Alderamin on the Sky – ep 9 e 10 – Agora vai ser guerra santa de verdade
Essa semana tá difícil. Não falo do meu ritmo de publicações ou da minha disponibilidade para realizar minhas tarefas em geral, não que estejam muito melhores, mas sim dos animes mesmo. Já esculhambei Tales of Zestiria por problemas graves de ritmo narrativo. Surpresa: Alderamin não foi muito melhor. Quero dizer, para ser justo acho que o ritmo foi sim bem melhor, mas a história, por outro lado, não convence e não engaja como Zestiria, e aí os dois terminam empatados. Também assisti 91 Days e, embora ainda decente, acho que o episódio 9 foi o pior desde o começo do anime – mas reservo esses detalhes para quando for publicar o artigo de 91 Days.
Quem se salvou, inesperadamente, foi Re: Zero, aquele anime que eu mais critico do que elogio desde o seu começo, no já longínquo mês de abril. Dos que estou acompanhando ainda falta assistir Amanchu, que é um anime que se por um lado é difícil errar na fórmula, por outro é muito fácil escrever uma história bastante entediante. Até agora evitaram isso com sucesso, mas vai quê, né? Essa semana tá difícil, afinal.
A Rebelião Sinack acabou de forma bastante anti-climática. O anime não poupou esforços tentando me convencer que aquela vinha sendo uma guerra suja, difícil, travada sob condições desvantajosas para o exército katvariano e sob liderança inepta. O combate final tinha tudo para ser uma máquina de moer carne humana. E bom, talvez tenha sido, né? A vila da Nana foi queimada por batalhões que chegaram lá antes, afinal. Primeiro problema: eu queria ter visto essa batalha. Bom, talvez não exatamente essa batalha já que ela se pareceu muito mais com um massacre do que com uma batalha, mas eu com certeza gostaria de ter visto uma batalha final. Depois do combate no passo das montanhas e a bem coreografada luta entre a Nana e a Yatri minha expectativa para uma batalha grandiosa (ainda que com a animação fraca de Alderamin) estava à mil. Mas não teve batalha nenhuma.
Depois de enxugar as lágrimas e aceitar que eu não vi tal batalha, comecei a pensar racionalmente sobre o que havia acabado de acontecer. E o que havia acabado de acontecer? O plano não era as três frentes de batalha se unirem no planalto e atacarem juntas a última vila? Por que então aqueles soldados chegaram antes? E o que aconteceu com o resto dos guerreiros sinacks? Foram todos mortos por uma unidade avançada (que eu nem sei porque estava avançada), assim, fácil? Mas esqueça os sinacks e os katvarianos, quero falar agora sobre a unidade de ações especiais secretas da República de Kioka, que provocou tudo isso.
O plano deles, na batalha final, era matar o general. É o básico né? Derrote o comandante e colha a vitória. Não que eu ache que fosse ser tão fácil assim porque o general era apenas decorativo para começo de conversa (e quem se preparou tanto e tão cuidadosamente para uma operação tão complexa deveria ter descoberto isso) e como todas as forças estavam reunidas o problema da sucessão no comando deveria ser resolvido fácil e rapidamente. Claro que ainda haveria o fator moral, mas parece um objetivo pequeno para tanto empenho. E para tanta imprudência: eles usaram no ataque os rifles de precisão que Katvarna sabe que só eles deveriam possuir. Nota dez em esconder a identidade! Quero dizer, mesmo se eles não souberem que o cientista katvariano que entregou essa tecnologia para eles a entregou também para Katvarna eles sabem, no mínimo, que bom, ele é katvariano e a desenvolveu em Katvarna. A chance de que eles a tenham e a reconheçam não é desprezível, certo?
Talvez esperassem que com a moral baixa depois de perder o líder os katvarianos fossem ser simplesmente massacrados até o último homem (não restando ninguém para denunciá-los, portanto) pelos sinacks. Aí o que me parece furado nesse plano é que aparentemente não haviam sinacks suficientes por lá para tanto. Mas não foi ali que os katvarianos foram massacrados e não foi na batalha final (que eu não vi) que os sinacks foram massacrados – tudo graças às amizades de infância e aos feromônios irresistíveis do Ikuta! Sendo justo, pelo menos isso já era uma possibilidade antecipada desde que o protagonista disse, episódios atrás, ter estado entre os sinacks em expedição científica quando era criança.
