Rokka no Yuusha – ep 8 – E agora, Adlet?
[sc:review nota=5]
Não é como se tivessem dito em palavras, confessado culpa, mas acho que a essa altura não restam muitas dúvidas ainda, restam? O Adlet conseguiu ser ouvido, mas me pergunto se pelo final do episódio ele não preferia ter continuado fugindo escondido. Parecia mais seguro ter seis pessoas atrás dele que não sabiam onde ele estava do que uma só cara a cara com ele com total capacidade de matá-lo. Esse episódio teve bem mais ação que o anterior, e acredito que o próximo terá ainda mais do que esse. A construção de personagem, mínima que tenha sido em alguns casos, está compensando e conforme algumas segredos se aproximam de uma resolução (pelo menos para quem assiste, não necessariamente para os personagens) outros surgem para ocupar seu lugar e manter o clima de suspense. Não está assistindo Rokka no Yuusha ainda? O que está esperando?
A trama principal desse episódio foi a luta entre Adlet e Hans e como o primeiro finalmente convenceu o herói assassino de que ele não era o sétimo. Imediatamente começaram a planejar o próximo movimento, a tentar descobrir quem poderia ser o sétimo, como ativou a barreira, essas coisas. O que surpreende um pouco, de forma positiva, é ver o Hans como um personagem tão sensato. Quero dizer, não é como se ele fosse o oposto disso até então. Na verdade, como um assassino astuto e uma pessoa dotada de bom domínio da lógica ele já se destacava desde o começo. Mas desde sua aparência até seus modos desleixados e desrespeitosos, mais sua teimosia, ganância e rebeldia, ele sempre foi retratado como uma existência malévola do tipo que não se pode tolerar e com a qual é inútil conversar. Bom, ele provavelmente age assim como um assassino soturno e solitário mesmo, e Adlet apenas tornou-se seu alvo porque ele estava quase completamente convencido de que ele era de fato o sétimo – e sabendo, por ossos do ofício, do poder das palavras, ele não poderia acreditar no Adlet apenas por causa de suas palavras. Era preciso mais, muito mais do que isso, e naturalmente não seria qualquer um que conseguiria isso. Mas Adlet não é qualquer um, ele é um herói, ele é o Homem Mais Forte do Mundo. Ele conseguiu provar sua inocência para Hans, deixando enfim de ser alvo para ser aliado. E o Hans não destrata aliados apenas para manter sua imagem de rebelde maligno.
Por outro lado, outra heroína correspondeu exatamente ao que eu esperava dela: Chamot. Desde o começo eu a achei uma psicopata e essa sensação só aumentava a cada episódio. Eu achava mesmo que ela seria capaz de matar todo mundo para poupar-se do esforço de ter que descobrir quem é o traidor, afinal ela se considera forte o bastante para derrotar o Arquidemônio sozinha então por que não? E ela não me decepcionou. Disse exatamente isso nesse episódio. E que poder o dela, hein? É basicamente uma necromante, capaz de transformar suas vítimas em seu exército imortal particular. A diferença da Chamot para a imagem que se tem de necromantes tradicionais é apenas material, estética, e não de conteúdo: enquanto um necromante invoca um exército de esqueletos, ela vomita um exército de líquido digestivo. Provavelmente tão podre e fedido quanto, e sem dúvida mais nojento.
Quem realmente me surpreendeu, quem me surpreendeu enormemente, foi a Nachetanya. Até agora uma princesinha assustada ou mimada (e às vezes assustada e mimada), ela deu uma invertida no Goldov que eu quase fiquei com dó do grandão. Mas não fiquei, ele vinha sendo cada vez mais um babaca ciumento quanto mais ela insistia no diálogo civilizado, então aquilo foi necessário e ele mereceu. Não sei o que ele fará agora que foi colocado em seu devido lugar, mas aposto que obedecerá pianinho a coelha daqui até o final. Desde o começo o personagem dele parecia talhado para um final trágico defendendo a princesa, mas esse final seria heróico e clichê. Agora a situação mudou completamente de figura, e com essa delicioso pináculo de um desenvolvimento que vinha acontecendo de forma lenta mas certeira desde que ele surgiu, morrer pela princesa não é mais prova de amor e devoção, mas uma forma de penitência e redenção. E a princesa, hein? Era difícil imaginá-la séria desse modo, mas agora vê-se que ela realmente foi criada para ser uma heroína e chefe de estado. Aliás, fiquei morrendo de curiosidade para descobrir o que foi que ela percebeu que ia contar para o Goldov mas foi interrompida pelo corte da cena.
A Maura, bom, a Maura. Você ainda tem dúvida agora de que ela é a sétima? O rosto que ela fez enquanto falava ao pé do ouvido da Flamie “mate o Adlet” não me lembrou outra pessoa senão o Imperador Palpatine de Guerra nas Estrelas. Repito a pergunta: você tem ainda dúvida de que ela é a sétima? E ainda que a probabilidade fosse baixa (sujar as próprias mãos nesse momento seria improdente) eu fiquei o tempo todo morrendo de medo pela vida da Flamie. Eu sabia que a chance dela ser morta era praticamente zero, mas convença meu cérebro que a lógica da narrativa impede que uma conhecida vilã mate nesse momento uma personagem cuja triste história de vida eu acabei de descobrir e com quem por isso criei um vínculo afetivo e pois então está tudo bem as duas ficaram sozinhas em uma floresta sinistra. Apenas tente. Depois, claro, de ter convencido o seu próprio cérebro.
Agora Rokka no Yuusha está assim: a Maura é a sétima e talvez haja uma oitava com ela, uma santa com o exato poder necessário para ter ativado a barreira, como Adlet suspeita. E não esqueça que a pessoa que garantiu que não existem santas com poder que sirva a esse propósito foi a própria Maura, e provavelmente ela é a única que sabe tanto sobre as santas mesmo. Mas por enquanto Adlet (e Hans) está (de novo) mais preocupado é em sobreviver, encurralado pela Chamot, sem conseguir contra-atacar, fugir ou se esconder. Como a razão não pode parar a Chamot e como o protagonista não pode morrer, ou algum evento externo impede a Santa dos Pântanos ou ela é uma forte candidata à primeira a bater as botas. E o que será que o Adlet queria perguntar a ela?