[sc:review nota=4]

E eis que fui positivamente surpreendido. Como esperado, esse foi um episódio de ação, e sustento que deva ser assim até praticamente o final. Mas ao invés da ação que o anime vinha tendo até agora, (mal) inspirada em battle shonen, é ação com suspense, ação em território desconhecido, ação subindo os degraus do desespero, enfim, ação comum em histórias de horror. E para um anime de horror, apenas faz muito sentido que seja assim.

Kiseijuu é um anime de horror, mas não horror de ação, como Alien ou filmes de zumbis em geral, mas de horror psicológico. O protagonista subitamente se vê transformado em um deles. Como lidar com isso? O que são eles? Entre outras, foram as perguntas que Shinichi teve que se fazer durante todos esses episódios. Como a natureza dos parasitas é agressiva, houve também um número razoável de cenas e episódios de ação, mas na maioria dos casos eles não eram o foco da narrativa. Ao invés, eram elementos necessários que ajudavam a contar uma história. O episódio anterior, depois da despedida simbólica de Shinichi de seu colégio (e ele já havia abandonado sua casa antes), seguida imediatamente por uma ação policial contra os parasitas, fez parecer que o que se seguiria seria ação sem fim, ação como fim. O que restava, afinal? Se todas as perguntas já estavam aparentemente respondidas, então chegada era a hora de colocar as respostas em prática. E aí eu me lembrei das cenas de ação até então, e em como, para o padrão battle shonen que elas emulavam, elas eram toscas, e fiquei preocupado. Pelo menos nesse episódio essa preocupação foi em vão.

Tentáculos balançando de um lado para o outro com os indivíduos tentaculosos parados de pé não tem a menor graça. Mas parasitas acuados tentando usar humanos como escudo e sendo implacavelmente caçados pela polícia tem. Mais graça ainda tem parasitas poderosos demais para a polícia sendo caçados e casualmente matando todos que apareçam no seu caminho, principalmente se isso ocorrer na maior parte do tempo fora da tela. Acompanhar os policiais andando por corredores escuros, e saber que Hirokawa e Gotou estão escondidos em algum lugar, gera uma tensão deliciosa. Quase dá para ter pena do líder prepotente que colocou toda sua tropa em risco de vida. Ele ainda não morreu e não sei se vai morrer, mas todos que morreram até agora, civis humanos inclusive, morreram por culpa dele. É sangue que para sempre irá manchar suas mãos. Assistir isso através dos improváveis olhos de um assassino em série extremamente cruel é outra delícia. Algumas mortes ocorrem por culpa dele, outras pessoas ele salva e não deixa de apontar sarcasticamente como, sem ele ali, elas estariam mortas. A invasão do prédio até agora está sendo maravilhosa e aparentemente não há mais muito o que os policiais possam fazer: Gotou é simplesmente forte demais. E eu apostaria que Hirokawa também. Só que o líder ainda não sabe disso. E mesmo quando descobrir, aposto que ele irá insistir no erro – é característico de seu estereótipo, afinal.

Se é impossível, então Shinichi terá que entrar em ação. Ele já percebeu isso, só não conseguiu convencer Migi, e suponho, ele também não esteja tão certo sobre o que pode e o que não pode fazer para ajudar ainda. Claro, ele pode entrar lá no prédio e repetir as cenas de combate sem graça que ele teve com vários parasitas até agora, e enquanto essa sem dúvida seja uma possibilidade, eu não aposto nela. Gotou (e provavelmente Hirokawa) não é um parasita comum, em uma luta comum Shinichi seria destroçado em poucos segundos. O edifício está aí e já se provou um interessante cenário, com corredores escuros, salas grandes e pequenas, com luz do sol ou não, e até um amplo auditório. Não descarto inclusive que Shinichi encontre lembranças ou pistas deixadas pela Tamura (a Tamura salvar o Shinichi e a humanidade a essa altura seria épico). O lugar é positivamente bom, e já provou isso, para suspense e terror a cada curva no corredor, cada porta aberta. Claro, parasitas podem simplesmente sentir uns aos outros e isso torna tudo mais chato, mas estou confiante que haverá uma boa solução ou compensação para isso. E continuo sentindo cheiro de tragédia no ar.

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