Gakkou Gurashi – ep 4 – O mundo lá fora
[sc:review nota=5]
Mais uma vez eu avaliei o episódio com nota máxima. Já não sei dizer se o anime é mesmo tão incrível assim ou se sou eu que me deixei apaixonar de uma forma tão profunda que não consigo mais analisá-lo de um jeito imparcial. Peço desculpas por isso, mas simplesmente não consigo evitar. De qualquer forma, espero que vocês também estejam gostando e se divertindo com esse anime fantástico! (Modo fangirl ativado com sucesso… haha). Dessa vez, assim como a prévia já havia sugerido, conhecemos uma parte do passado da Miki e vimos, pela primeira vez, nossas protagonistas em ação do lado de fora da escola.
Alguém mais se sentiu nostálgico com as referências apresentadas? Voltamos à essência dos filmes de zumbis de décadas atrás, quando esse gênero ainda era novidade. Impossível passar por esse episódio sem se lembrar de George Romero e o antigo clichê de ficar preso em um shopping enquanto zumbis dominam tudo ao redor. Gakkou Gurashi já demonstrou que adora encher seus episódios de detalhes e as referências são uma parte importante disso. Vimos também Miki comprando seu exemplar de “The Stand” do autor americano Stephen King (vendido aqui no Brasil sob o título de “Dança da Morte”). Horror não é o meu gênero literário favorito, mas comecei a ler este livro só para saber qual é a relação da história com o anime. Ainda não li o suficiente para fazer comparações significativas, mas a história do livro narra o fim da civilização, causada por um vírus mortal que “vazou” de um Departamento de Defesa. As pessoas que sobreviveram são divididas em dois grupos, um caracterizando o “bem” e o outro o “mal”. Quando os dois grupos tomam consciência de si, cada um reconhece o outro como uma ameaça para sua sobrevivência.
Bem sugestivo, não é mesmo? Se eu tivesse que relacionar isso com o anime, diria que a batalha entre o bem e o mal é representada pelo constante conflito entre realidade e imaginação. Porém, especular se algum personagem ou circunstância específica do livro serviu mesmo de inspiração para a história do mangá ou para a adaptação em anime, é algo que ficarei devendo por enquanto.
Esse episódio manteve uma cronologia aparentemente linear. Estamos de volta ao dia do início do caos. Diferente das outras garotas do grupo, Miki não estava mais na escola porque foi ao shopping com uma amiga depois da aula, que havia terminado mais cedo. Enquanto estão a caminho do shopping Miki vê, em uma televisão, a mesma notícia que Megumi viu na sala dos professores (e é exatamente o mesmo momento da notícia mostrada! Isso foi de propósito, para nos dar uma orientação temporal: os fatos que estamos vendo aconteceram com a Miki naquele shopping ao mesmo tempo em que os fatos que vimos no episódio anterior aconteceram com Megumi e o restante do grupo na escola. *Só para constar: o noticiário estava sendo transmitido por volta das 11:10h da manhã, de acordo com o relógio de parede na sala dos professores). Assim como a professora, Miki também não deu importância ao que viu e continuou o seu passeio normalmente.
Já dentro do shopping, Miki e Kei fazem compras e se divertem demonstrando que são boas amigas. Lá encontram pela primeira vez o Taroumaru que, apesar do breve momento de interação, parece ter gostado muito da Kei. Ele estava com sua dona, uma idosa simpática que também estava passeando por ali. Depois de algum tempo, começa a correria dentro do shopping e os alto-falantes anunciam que há pessoas feridas por causa de algum tipo de acidente. O som é cortado e o alarme de incêndio começa a soar. O caos estava feito: todos queriam desesperadamente sair dali, mas as escadas rolantes não estavam funcionando e o shopping estava lotado. Se ali foi o ponto inicial da contaminação, não me admira o fato de a cidade toda ter virado zumbi tão depressa. Na esperança de sair do shopping, elas procuram o elevador. Nós, espectadores, já estamos acostumados a ver esse tipo de cena em filmes e jogos (fãs de Resident Evil sabem bem disso…), então foi fácil imaginar o que podia acontecer ali. Mesmo assim, foi uma cena tensa e conseguiu criar o clima ideal de terror para acompanhar as cenas que viriam a seguir. O elevador subia lentamente, trazendo consigo a prova de que a humanidade que conhecíamos acabou. Que vontade de gritar para que elas saíssem correndo daquele lugar o mais rápido possível! E foi isso que fizeram assim que se depararam com aquela visão de carnificina dentro do elevador.
