Psycho-Pass 2 – ep 5 – Sinto que me tornei um alvo de execução após esse episódio
[sc:review nota=4]
Primeiro episódio de Psycho-Pass, das duas temporadas, que eu não gostei. Parabéns, Tow Ubukata, você está conseguindo me surpreender! Negativamente, mas o que importa é surpreender, suponho. Para não ser totalmente injusto, não acho que possa creditar toda a ruindade desse episódio (e o enredo fraco dessa temporada como um todo) inteiramente ao roteirista. Creio sim que ele tenha uma boa dose de culpa, mas não posso ignorar o fato de que a primeira temporada de Psycho-Pass teve 22 episódios, e essa terá apenas 12. É bem menos tempo de tela para condensar a informação. E pior ainda: o ponto de chegada, o término da série já está definido em linhas gerais, pois será lançado um filme na sequência. Mesmo assim, não vou deixar de reclamar e de apontar o que acho que está ruim. E agora permita-me falar de tudo o que achei ruim nesse episódio.
Uma coisa boa da primeira temporada de Psycho-Pass: os grandes e os pequenos suspenses. É uma série sobre investigação policial, afinal. Raramente uma questão era apresentada e respondida no mesmo episódio. Já nesse episódio 5 dessa segunda temporada, isso aconteceu várias vezes. Alguns exemplos: o executor Togane é visto mirando a sua dominator na inspetora Tsunemori, o que é um comportamento estranho pra caramba. O Sistema Sibyl toma conhecimento disso e absolutamente não liga. No final do episódio, a inspetora Shimotsuki entra no alojamento do Togane e encontra uma enorme coleção de fotos com anotações psicológicas e discos com dados sobre a Tsunemori. É óbvio que Togane está investigando a Tsunemori por algum motivo e que Sibyl sabe e provavelmente é cúmplice (ou mais provavelmente, mandante) disso. E o que seria? Sibyl fala algo sobre “evoluir”. Agora não precisam me contar mais nada que eu já sei que Togane está infiltrado na Divisão 1 para investigar Tsunemori e tentar descobrir o segredo para seu estado mental imaculável. Isso é importante para o próprio sistema Sibyl e mais importante ainda para a produção de novas drogas para melhorar o estado mental. Lembra-se como Togane é da família dona de um laboratório que produz essas drogas? E de tudo isso, só esse último pedaço de informação (Togane ser de uma família de um laboratório farmacêutico) é que não foi entregue nesse episódio.
Outro exemplo ainda mais gritante: Saiga, o psicólogo especialista em traçar perfis psicológicos, que começou a trabalhar para a Divisão 1 nesse episódio, está assistindo gravações dos discursos do deputado preso no episódio anterior e que tinha ligação com Kamui. Algumas cenas depois e vemos Togane e Tsunemori no antigo laboratório secreto do mesmo Kamui, que ele abandonou, e lá encontram órgãos e até um rosto para transplante. De volta ao Saiga, ele termina de assistir os vídeos e sai da sala dizendo que aquilo é uma “farsa”. Ó! Será que o deputado foi substituído por um sósia? Será? SERÁ? SE-RÁ? Saiga vai interrogá-lo e diz, sem rodeios, que ele é uma farsa. E o deputado-sósia nem tenta disfarçar! Ele dá um sorrisinho bobo, acompanhado por um efeito sonoro cômico, que acaba servindo como confissão. E tudo isso em um episódio. Eu nem terminei esse episódio pensando “por quê Kamui tinha órgãos para transplante?”, ou “por que aquele deputado parece ter mudado tanto, a ponto de ser outra pessoa?”, nada.
Aliás, não terminei esse episódio me perguntando nada. Eu sei que há duas coisas acontecendo ao mesmo tempo: a conspiração de Kamui contra Sibyl, que deu um passo nesse episódio mas nada sobre sua motivação ou seus objetivos em si foi revelado, e uma investigação de Sibyl sobre Tsunemori, da qual o Togane participa. Sobre essa segunda, como já disse acima, tudo foi revelado nesse próprio episódio, o que é mais chato ainda, não teve nem a construção do suspense, não houve um episódio só que eu tivesse terminado de assistir e tenha ficado pensando a respeito. Só sei que é assim. Psycho-Pass 2 é uma série policial, investigativa, em um futuro distópico, sem nenhum suspense. E esse episódio cimentou essa característica. Já está quase no meio da série, certamente ainda dá para recuperar, mas não acho que seja fácil pelo tempo curto e engessamento do roteiro sobre o qual falei no primeiro parágrafo, e pelo histórico descendente dos últimos episódios vejo poucos motivos para acreditar nisso.
Outras coisas notáveis sobre esse episódio: Já havia sido estabelecido na primeira temporada que a Kunizuka é lésbica, ou pelo menos bissexual, então pelo comportamento dela e da Shimotsuki até aqui, particularmente nesse episódio, me pergunto se as duas já não estão tendo um caso. Fora isso, a Shimotsuki continua sendo um saco. Só reclama, reclamou da falta de tempo para realizar as tarefas determinadas pela Tsunemori e depois foi aproveitar bem esse tempo falando mal da Tsunemori para a chefe (que é só um avatar de Sibyl, mas ela não sabe, o que me fez quase ficar com pena dela durante a cena). A Divisão 3 não merece o chão que eles pisam. No massacre do episódio anterior ainda dei a eles o benefício da dúvida, afinal poderia ter sido ordem direta de Sibyl, mas nesse episódio eles não tinham desculpa nenhuma para abandonar o local da investigação e ir para seus carros ficar esperando. Ou tinham: fizeram isso porque declaradamente não gostam da Tsunemori. Não são uma graça? É claro que são assim para que não lamentemos se e quando eles morrerem, mas eu costumava achar que Psycho-Pass gostava que nos importássemos com seus personagens. Shisui, a inspetora capturada e tornada caolha aparentemente se apaixonou por Kamui. Síndrome de Estocolmo na veia! Ou os remédios dele. Ou um pouco de cada. E por último mas não menos importante, outro banho de sangue tem início nesse episódio e deve durar pelo menos até o próximo: um jogo de tiro em primeira pessoa muito feio onde você controla uma galinha é, na verdade, um sistema de controle remoto de drones militares e várias pessoas (incluindo um imbecil da Divisão 3) estão jogando ele e matando pessoas sem saber disso. Tow Ubukata parece gostar de carnificinas sem sentido. Aposto que é fã do Quentin Tarantino, e não o culpo por isso pois também sou fã dele. Mas eu achei que estivesse assistindo Psycho-Pass, não uma versão futurista de Pulp Fiction.
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