Dungeon – ep 8 – Que herói? Que aventura?
[sc:review nota=2]
Dungeon atinge seu ponto mais baixo, mas não é como se não pudesse piorar porque esse episódio foi ruim por motivos diferentes daqueles que me incomodaram no anterior. Quem sabe não juntem tudo o que há de pior em Dungeon em um só episódio? É possível. Nesse episódio Bell, fingindo ser um herói, partiu em uma pretensa aventura. Quase morreu, expôs a Liliruca ao perigo, e mais uma vez mostrou que ele tem uma visão perturbada sobre as mulheres.
O episódio todo é sobre como, para evoluir como herói, Bell precisa partir em uma aventura. O problema é que ele realmente não sabe o que é uma aventura ou como começar uma, e a única pessoa que ele conhece que poderia talvez dizer a ele algo sobre isso é a Aiz, que acaba de partir em sua própria aventura, mas tenho a impressão de que ela falaria algumas coisas genéricas que ele não conseguiria entender de todo modo. Essa é a personalidade dela, não parece ser alguém capaz de explicar com palavras. Além dela, que outro aventureiro o Bell conhece? Ele é muito forte para o seu nível, e por bons e maus motivos é relativamente conhecido já (em vários episódios vemos transeuntes falando sobre “o garoto de cabelo branco”). Mesmo assim, ele não conhece nenhum outro aventureiro. Bom, tem a Liliruca, mas ela está no mesmo nível que ele e é só suporte, então acho que não teria como ajudar muito mesmo se ele fosse legal o bastante para dividir suas preocupações com sua família.
Quando você está em um MMORPG, perdido e sem companhia, são os NPCs que te ajudam de alguma forma a encontrar o caminho. E tudo bem, porque é um jogo sem história definida. Mas Dungeon não é um jogo, embora seu cenário se pareça bastante com um a ponto de podermos nos divertir com suas semelhanças. Mas o que fizeram nesse episódio foi muito artificial, constrangedor mesmo, e carente até mesmo de lógica interna. Bell andava pela rua se perguntando o que, afinal, ele precisaria fazer para ser um herói, quando Syr, a garota da taverna que tem a carteirinha com o número “2” do Clube do Harém do Bell, o encontrou e o pegou pelo braço e o levou para a taverna. Para … lavar pratos. Imagine isso, você garota que está lendo esse texto (se você for homem apenas acompanhe o raciocínio): você é uma garota e está a fim de um cara. O que você faz? “Levar ele para lavar pratos no meu trabalho” parece uma resposta razoável? Para a Syr parece. E ela largou ele lá, sozinho lavando pratos. Mas não por muito tempo: ele nem tinha começado direito e a Ryuu apareceu para ajudar ele a fazer o trabalho que deveria ser da Syr. E aí ele aproveitou esse momento de intimidade e tarefas domésticas para perguntar a ela que, descobrimos agora, já foi uma aventureira, o que ele precisa fazer para passar de nível. Então ela conta que não basta enfrentar os mesmos monstros de novo e de novo, precisa fazer algo grande, e normalmente só se consegue fazer algo grande em um grupo e essas coisas, enfim, é preciso partir em uma aventura! A construção da cena em que ele aprende (está mais para “ouvir o óbvio”, mas vá lá) qual o próximo passo que ele precisa dar em sua jornada é estúpida. E estúpida também foi a Syr, escutando a conversa do lado de fora da cozinha triste de ciúme. Por que ela deixou ele lá sozinho em primeiro lugar??
De posse dessa informação extraordinária, ele partiu em sua própria aventura. Ou seja: ele foi para a Dungeon com a Liliruca fazer o que ele sempre faz. Mas o andar estava vazio! Estranhamente vazio! E eu sabia que o minotauro com esteróides do episódio anterior iria aparecer, porque foi uma construção de suspense difícil assim de acompanhar. E não é que ele apareceu? O Bell, claro, congelou de medo (lembra do defeito dele, também citado não uma, mas duas vezes por personagens diferentes no episódio anterior? A narrativa de Dungeon é topo de linha cara). Teria morrido se a Liliruca não tivesse o tirado do caminho ao custo dela própria ter se ferido e desmaiado. E aí ele decidiu enfrentar o minotauro. A Liliruca é tão pequena e apenas um segundo atrás ele estava com ela no colo, realmente não entendo porque ele não podia sair correndo carregando ela, mas vá lá, posso assumir que isso não seria possível. Então aí sim o Bell foi heróico, finalmente, porque enfrentou o minotauro para proteger a Lili, e depois que ela despertou ainda a mandou fugir e ficou para trás para ganhar tempo para ela. Então parabéns, Bell, na hora de proteger garotas parece que você consegue ser heróico, mas isso ainda não era e até o final do episódio jamais seria uma aventura.
E porque todo mundo conhece o Bell, chegou notícia à Aiz que ele estava em problemas noutro andar com aquele minotauro. Isso é poder do protagonismo como eu nunca vi antes, é capaz de invocar suas haremetes onde quer que elas estejam, verdadeiramente inovador, vai entrar para a história da indústria do entretenimento. De todo modo, a Aiz chega quando Bell estava para ser derrotado (lógico), e o minotauro mostra que ele pode ser um monstro irracional sedento por sangue, mas tem seu lado legal também e fica esperando eles terminarem de conversar para retomar o ataque. Parecia tudo resolvido, a Aiz iria matar o minotauro e boa. Mas o Bell não pode aceitar essa coisa de ser salvo por uma mulher. E pior: pela segunda vez! Nada disso, Bell prefere morrer a ser salvo por uma mulher! E voltou para a luta. A Aiz e todos seus companheiros deixaram porque sei lá, parece que existe uma regra que impede pessoas de se intrometerem nas lutas dos outros, mesmo se for para salvar a vida delas. Engraçado que isso nunca foi evocado antes em todas as vezes que o Bell salvou ou foi salvo por alguém, mas quem se importa com uma pequenina incoerência do tamanho de um mastodonte. Extraindo forças sei lá de onde, Bell voltou ao combate lutando completamente diferente do que estava antes, e derrotou o monstro enquanto a Freia, que assistia a tudo em seu quarto (ela tem câmeras espalhadas pela dungeon?), literalmente tem orgasmos vendo o Bell lutar. Cada um com sua parafilia, quem sou eu para criticar, né.
O final é mais uma vez inovador. Em outras histórias já nos acostumamos a ver personagens morrerem de pé. Isso mostra o quão fortes foram, o quão difícil foi derrotá-los, etc. Subvertendo esse clichê, Bell vence e termina a luta desmaiado de pé. Inovação. Fantástica inovação.