu não quero mais assistir isso e estou aqui falando “arrrgghhh”. Sério. Um mensageiro veio desde o castelo que os ladrões usam como base para avisar o chefe que o mingau ficou pronto. E ele cancelou o roubo iminente. E essa cena se arrasta por infinitos minutos. O que eu deveria sentir assistindo isso? Tédio nem começa a descrever.
Daí o episódio dá um salto no tempo e a Ronja já é uma criança. Mas continua chata igual, bem como todos a seu redor. Pelo menos acho que agora ela deve comer sozinha e eles não devem mais estar cancelando roubos para vir dar mingau para ela. O que não impede que continuem imbecis, só que de um jeito diferente. Veja bem, o cenário é medieval. Naquela época (e historicamente até pouco tempo atrás, e provavelmente ainda hoje em alguns lugares do mundo) as pessoas não paparicavam crianças como nós paparicamos hoje. Claro, algumas nobrezas podiam ser casos à parte, mas estamos falando de um bando de ladrões, da ralé. Crianças eram criadas como bichos, cresciam ao redor dos pais, ganhavam comida quando tinham fome, tinham um monte de feno para dormir, e assim que tivessem inteligência e força começavam a ajudar os pais em tudo o que pudessem, trabalhando como adultos. Ronja, por sua vez, é criada como uma princesinha por um bando de ladrões, é mimada e superprotegida. Veja, embora já ande e fale e tenha uma boa consciência do mundo ao seu redor, ela ainda não pode ir à floresta, os pais não deixam! E todo o falso conflito do segundo episódio (ou da segunda metade do episódio duplo) é justamente esse: o Mattis decidiu que já é hora da filha conhecer a floresta! Oh! Grande coisa! Grande porcaria! Vi ela pulando feito cabrito na floresta nos trailers e na animação de abertura, e você vem me dizer que só agora ela pode ir para a floresta? Tenha um pouco de piedade de mim. Não faz isso comigo, por favor. Mas você fez, né Goro? Por minutos que pareciam nunca acabar, o pai fica aconselhando a Ronja para que ela tome cuidado na floresta e coisa e tal. Cara! Se está com tanto medo assim da sua filha ir sozinha à floresta, vá junto com ela, pelo amor do monstro espaguete voador invisível! Mostre a floresta para ela, ensine o básico, sei lá. Ou vá escondido, a seguindo se preferir, mas não me faça sentir essa vergonha alheia por você.
E o episódio termina com a menininha mais irritante da temporada maravilhada com a vista da floresta, e correndo em sua direção. E eu sei que a animação vai continuar sendo sofrível, para dizer o mínimo, até o final. Bom, o cenário tem alguns elementos interessantes (harpias, não me desapontem!) e como a história ainda não está indo a lugar algum, ela sempre pode ir para lugares interessantes, né? Né? Por favor? Estou contando com isso. Não me decepcione, Ghibli.
Mais imagens:
Aline Godoy
Quero um Anão Cinzento, eles são bonitinhos <3
Aliás, aquele troço que você esqueceu o nome é uma Pinha
Fábio Mexicano Godoy
Nossa, você comentou aqui no segundo mesmo né? O e-mail que eu recebi e o admin estão acusando que esse comentário está no artigo sobre o episódio anterior, que bizarro.
Faça uma pelúcia de anão cinzento e seja feliz! Ou compre uma pelúcia de coruja, achate um pouco a cabeça, arranque as asas e coloque leds vermelhos nos olhos, dá quase na mesma. E obrigado sobre a pinha!
Aline Godoy
Nossa, que bizarro
O comentário foi no segundo post mesmo, não no primeiro.
Fábio Mexicano Godoy
Sim, e só aparece aqui no segundo. Não obstante, o admin e o disqus insistem que é no primeiro… mais sarna para eu me coçar.