Em seguida, o shopping sofre uma queda de energia e tudo fica escuro. Miki e sua amiga correm para dentro do provador de roupas de uma loja e lá tentam se recompor e entender o que é que está acontecendo. Taroumaru deve ser muito bom de faro, pois as encontrou lá dentro e pulou em cima da Kei quase que imediatamente. Infelizmente, a idosa simpática que vimos antes já havia se transformado em zumbi. Situações que envolvem idosos e/ou crianças costumam atingir mais facilmente o nosso lado emotivo porque sempre nos sentimos responsáveis por protegê-los de alguma forma. Mesmo censurada, a cena foi bastante perturbadora! Isso vai ficar na minha mente por um bom tempo.
O trio consegue de alguma forma se trancar em um tipo de depósito. O lugar é aparentemente perfeito para se esconder e sobreviver, pois possui água, comida e até mesmo um banheiro. A princípio, as amigas estão confiantes de que em algum momento a ajuda chegará e as salvará dessa situação. Pelas cenas que se seguem (aliás, que bela construção de cenas!), somos capazes de notar a crescente insatisfação de Kei em ver os dias passando e nenhum sinal de ajuda chegando. Miki também vai ficando triste porque está notando toda frustração de sua amiga e assim, seu medo de ficar sozinha só aumenta. É claro que não demorou muito para Kei abandonar Miki e Taroumaru, sob o pretexto de ir procurar ajuda. Chamo de “pretexto” porque sua atitude foi muito egoísta! Ela não conseguia aceitar esse jeito de viver, ela queria ter o direito de aproveitar os dias lá fora da mesma forma que fazia antes. Kei não pensou em como a Miki se sentiria e nem analisou a situação de forma racional. Por mais que a Miki se negasse a sair naquela hora, em algum momento elas precisariam ir atrás de mais suprimentos e então ela com certeza iria junto. O mundo havia se tornado algo assustador, não era preciso se arriscar indo lá fora para comprovar isso. Na cena da despedida, Taroumaru começa a latir repetidamente e Miki grita com ele de uma forma que o deixa apavorado. Ela se arrepende imediatamente, afinal, ele é a única “família” que lhe restou, agora que a Kei se foi. Esse é o motivo que fez com que Taroumaru passasse a rejeitar a Miki desde então.
Enquanto isso, na escola, Yuki convence as outras garotas a saírem em uma “excursão” do clube. Elas dizem para Yuki ir pedir permissão à Megumi, mas nota-se que isso é apenas para poder discutir a situação sem a presença dela; então decidem que é preciso sair para trazer os suprimentos necessários e que para isso precisarão utilizar o carro da professora. Da mesma forma, momentos depois, pedem para que Yuki vá buscar a chave do carro, assim elas conseguem planejar uma forma menos arriscada de sair da escola. Assim como nos episódios passados, a única que interage com a professora é a própria Yuki, e todas as falas que Megumi supostamente diz para o grupo são sempre repetidas por ela fazendo uso de outras palavras, mas mantendo o mesmo significado. Isso gera a falsa sensação de que Kurumi e Yuri respondem à professora quando, na verdade, estão respondendo à Yuki. Esses detalhes indicam que, a essa altura, algo já aconteceu com Megumi pois ela não está mais com o grupo. Yuki já se encontra na situação mental que atualmente conhecemos, pois está imersa em suas ilusões. Isso me leva a crer que a morte de Megumi foi o grande trauma que fez Yuki assumir essa postura. Mas onde e como ela morreu?!? Se as garotas estão cientes de que o carro da professora é uma opção de transporte que elas podem utilizar, isso significa que elas já haviam encontrado aquela carta (que Megumi estava escrevendo no episódio passado) junto com a chave do carro que estava lá na mesa da sala dos professores. No artigo passado especulei que o motivo para Megumi deixar uma carta, seria por ela ter a intenção de sair e buscar ajuda, mas não imagino nenhuma forma dela conseguir sair daquela escola sem usar o carro! Será mesmo que ela morreu sem nem ao menos participar do resgate da Miki? Enfim, espero que isso seja revelado o mais breve possível porque já estou ficando meio Yuki… digo, louca.