Mas eu não esperava que a Nana tivesse a idade dele! Olha pra ela, pro porte físico dela, e diz se não é só a substituta da princesa enquanto ela não pode aparecer (ela é a princesa e eles estão no meio de uma guerra, afinal)? Deveria ter a mesma idade dela, não é? Mas que nada, tem a mesma idade que o Ikuta e sua gangue. E que não se diga que os sinacks se desenvolvem daquela forma, sendo portanto uma característica étnica, porque ela foi a única baixinha com cara de criança que apareceu. Pelo menos se torna mais aceitável que ela seja tão habilidosa em combate, rivalizando com a Yatri (que no entanto permanece imbatível). E também ligeiramente menos horrível a cena onde soldados katvarianos tentaram estuprá-la.
Uma coisa que eu acho que o anime fez certo, contudo, foi retratar a Rebelião Sinack como apenas um plano executado por Kioka para deixar Katvarna em maus lençóis em sua fronteira norte. Eu já havia deduzido isso no artigo anterior. Mas eu achava que o objetivo de Kioka era abrir o caminho para a sua própria invasão, não para atrair um terceiro inimigo. E nisso acho que Alderamin já não acertou tanto, né? Quero dizer, introduzir elementos novos e importantes dessa forma brusca não é muito agradável. Mas no meio do exército sagrado de Aldera há um estrategista de Kioka, supostamente brilhante. É a cartada final de Alderamin para nos convencer que o Ikuta é um gênio: fazendo-o derrotar outro gênio. Até agora só sabemos que o Ikuta é um gênio porque os outros dizem que ele é um gênio. E esse moleque de Kioka parece ser um gênio porque escreve bastante. Bom, quem quiser que se deixe convencer.
Bell Dheyol
Discordo: acredito que à história está caminhando bem e sem pausas. O episódio era para a construção de um conflito bem maior e gostei de inserirem à La Saia Alderamin, pois o abuso aos Quatro Grandes Espíritos já havia dado sinais de que isso daria problemas futuramente (mais um sinal da incompetência do general). Apesar de ter tido uma aparição inesperada, gostei de como mostraram uma ameaça maior.
Desde o início, o monólogo da Chamille deixou óbvio que o Ikuta seria o maior estrategista do mundo, apesar de não gostar da idéia que ele não “perca”.
Gostei de como usaram o flashback inicial para criarmos uma empatia com a Nana e simpatizarmos mais facilmente na cena que ela encontra os familiares mortos. O corte do dedo que o Ikuta fez como pedido de desculpas me agradou também.
Até!
Fábio "Mexicano" Godoy
Mas eu disse justamente que a melhor parte (única realmente boa do roteiro, na verdade) foi a consequência da Rebelião. Só não é melhor porque o caso é que eu não sabia que a religião aldera era tão séria assim. Pra mim, por tudo o que foi apresentado no anime até o episódio oito, era só uma característica cultural de Katvarna, não uma potência com identidade própria e independência. Eu sei, é o diabo do nome do anime e tal, mas e daí? Não é como se até agora tivesse ocupado nenhuma posição central no enredo em algum momento relevante, ou sequer tenha sido citada com constância desde o início do anime.
Quanto ao Ikuta ser um gênio, é, eu sei. Só que o anime não mostrou ele como um até agora, apenas mostrou todos os demais como patetas ou como bons em apenas uma coisa mas dependentes do Ikuta para todo o resto. Aliás, esquece esse “todo o resto” aí, é para tudo mesmo, até aquilo no que são bons: a Yatri é uma guerreira sem par mas se descontrola; o atirador do cabelo verde é incrível mas não tinha muita confiança em si mesmo – além de ter um irmão bem babaca. O Ikuta é apenas uma pessoa normal, com bom senso em meio de um monte de gente com paralisia cerebral. Aliás, essa é uma boa comparação em época paralímpica: o Ikuta não é o Usain Bolt. Ele é sei lá, eu, gordo e sedentário, mas competindo com amputados. E ainda largando na frente, só por segurança.
Obrigado pela visita e pelo comentário =)