[sc:review nota=5]

 

 

Este episódio trouxe até nós vários acontecimentos interessantes, mas certas coisas nunca mudam. Nanami continua agindo como um garoto protagonista de anime battle shounen: impulsiva, impetuosa e confiante até demais. Mas é sagaz, e, contrariando meu artigo anterior, já percebeu que a companhia ao seu lado não é exatamente um humano comum. Claro que isto não a impede de fazer o necessário ajudá-lo, mesmo que para tanto precise ludibriar a própria divindade superior do mundo dos mortos, Izanami. Bom saber que seus talismãs funcionam de vez em quando, deusa da terra.

Nesse meio termo, um Kirihito preso ao mundo dos mortos divaga sobre seu passado. O espírito hospedeiro do corpo humano realmente é de Akuraou, que se separou de seu corpo e se viu preso na forma etérea. Num golpe de sorte, encontrou com a alma de um garoto gentil recém-falecido, que queria desesperadamente se desculpar de uma briga boba com a mãe antes de partir. O youkai então o enrolou para tomar o seu corpo humano e a sua vida, enquanto se fortalece para recuperar o seu próprio corpo sobrenatural. Era bem o que eu estava imaginando, mas não achei que a história fosse ser contada logo no episódio 4! Foi uma agradável surpresa, que me faz pensar que essa temporada fluirá ainda mais depressa do que eu esperava. Mas Akuraou está preso de novo no mundo dos mortos, e ele não suporta a solidão e a escuridão, me fazendo pensar em quanto tempo ele passou isolado para se tornar tão emocionalmente frágil.

 

Tema os estranhos, mesmo após a morte.

Tema os estranhos, mesmo após a morte.

 

Nanami o encontra assustado como uma criança pequena, e ele a abraça, em busca de luz e calor. Lembram o que eu disse sobre a Nanami servir para ele como o Migake para o Tomoe? Psé. Mas admito que fui tola em não notar que o fato de ela estar apaixonada pela raposa (e dizer isso em voz alta sem nenhum pudor!) poderia servir como combustível para o embate prometido. Os dois fogem, e claro que a deusa do submundo se irrita. Afinal, Kirihito era seu novo brinquedo e ela o quer de volta – uma deusa mimada, ou o submundo é um lugar chato pra c*ralho?

 

Interrompemos a nossa programação para exibir a expressão de pura felicidade de um servo ao saber que precisa ir ao encontro de sua senhora.

Interrompemos a nossa programação para exibir a expressão de pura felicidade de um servo ao saber que precisa ir ao encontro de sua senhora.

 

Agora, um fato interessante: para manter a estabilidade sobre o seu corpo naquele lugar inóspito, o youkai precisa manter contato direto com a parte do corpo de alguma divindade. Para evitar que, sei lá, ande tocando a Nanami o tempo todo, ele prende uma mecha do cabelo dela em seu pulso.São ameaçados por uma serva de Izanami, e então Nanami resolve usar um talismã para guiá-los até a saída. Aliás, os talismãs dela funcionaram perfeitamente durante o episódio inteiro. Confiança, aumento do controle, influência ambiental ou necessidade de proteger outra pessoa? Se tivesse de arriscar, eu iria pelo quarto motivo,  mas talvez todos sejam válidos. Só que a sua sorte está chegando ao fim, já que o deus da guerra nervosinho lacrou a entrada do local. Com os dois lá dentro. E tá pouco se lixando se eles morrerão ou não. Ok.

 

É um shoujo, afinal de contas, cenas fofas são necessárias de vez em quando.

É um shoujo, afinal de contas, cenas fofas são necessárias de vez em quando.

 

Então, como prevíamos, chega o príncipe de pelagem branca e olhar determinado para salvar o dia e resgatar sua senhora. Tomoe enfrenta corajosamente o deus, mas apanha. Feio. Simples teimosia não será o bastante para  que ele vença desta vez, então a raposa toma uma atitude, até minutos antes, inesperada: se desfazer de seu pacto como mensageiro divino e voltar a ser uma ayakashi selvagem. Junto com a ruptura, há uma mudança de visual acompanhada de um aumento na frieza de seu olhar e movimentos, e ele é capaz de salvá-la com facilidade. Então, espera, um youkai pode mesmo ser mais poderosa do que uma divindade? Wathever, ela está bem, assim como Kirihito, que ele traz a tiracolo num impulso, tenho certeza. Normalmente eu ficaria entediada ao ver a protagonista precisando ser resgatada pelo seu cavaleiro, mas como imaginei que até mesmo uma divindade completa teria problemas em sair do mundo dos mortos, selado por uma rocha com um ofuda e outro deus sentado em cima, então fica tudo bem. Mas não explica tamanha força do Tomoe.

Na superfície, aquela cena de reencontro violento que muitos (inclusive eu) esperavam simplesmente não acontece, e faz sentido. Akuraou reconhece Tomoe, mas este não faz ideia de quem seja o moleque zumbi à sua frente, e tampouco liga pra isso. Nanami estranhou Tomoe desde o começo, mas cai no sono do nada. Kirihito foge, exausto, mas flashbacks do passado salpicam na tela, revelando mais uma surpresa neste episódio incrível: os dois eram amigos e se davam bem, mas pelo visto Akuraou se sentiu traído quando ele se apaixonou, sendo na verdade o provável responsável pela morte da mulher. Amigo, a situação é muito mais grave do que eu pensava. Ok, conseguimos mais um motivo para ódio sem perdão na lista. Ah, e tem mais um detalhe importante que eu não comentei antes: o modo como Nanami é vista pelas duas entidades, praticamente ao mesmo tempo: feliz, cheia de luz e calor, aconchegante e atraente. Ambos precisam dela, e precisarão ainda mais a partir de agora. Akuraou, como catalisador, e Tomoe, como isso e muito mais. É, pelo visto mais uma vez uma garota é o motivo para dois homens lutarem até a morte. Mas se o ruivo a procurará por necessidade ou por vingança, aí é outra história.

 

Responde à pergunta, Tomoe: o que ela é para você?

Responde à pergunta, Tomoe: o que ela é para você?

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