A saída da escola foi outro momento incrível do episódio! Kurumi certamente merece todo tempo de tela que possui. Depois que ela prende o cabelo e se mostra preparada para descer pela escada, todas as tonalidades do cenário mudam e manchas daquela “sombra borrada” que sempre vemos em volta dos zumbis, surgem em vários lugares, como nas paredes e até nas nuvens! A partir daí toda a sequência de ação acontece de uma forma que nos remete a vídeo games: a descida pela escada, a forma como ela ataca vários zumbis de uma vez, o modo como ela recupera a pá e principalmente a facilidade com que ela vai pulando os carros como se fossem aqueles obstáculos que estamos acostumados a ver no Mário, por exemplo. E no fim, ao alcançar o seu objetivo, ela confessa às outras garotas que sua fonte de aprendizado para dirigir foi o vídeo game. O fato de Kurumi ser gamer, me fez pensar em uma teoria: toda a coragem que ela demonstra ter para matar zumbis e se arriscar nessas situações, vem do fato dela conseguir manipular a realidade para encarar esses momentos como se fizessem parte de um jogo. É quase a mesma situação da Yuki, com a diferença de que a Kurumi tem o controle de quando deve ou não usar essa “realidade alternativa”. Digo isso porque os zumbis só assumem esse aspecto borrado específico quando estamos vendo a cena sob o ponto de vista da Kurumi. Quando é a Yuri que está observando os zumbis, eles estão normais! (Normais para o padrão “zumbi”, é claro…), no shopping e no noticiário eles também não aparecem envoltos em nenhum borrão. Lembrem-se de que a única vez em que Kurumi hesitou para matar um zumbi foi no segundo episódio, após ver a foto daquela garota (que agora era zumbi), no celular que ela deixou cair. Nesse momento as sombras começaram a se esvair e foi possível ver um pouco do resto dela, e foi aí que Kurumi hesitou em matá-la. Isso pode ser um simbolismo para demonstrar que a mente da Kurumi estava voltando a ver aquele zumbi como um ser humano e não como parte de um jogo, onde não haveria nenhum problema ou culpa em matá-lo.
Para finalizar este artigo, que está gigantesco (meu Deus do céu, será que alguém vai ter paciência para ler tudo isso? Caso tenha, desculpa aí amigo leitor! Foi a empolgação…), eu não poderia deixar de questionar o relacionamento entre Miki e Kei, afinal, o que vimos foi só uma grande amizade que ficou ainda mais forte por causa das circunstâncias ou era algo mais? Apesar de ter a ending totalmente dedicada a elas, e apesar de todo “clima” que rolou entre as duas nesse episódio, tenho a impressão de que o anime jamais esclarecerá esse relacionamento. Queria que o Taroumaru fosse capaz de nos contar o que ele viu ali… Só para matar a curiosidade. O nome da música que deu vida àquela bela ending é “We Took Each Other’s Hand”, revirei a internet procurando sua versão completa, mas ainda não foi lançada em lugar nenhum. Essa é uma triste música romântica que retrata muito bem uma situação de despedida. Ouvi-la enquanto Miki descobria que Taroumarou fugiu por medo dela e também para, provavelmente, procurar Kei, foi de cortar o coração.
Vou colocar aqui a tradução do trechinho que foi tocado na ending, dessa forma vocês podem tentar tirar suas próprias conclusões sobre essa história de “amorizade”.
