Shomin Sample – ep 3 – Todo mundo um pouco mais plebeu
[sc:review nota=3]
Todas as garotas da abertura já apareceram, acho que o harém do protagonista está completo. Ou pelo menos o núcleo dele, vai saber. De longe a melhor das duas novas foi a Karen Jinryou, a espadachim de família samurai que só sabe balançar a espada e fazer mil rostos engraçados diferentes. Quase morri de rir com a Karen, Karen melhor garota! Não, mentira, continuo preferindo a Aika “então expulsa elas daqui” Tenkuubashi. A outra nova garota é a Hakua Shiodome, uma gênia que entra em transe resolvendo fórmulas em qualquer superfície e que apesar de ter a mesma idade das demais tem a aparência física de uma menina de 5 anos, e isso me faz ficar muito perturbado quando ela aparece em qualquer cena minimamente sensual. O personagem dela em si é interessante, mas as cenas insinuantes dela me incomodaram.
Eu poderia escrever um artigo inteiro só sobre as caras da Karen. Bom, na verdade acho que não, não sou muito bom nesse tipo de artigo-piada, mas realmente admiro quem consegue escrever assim, hehe. De qualquer jeito espero ver muita Karen ainda! Se ela está assustada faz uma careta engraçada. Se está agitada faz uma careta engraçada. Se está com raiva faz uma careta engraçada. Se está fingindo faz uma careta engraçada. Se está encantada com uma garotinha fofa faz uma careta engraçada. Acho que as caretas engraçadas dela são infinitas, não vão esgotar até o final do anime. Mas também, coitada, é de uma linhagem de samurais e, não sei sua família, mas pelo menos suas colegas de escola esperam muito dela por causa disso. Ela deve sentir muita pressão para se comportar com a rigidez e demais maneirismos que estamos acostumados a associar com samurais. E com filhas de samurais ou espadachins em geral, esse é um arquétipo de personagem já bastante cimentado em haréns, bem como sua piada mais comum: vê-las perder a compostura, de preferência com coisas ridículas. E a Karen é exatamente assim, na verdade ela fica tão agitada, tão fácil e por tão pouco que é quase uma crítica ao clichê ao expôr o quão ridículo ele consegue ser. Mas Shomin Sample é só uma comédia descompromissada, então eu sei que não tem nenhuma crítica profunda assim.
A Hakua é uma esquisita de outra estirpe. Na verdade, como já deve ter percebido, todo mundo nesse colégio é esquisito – exceto o protagonista, é claro. Porém a maioria delas consegue viver em sociedade, ainda que de forma limitada, e se relacionam frequentemente com outras pessoas. A Hakua não. Provavelmente é gênia desde criança e sempre foi tratada como tal e incentivada a estimular seu intelecto. Ela é absolutamente excêntrica, incapaz de cuidar de si mesma, não consegue se vestir, não consegue comer nada fora do seu menu já estipulado, e quando entra em transe para resolver uma fórmula qualquer sai rabiscando tudo o que vê pela frente, começa a tirar as roupas (???) e não se lembra de nada depois que volta a si. Para completar, a aparência infantil. O tipo de personagem dela não é daqueles que me agradam muito, mas eu não teria me importado se ela não tivesse que tirar a roupa. Sério, por que ela tira a roupa? O que tirar a roupa e genialidade têm em comum? É menos do que nada. É só fanservice, mas poxa Shomin Sample, precisava fazer fanservice justo com a garota que parece que mal tirou as fraldas? É muito mal-gosto.
Nessa altura do anime já dá pra entender qual a proposta de Shomin Sample (ou eu acho que eu entendi, me corrige aí se achar que tô falando besteira). As garotas da tal alta sociedade japonesa que estudam naquele colégio quando se formam e voltam para o mundo real estão absolutamente deslocadas, incapazes de viver no mundo real. Para ajudá-las, trouxeram um garoto absolutamente comum para a escola. Ok, essa é a sinopse. Mas sinopses, além do gênero, geralmente revelam pouco mais que o pretexto da história, então eu ignorei-o solenemente e absorvi apenas “harém escolar de protagonista pobre com garotas ricas”. Mas eis que Shomin Sample carrega sua sinopse junto ao coração e, até agora, toda a história ocorre ao redor de um garoto comum ensinando despretensiosamente garotas excêntricas a serem mais normais.
