Blue Exorcist 2 – ep 9 – Admiração de irmãos é algo complicado
Eu sou o mais velho de 4 irmãos e uma irmã (sim, eu sou um legítimo aniki :v), a vida em família é algo que às vezes dá muito certo e outras vezes dá muito errado, cabe aos irmãos tentarem se entender e cabe também a eles estabelecerem limites do que rola ou não fazer.
Esse episódio de Ao no Exorcist trata do desenvolvimento do personagem do Yukio, não é nenhum episódio de grandes paradigmas ou esquemas complexos, mas é um episódio que exige uma boa quantidade de tato quanto as relações humanas e os sentimentos que cada um têm. Ele simplesmente é o que é, sem grandes compromissos fora da linha do relacionamento entre os irmãos e isso torna ele bem centrado.
Muitas vezes as pessoas são tomadas de admiração por atos que consideram incríveis. Às vezes são feitos pequenos que, em teoria, qualquer um podia fazer, no entanto, mesmo atos pequenos quando feitos em excesso e sem caráter beneficial nenhum podem ser prova de um caráter e crenças admiráveis. O Rin, como pessoa tremendamente honesta que faz o bem porque acha legal, sem esperar nada em troca e com uma presença forte que o torna relativamente carismático e fácil de fazer amigos é um exemplo perfeito de alguém com caráter admirável.
Admiração é algo saudável e que inclusive é a porta de entrada para amizades. Quando vemos alguém bem sucedido em algo que gostamos ou queremos ser, é comum tentar seguir os exemplos dessa pessoa, essa imitação subconsciente que às vezes vai do modo de falar, andar, agir a até alimentação e modos de viver. É saudável em certa medida, pois propicia a repetição de padrões que, usualmente, funcionam (já que ninguém repete o que dá completamente errado a menos que seja retardado).
Ainda assim a admiração também leva a problemas ou a eventos sérios. Quando falamos de eventos como a criação de um modelo de vivência em massa, desprovido de individualidade, efetivamente estigmatizando todo um grupo de pessoas (como um exemplo esdrúxulo, pensem no esteriótipo como das patricinhas da escola que andam com as mesmas roupas da sua amiga famosinha) e às vezes até criando movimentos imensos (vide o Stand alone complex que foi um dos responsáveis pela Primavera Árabe, na qual a pressão psicológica e midiática, mesmo sem um grande objetivo em comum, com o óbvio auxílio dos Estados Unidos, as transformações e reformas foram ocorrendo em massa) e a admiração que Yukio sentia por Rin passou por um lado completamente diferente.
Existem certos sentimentos negativos que advém da admiração, as formas mais comuns deles são a inveja e o ciúmes. Ciúmes é basicamente a insegurança e medo de se perder algo que se têm muito prestígio e que se julga seu, ciúmes fútil é algo extremamente pobre de significado e demostra uma grande insegurança de quem o tem. Eu particularmente sou uma pessoa que dificilmente sente ciúmes, apesar de haver certas ressalvas, porém, conheço pessoas que sentem um ciúme doentio ao ponto de atacar aqueles que sequer falam com o alvo de seu afeto e pessoas que conceitualmente não entendem o que é sentir ciúmes.
Quando falamos de inveja, porém, vemos um exemplo bem mais concreto de desvirtuação da admiração. Basicamente, quando invejamos alguém, queremos um traço que aquela pessoa tem e nós não, não é necessariamente algo que tem haver com insegurança, mas sim com uma necessidade puramente egocêntrica de ser melhor do que o outro ou ser igual ao outro. Foi com esse tipo de sentimento que Yukio lidava. Rin como o irmão mais forte, carismático, feliz e paparicado atraiu a inveja de Yukio que se esforçava o máximo para poder ajudar seu irmão sem aparentemente receber algo em troca.