Tokyo Ghoul √A – ep 8 – Bom, isso escalou rápido
[sc:review nota=3]
Não querendo dizer que isso ficou estranho, mas bem, acho que não tem outra forma de colocar, então, isso ficou estranho. Um ataque da CCG ao Anteiku era algo imaginável desde meados da primeira temporada e algo provável desde o começo da segunda temporada, mas isso não quer dizer que se possa chutar a lógica para o espaço e simplesmente fazer a CCG atacar o Anteiku porque bem, era o que todo mundo estava esperando mesmo. No mínimo se passou um período de investigação entre o episódio anterior e esse, durante o qual investigações foram feitas e se confirmou a identidade do Yoshimura como o Coruja. Mas nenhum sinal é dado na série nesse sentido, exceto talvez pela neve, mas bem, já estava frio no episódio anterior então por tudo o que se sabe ele pode ter sido no dia imediatamente anterior.
Para não dizer que o episódio foi ruim, eu gostei do tema principal dele: a incapacidade de humanos e ghouls coexistirem. É possível, e o Anteiku é a prova disso, mas ghouls vêm matando humanos e humanos vêm matando ghouls provavelmente desde que humanos e ghouls vivem juntos (sempre?). A falha nesse tema é que é muito fácil entender porque humanos agem dessa forma. Ghouls são basicamente uma subraça de seres humanos superpoderosos canibais obrigatórios. Mesmo os que vivem em paz, sem matar uma só pessoa, precisam se alimentar de cadáveres humanos, e ainda que a humanidade soubesse que há ghouls vivendo como urubus, por que deveriam aceitar pacificamente que os corpos de seus entes queridos virassem comida no prato de outras pessoas? Principalmente porque nada impediria que, mesmo que cemitérios fossem convertidos em refeitórios públicos para ghouls, alguns desses preferissem comer comida fresca, se é que me entende. Ou que mesmo não comendo, matassem alguém em uma briga de trânsito, digamos. O provável aumento na população de ghouls resultante de qualquer política de coexistência só aumentaria o risco de devastação súbida da humanidade. Os ghouls não precisam dos seres humanos, quando tiverem matado todos ainda poderão comer a carne de seus semelhantes. Então os apelos da série para a irracionalidade que é humanos e ghouls não coexistirem, quando a coexistência é possível, são inocentes e utópicos demais para fazer sentido. O que não impede que eu me compadeça com a história de ghouls individuais, que eu sei que não vão matar ninguém.
É o caso do Yoshimura. O que não quer dizer que a história dele não tenha sua própria incoerência, ou como eu disse no artigo sobre o episódio anterior, acontecimento conveniente demais para passar incólume pela minha suspensão de descrença. Você vê, ele era um ghoul perdido no mundo, que foi recrutado por uma organização de ghouls malvados, e continuou se sentindo perdido no mundo. Isso faz sentido. Então ele conheceu uma humana e os dois se apaixonaram. O que ainda faz sentido. Então um dia ela convenientemente viu ele matando pessoas em uma viela escura durante a noite, o que já é uma coincidência incomum, mas vá lá. Só que daí ao invés de fugir em horror, ou conversar de longe, ou sei lá, qualquer comportamento que faça sentido entre os dois, ela correu para abraçá-lo enquanto aos prantos dizia como ele deve ter se sentido sozinho esse tempo todo. A menos que ela já achasse que ele era um ghoul e talvez estivesse até perseguindo ele, o que o flashback definitivamente não dá a entender, o comportamento dela é apenas estúpido. Eu entendo que ela estava apaixonada, mas ela não havia se apaixonado pelo monstro. Ela nem sabia que ele era um monstro. Não consigo acreditar que alguém possa assimilar uma informação dessas e superá-la imediatamente. Na melhor das hipóteses, eu esperava, sei lá, algo como o comportamento da Kureha quando descobriu que Ginko era uma ursa, em Yurikuma Arashi. Ela ficou dividida, com um forte conflito interno. É o que se espera de qualquer um nesse tipo de situação, na verdade.
Mas Ukina (esse era o nome da humana) o abraçou e o amou. Eles se casaram e tiveram um filho. O que já era bastante improvável pois um ventre humano não pode dar à luz a uma prole ghoul incólume. As chances eram que ela e o bebê morressem ainda durante a gravidez. Mas de alguma forma, Ukina e sua força de vontade materna (?) conseguiram. Faltou explicação aí, pois é, mas tudo bem, deu para entender o suficiente sobre como era muito difícil e de alguma forma o casal conseguiu ter seu filho. Tudo parecia lindo, mas lógico que não haveria de ser lindo para sempre. Não por humanos, mas foram ghouls mesmo que decidiram matar Yoshimura e sua família. Apenas Ukina morreria, e o bebê cresceria para se tornar a Coruja de Um Olho Só. Sim, o mesmo que o Yoshimura, que não tinha essa forma antes desses acontecimentos, então suponho que ele a tenha assumido depois para esconder o próprio filho? Faria mais sentido também a “mudança de comportamento do Coruja” que a CCG esperou: não mudou nada, é apenas outro ghoul. E quem atacou Yoshimura e família foram os mesmos ghouls da organização da qual ele havia sido membro. Não faço a mínima ideia do porquê, quero dizer, que perigo Yoshimura representava para eles? Bom, pode ser apenas porque eles não querem que o exemplo se espalhe, não querem que outros ghouls acreditem na possibilidade de serem felizes e viverem em paz com seres humanos porque, bom, ghouls em desespero é que alimentam suas fileiras e sua causa. Ou pode ser apenas porque eles eram malvadões mesmo. O episódio não dedica uma fração de segundo ao assunto, mas nesse caso acho que tudo bem. Era mais importante mostrar o Yoshimura tomando café com o Shinohara pela última vez.
Porque o Shinohara vai tomar café com o Yoshimura imediatamente antes de executarem a missão de atacarem o Anteiku. Isso significa, no mínimo, que ele sabe que o Yoshimura não é tão perigoso assim, talvez não seja nada perigoso, mas se é assim, então por que atacar o Anteiku? Talvez objetivem capturá-lo para descobrir mais sobre outros ghouls. Verei como isso se resolve no próximo episódio, creio. Felizmente os graúdos do Anteiku conseguiram antecipar o ataque, perceberam de alguma forma que estavam sob investigação, e tentaram salvar as crianças (Touka e Hinami) mandando-as para outro lugar, sob pretexto de reforma do café. O Nishiki deve ficar bem porque ele não mora ali, mas os ghouls adultos que trabalham com o Yoshimura e que ninguém se importa com eles ficaram e devem morrer na batalha. E coincidentemente (porque não faltam coincidências em Tokyo Ghoul) Touka e Hinami partiram no mesmo dia que o ataque ao café, e quando ele já estava cercado de agentes escondidos. Inclusive alguns deles em uma pequena van que as seguiu. Yomo, que está acompanhando elas, vai ter trabalho.
Enfim, o Anteiku será destruído, Yoshimura será morto ou capturado, Koma e Irimi devem morrer, não faço ideia de onde Roma está (deve ser na Itália), Nishiki vai ficar em risco de novo, agora porque o Anteiku não existirá mais, Touka e Hinami vão viver mais uma tragédia em suas vidas, Eto, a líder múmia da Aogiri está excitada com a batalha iminente, e o Kaneki, o suposto protagonista da história, não tem nada a ver com esse episódio. Mas eu entendo a ironia, ele saiu do Anteiku para proteger o Anteiku, não foi? Pois é.