É uma escola para garotas ricas na qual todas as suas alunas foram ensinadas desde cedo que são especiais e devem se comportar como tal. Não apenas elas vivem em um mundo à parte mas as expectativas que se derramam sobre elas são pesadas (e às vezes irreais também). Não é de se espantar que sejam incapazes de viver na sociedade normal se durante toda a sua vida foi negada a normalidade a elas. Sequer sabem o que é, nunca viram. Para resolver isso a escola trouxe um garoto normal para estudar junto com elas. Não é como se a intenção fosse ensiná-las a ser mais normais, está mais para uma espécie de atividade extra-curricular ou matéria do Globo Repórter: o que é um normal, como reconhecê-lo e como interagir com ele. Repare que isso em momento algum implica nas próprias garotas se tornarem mais normais. Mas deixados à própria sorte é isso o que está mais ou menos acontecendo.
Começando pela Aika, que não se sente especial o bastante para interagir com as outras garotas especiais da escola. Como o Kimito se tornou popular, ela decidiu que aprender tudo sobre a normalidade daria a ela uma vantagem, daria a ela algo de especial, e com isso ela teria coragem de interagir com as outras garotas. Kimito (e qualquer pessoa sensata) percebe que isso é um plano furado, mas não a demove disso. Ao invés, ele convive com ela, do seu jeito normal de conviver, e ela parece estar feliz assim enquanto sem perceber está aprendendo mais do que imagina sobre ser normal. A Reiko foi educada para ser tão tradicional que está levando às últimas consequências um simples acidente (e acha que o Kimito também está) e decidiu que deve se casar com o protagonista. Ainda não chegou a vez dela de ter um choque de normalidade, mas creio que isso acontecerá no próximo episódio. As outras duas eu já falei, mas para ser completo repito o básico. Da Karen esperam que haja como uma verdadeira filha de uma linhagem de espadachins, e para manter as aparências após se assustar com um inseto ela acaba desafiando o Kimito. Era só um despiste e ela sabe disso, mas não pode deixar sua “honra” ficar “manchada”. Em uma sequência de eventos nos quais ela própria se derrota, acaba acreditando que o Kimito é forte daquele jeito por ser normal e decide ser sua aprendiz até tornar-se forte o suficiente para derrotá-lo. Tirando a parte que lhe ameaça a vida, ele não se importa com a presença dela. E também não se importa com a presença da pequena Hakua, a gênia que desde cedo só teve o cérebro estimulado enquanto seu corpo e sua psiquê cresciam. Ela ter aparência de criança acaba sendo uma metáfora para o quanto os outros aspectos de seu ser que não a inteligência foram negligenciados. Só o que querem dela é que resolva problemas para indústrias e governos. O Kimito quer que ela coma e se vista direito. Ela pode aparentar ser uma criança, mas já tem idade para se apaixonar (ainda que mentalmente também seja subdesenvolvida e não consiga entender isso direito), então esses pequenos sinais de gentileza do Kimito a conquistam.
No final, Kimito, Aika, Hakua e Karen se divertem no quarto dele como adolescentes normais (ou quase; um dia elas chegam lá). Para o Kimito isso é o de sempre, ele nem percebe o que está fazendo. Para as garotas esse é um mundo completamente novo. As alunas desse colégio são educadas em bailes e arranjos florais, mas não tem a menor ideia de como é apenas ficar à toa com os amigos. Essas três sortudas que podem contar com o Kimito (e certamente a Reiko também, em breve) estão aprendendo algo muito mais importante para viver em sociedade, e só não perceberam ainda porque esse não é o tipo de coisa que a gente precisa de papel e caneta para anotar, é algo que aprendemos naturalmente enquanto crescemos. A elas isso foi negado em nome da posição social em que nasceram, mas estão tendo agora a chance que nunca tiveram antes.