Eu pretendia assistir esse anime apenas porque ele me parecia estiloso. Espiãs em uma Inglaterra vitoriana steampunk, gosto da ideia. Mas não tinha expectativa nenhuma pela história – não que achasse que não seria boa, apenas não pensei a respeito e não me importei mesmo. Deveria ter me importado.

O roteirista desse anime original é Ichiro Okouchi. Não é alguém que eu reconheça de nome, então jamais me passaria pela cabeça que estava casualmente assistindo um anime do mesmo cara responsável pelos roteiros de Code GeassValvraveKabaneri of the Iron Fortress. Valvrave eu não assisti, mas já li referências positivas o suficiente para colocá-lo na minha lista futura. Code Geass (primeira temporada) e Kabaneri eu assisti e gostei bastante. Sei também que são todas obras polêmicas, mas eu estou consistentemente sempre do lado favorável dessa polêmica. Se eu soubesse disso antes estaria realmente ansioso por Princess Principal. E essa ansiosidade teria sido plenamente compensada!

A parte técnica e visual ficaram muito boas. Gostei da ação, da caracterização, do character design. A pesquisa que devem ter feito para a produção do anime é enorme – e eu devo comentá-la conforme pesquiso nos episódios vindouros, os quais irei acompanhar aqui no blog (surpresa!). Por exemplo, o Colégio Mayfair toma seu nome do tradicional bairro de alta classe em Londres, que entre tantas histórias ilustres, foi o local de nascimento da atual Rainha da Inglaterra. O anime está muito bom em termos técnicos. Mas é no roteiro e na narrativa que ele brilha de verdade em meio à fumaça do vapor steampunk.

Por que garotas, e garotas tão jovens? Essa deve ser a pergunta de muitos. É por que moe vende? Não duvido que hajam vozes no comitê de produção do anime que tenham advogado por espiãs adolescentes ou sido convencidos pela ideia apenas por causa disso. Mas conforme a história desse primeiro episódio se revelou brutal e amoral, o fato delas serem garotinhas fofinhas serviu para criar um enorme contraste e uma quase dissonância cognitiva que potencializaram o peso dramático das cenas mais fortes do episódio.

Isso não é trabalho de heróis

O tema escolhido para o episódio não poderia ter sido melhor: Mentiras. A vida de um espião é uma vida de mentiras. Costumamos enxergar os protagonistas dos animes que assistimos como heróis, como defensores do bem e salvadores dos desafortunados. É natural, dado que gostamos de heróis e que a maioria das histórias realmente se trata de heróis (até James Bond, o espião mais famoso do cinema, é só mais um herói de ação; um com bastante classe e mulherengo, mas um herói de ação ainda assim). Mas a espionagem não é heroica por natureza, bem o contrário, ainda que eventualmente possa produzir o bem. Dizer de novo e de novo para o expectador que espiões mentem, que as garotas que estamos vendo são assassinas, manipuladoras, mentirosas, coloca as coisas em perspectiva. E tudo isso coroado pela cena final, para que não restem dúvidas:

Não (*bang!*). Não (*bang!*). Não (*bang!*). Não (*bang!*).

Depois desse episódio eu não me arrisco a confiar em nenhuma daquelas personagens. Qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento, nunca irei me sentir seguro. E em um anime sobre espionagem isso é excelente.

Quão incrível será se Amy, a irmãzinha, retornar como antagonista em busca de vingança mais adiante na história?

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Não vou dizer que não dava nada. Eu dava algo. Achei que seria bem divertido, e bem executado. Não esperava uma trama tão envolvente assim e personagens tão cativantes logo à primeira vista!