“Um dia, quando eu acordar deste sonho sem fim, eu quero te ver de novo. Todo o calor de seus dias suaves, tantas lembranças com você. Eu me sinto tão perdida sem você aqui do meu lado. Quando eu acordar deste sonho, eu quero estar com você de novo. Lembre-se daquele momento em que demos as mãos. Se eu nunca tivesse deixado você ir para tão longe, nós ainda seríamos os mesmos. ”
Fábio "Mexicano" Godoy
“A Megumi vai morrer mas pelo menos vai ajudar as garotas uma última vez, talvez seja ela a salvar a Miki”, “A Kei vai morrer mas pelo menos ela vai mandar encontrar alguém (Megumi ou as demais garotas) e avisá-las sobre a Miki”. Nada disso. Por que faz isso comigo, Gakkou Gurashi? Todo mundo morre em vão mesmo? É tudo inútil?
A abertura deveria começar com a inscrição no portão do inferno de Dante, “Deixai para trás toda esperança, vós que entrais”
Fábio "Mexicano" Godoy
Outro comentário digno de nota é quanto tempo já se passou. Pela perspectiva da Miki e da Kei, parece que se passaram semanas desde a tragédia. Pelo menos muitos dias se passaram, não acho que alguém no lugar da Kei enlouqueceria tão rápido. Talvez tenha se passado muito mais tempo do que imaginamos.
Josiane Siri
Pois é, boa parte das dúvidas que o anime está deixando é justamente por não deixar claro o período de tempo e às vezes até tentar confundir o que é que vem antes ou depois na história. Mas tenho esperanças de que tudo isso tem um motivo profundo e bem planejado. Seria um grande desperdício gastar um episódio inteiro para desenvolver a Megumi e outro para a Kei, e depois não utilizá-las para nenhum desfecho relevante na história…
Aliás, essa demora para esclarecer a morte da Megumi está criando muitas expectativas! Se não for algo chocante o suficiente para valer a pena “segurar” por tanto tempo, vai ser muito frustrante lidar com isso… :/
Josiane Siri
Ah sim, outra coisa: quando eu disse que a Kei abandonou a Miki e o Taroumaru muito rápido, foi porque estou considerando que o tempo que passou para elas (em dias ou semanas) tenha sido exatamente o mesmo que se passou para as garotas na escola. Então, não é exatamente uma comparação que leva em conta a quantidade de dias, mas sim o tipo de relacionamento delas. Kei e Miki já eram amigas antes de tudo isso acontecer. Kurumi, Yuri e Yuki nunca nem tinham se visto antes de estarem naquela situação de vida ou morte; e Yuki ainda tem o “agravante” de sua situação mental que coloca o grupo todo em risco. Mesmo com tudo isso, Kurumi e Yuri nem mesmo consideraram a possibilidade de abandoná-la. Já Kei, que tinha motivos de sobra para querer enfrentar a situação junto com a Miki, decidiu deixá-la sozinha. Por isso eu considero que, independente de quantos dias ou semanas tenham se passado, Kei foi embora muito cedo pra alguém que tinha um laço de amizade com a Miki.
Fábio "Mexicano" Godoy
Ah sim, mas convenhamos que ficar trancada em uma sala apertada comendo a mesma coisa todo dia (parecia ser um cereal) é alguns níveis de enlouquecedor a mais do que ficar trancado em uma escola relativamente ampla e com boa variedade de coisas para comer (ainda que estejam acabando). E quando não está colocando a vida de todo mundo em risco ou apertando corações já traumatizados, a Yuki deve servir como um bom entretenimento, LOL.
Fábio "Mexicano" Godoy
E elas não se conhecerem deve ter sido um fator positivo também. Para passar o tempo pouca coisa é melhor do que compartilhar histórias de vida. Já a Kei e a Miki, coitadas, provavelmente já sabiam tudo o que havia para saber uma sobre a outra, tendo se limitado àquelas conversas contrangedoras onde fica-se falando sobre algo que já se falou dúzias de vezes.