      Obrigado pela visita e pelo comentário =D

  1. Eu posso afirmar que eu pela sinopse de Princess Principal, eu pensava que fosse ser um moe genérico em um cenário steampunk.
    Mas como eu estava tão errado, Princess Principal para mim, foi a segunda melhor estreia desta temporada (só fica atrás do primeiro episódio de Made In Abyss).
    Eu logo nos primeiros minutos do episódio, percebi que Princess Principal não iria ser aquilo que eu imaginava que ia ser, cenários dignos de nota, o design das personagens é bonito e acima de todos estes factores positivos já mencionados, a história tem pernas, para ser uma história épica.
    Passando ao episódio, fiquei fascinado com o clima steampunk, aqueles cenários a lembrarem uma Londres durante e após a primeira revolução industrial são nota 10. Mas claro que não é só de cenários que o anime é feito, as personagens são muito interessantes, principalmente a Ange. Mas além da Ange, espia e mentirosa compulsiva, temos uma kunoichi, uma garota que imita vozes, outra que parece que esconde as intenções a sete chaves dentro de si, tudo isto torna Princess Principal um bom anime de época. Como bem referiste, o roteirista de Code Geass, Kabaneri e Valvrave tem dedo no anime, isto pode ser bom, mas também mau, já que Kabaneri e Valvrave não são os melhores exemplos de desenvolvimento da história. As osts do anime, também são bastante boas e competentes (está meio difícil apontar um erro que seja a este anime).
    Este primeiro episódio, já mostrou para que o anime veio, animes de espiões são raros (o último que me lembro é Joker Game), mas Princess Principal além de ser um anime com temática rara, coloca garotas novas (ou lolis como se diz na gíria otaku) como protagonistas. Não que eu ache isso mau, eu sei se fosse com personagens mais velhas, o impacto no público não seria o mesmo, para se ver personagens adultos a fazer trabalho de espião já temos Joker Game.
    Estava na cara, que a história do cientista (Eric) que a Ange salvou no começo do episódio, ia sofrer voltas e reviravoltas. Num país que foi dividido ao meio, nem nas pedras da calçada se pode confiar. A conversa fiada do cientista era muito duvidosa, e a Ange notou (afinal ela própria é uma mentirosa compulsiva) claro que a Ange ia descobrir os segredos inconvenientes do Eric. Acredito que por momentos, a Ange estava séria quando disse que ia ajudar o Eric, tanto que a Ange, foi ver como estava a irmã do Eric e ainda foi arranjar uma forma da irmã do Eric ser ajudada por uma apólice de seguro. Por falar a parte do hospital, desde da infiltração da Ange nele, até ao final, foi nota 10. A irmã do cientista estava envenenada pela cavonite, ao ponto dos olhos dela parecerem que irradiavam uma luz verde florescente. Aquela parte, em que o Eric envia um pombo correio ao Duque da Normandia com os planos das espias, a sentença dele estava decidida. Ele próprio mentiu às garotas, tanto no estado de saúde da sua irmã, como os motivos que o levaram a tentar desertar para o outro lado do muro (afinal vender informações ao inimigos, não é a coisa mais honrada e decente a se fazer).
    Mas foi a parte em que a Ange, pega no Eric e o levou para uma zona escondida e mata-o a sangue frio, deixou-me surpreendido. A parte em que a Ange, dispara fatalmente sobre o Eric e começa a dizer não, não já demonstrou que ela mente a si mesma, para não se magoar nem se deixar afectar por aquele tipo de acção. Ao menos no final, a Ange arranjou uma maneira de pagar a cirurgia da irmã do homem que matou, o que dá uma certa decência moral à personagem.
    Mas seria bem interessante se a irmã do Eric se decidisse vingar o irmão e começa-se a caçar a Ange e companhia.
    Excelente artigo, de primeiras impressões de Princess Principal Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Com vários episódios de atraso, é até divertido responder isso. As personagens que conhecemos nesse primeiro episódio eram só arquétipos ainda, não sabíamos nada sobre elas além do que elas eram e o que elas faziam, mas agora já sabemos que a princesa e a Ange já se conhecem (e trocaram de identidade!), a Beatrice sofreu nas mãos de um pai cientista louco e daí vem a sua habilidade de imitação de vozes e a princesa foi a única que a aceitou, por isso ela está ao seu lado, a ninja é enviada do governo japonês que está lá para descobrir se é melhor se aliar à Comunidade ou ao Reino, e a Dorothy é a única “normal” ali, mais velha, mais espiã tradicional.

      Também estamos descobrindo aos poucos um pouco mais sobre o mundo onde a história se passa, mas ainda falta começar a história das nossas personagens de verdade. A princesa quer ser rainha, certo? Quando vão começar a trabalhar por isso? E como?

      Continua impressionado como estava com a estreia? Eu continuo gostando bastante, Princess Principal continua sendo meu anime predileto da temporada, e acho que ele vai explicar um pouco mais algumas coisas ainda e daí vamos entrar na “história de verdade”. Não poderia estar mais ansioso.

      Obrigado pela visita e pelo comentário! =)

      • Se eu ainda estou impressionado com Princess Principal, claro que sim. Eu já vi os outros episódios que saíram e cheguei à conclusão que Princess Principal é um Kakumeiki Valvravre 2.0. A forma como o anime de Princess Principal apresenta a sua história é a mesma que Valvrave usou, só com uma pequena diferença, Princesse Principal apresenta a sua história muito melhor que Valvrave, além que não tem personagens irritantes e mal construídos como Valvrave.
        A princesa deve querer ser rainha, para se vingar de algum mal, que aquele reino fez a ela, de certeza absoluta. Agora só falta o anime, mostrar como a Ange e companhia vão conseguir fazer com que a princesa chegue ao trono.
        Só eu achei a ost usada no episódio 4 de Princess Principal muito boa. Por momentos parecia que estava a ver Fate Zero, só faltava ali a voz da Saber a gritar Excalibur! (também a responsável pela ost deste anime, é a mesma que fez a ost de Fate Zero, Yuki Kajiura é uma lenda).

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        Poxa, é parecido justamente com o único anime do roteirista que eu ainda não assisti? Só pra me deixar mais curioso…

        Bom, a princesa disse que quer derrubar o muro, o que talvez signifique que quer na verdade reunificar a nação. Não vai ser fácil.

      • Na altura em quem assistires os 24 episódios de Valvrave, vais desejar nunca o ter feito. Aquilo é muito louco, até parece que quem o fez estava sobre o efeito de drogas pesadas.

      • Eu fui um pouco exagerado na minha opinião anterior, mas tem lá partes meio nojentas (e uma delas deu um nome alternativo ao anime, que não vou escrever para não dar spoiler). Além que eu sei que gostas de uma história e personagens bem construídos, coisa que Valvrave não tem.

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