Goblin Slayer é a adaptação da light novel de mesmo nome (tem uma versão em mangá que conta com spin-offs também). A obra foi produzida pelo estúdio White Fox, conta com 13 episódios e além disso, possui os gêneros fantasia, aventura e ação. O anime foi um dos grandes “sucessos” da temporada recebendo muita atenção, seja ela negativa ou positiva, por conta de seu episódio inicial. Mas será que a obra é realmente tudo isso que dizem (seja para o bem ou para o mal)?

Primeiro acredito que devemos tratar do polêmico episódio inicial. Goblin Slayer já começa de uma forma pesada e desnecessária, com uma cena de estupro que muitos dizem ter sexualizado o ato, enquanto outros defendem que foi algo pesado e afins. Particularmente eu não vou entrar no mérito de um dos dois lados pelo simples motivo de que ambos não irão mudar de opinião independente do argumento apresentado. Mas, gostaria de ressaltar o quão desnecessário e pobre esse tipo de recurso é, afinal, não parece ter o devido cuidado que tal tragédia merece. O impacto causado (seja na vítima ou quem presenciou) e outros detalhes são deixados de lado e no fim, o assunto acaba sendo um ponto negativo da obra por ser tão superficial.

Ao menos o design dele era legal nas cenas desse tipo

Aliás, a sacerdotisa, personagem que mais aparece depois do próprio Goblin Slayer, é uma sobrevivente desse tipo de acontecimento e em momento algum ela sofre algum tipo de trauma ou impedimento mesmo tendo pouca idade. Simplesmente continua seguindo o Goblin Slayer em missões similares e não parece lembrar que quase sofreu um destino tão ruim quanto suas antigas companheiras. Outro ponto é que como já mencionado, esse tipo de desenvolvimento me parece pobre demais. É uma escolha “fácil” quando você pensa em alguma característica que impacte as pessoas em sua obra, mas infelizmente não costumam ou não conseguem trabalhar de uma maneira mais delicada, ainda mais de um assunto tão presente em nossa sociedade.

Ela ganhou uma merecida confiança, mas bem que podia mostrar alguma condição adversa após um evento tão traumático

Aliás, devo ser justo e ressaltar que temos sim uma personagem que expõe algumas consequências de tal ocorrência mas, novamente, de maneira superficial. A Dama da Espada sofreu com esse tipo de tragédia e em seu arco vemos um pouco, bem pouco, dos traumas que ainda carrega após tantos anos. O problema é que a obra tinha a faca e o queijo na mão e mesmo assim, não souberam aproveitar. Ela é uma aventureira respeitada que lidera uma cidade, participou da vitória sobre o rei demônio e ainda assim é impotente contra goblins, os causadores de seu sofrimento. E o máximo que a obra fez foi mostrar ela se jogando para cima do Goblin Slayer em cenas onde você não sabe se ela está pedindo ajuda ou deseja algo mais. Claro, há uma cena final onde o grande trunfo que a “livra” do sofrimento é uma mera frase do Goblin Slayer, apenas isso.

Podia ter sido um baita arco desenvolvendo a questão dos goblins, suas barbaridades, as vítimas e por aí vai…

Ah, a obra tem essa questão do fanservice também. Particularmente eu até gosto de ver esse tipo de coisa, mas são em obras de outro tipo, com propostas diferentes. Goblin Slayer se vende como uma dark fantasy, ou melhor, como uma obra mais séria, adulta e madura. Mas acaba parecendo o oposto com cenas de fanservice sem sentido, falta de momentos realmente perigosos (ok, o protagonista passa por maus bocados mas você sabe que ele vai viver) e claro, o final feliz onde todos os personagens importantes vivem. Um dos pontos mais engraçados é que vemos muitos adolescentes gostando muito da obra, parecendo que voltamos alguns anos quando os “otakus” mais novos assistiam Mirai Nikki e se achavam psicopatas e afins, ou seja, parece que a obra falha em atingir o público alvo.

Algumas cenas tem um visual bem bonito, vale destacar

E que fique bem claro que apesar desses pontos negativos, eu não estou “dizendo” que a obra é ruim, mas, apesar de ter me divertido assistindo, devo salientar que não tudo isso que falam por aí.

Uma das cenas mais legais da obra

Por outro lado devo ser justo e apresentar os pontos positivos da obra. O protagonista inicialmente é sem sal com suas respostas monótonas, ou melhor, tudo que configura ele é sem graça. Mas conforme a história progride ele aprende a lidar melhor com as pessoas e até mesmo a se expressar, com direito a uma possibilidade de mudança de ares ao dizer no episódio final que deseja tentar ser um aventureiro normal. O resto do elenco também é interessante apesar da falta de desenvolvimento e afins, ou seja, casam bem com a proposta e melhoram o clima que tende a ser mais “pesado” e monótono. Aliás, vale destacar a sacerdotisa que ao menos ganha um desenvolvimento claramente notável no final da série.

Inclusive se não fosse por ela, ele já estaria morto faz um tempo

Já na questão das aventuras, a obra entrega uma experiência que lembra os famosos RPGs de mesa (algo que o próprio autor usou como inspiração) e até consegue ser interessante com a questão da guilda, as missões, adaptações dos novatos e as cenas onde o Goblin Slayer faz a manutenção de seus equipamentos. Claro, não é uma grande aventura (talvez nem devesse ser classificado como) pois a construção de mundo é rasa e os arcos focam muito mais nos personagens e suas missões do que propriamente no entorno.

Essa cena representa bem o clima de companheirismo dos aventureiros da guilda (com a adição da legenda, é claro)

Já sobre os arcos, temos uma escolha inteligente para a ordem tendo em consideração o conteúdo original. Fizeram a troca dos clímax dos primeiros dois volumes e isso mostrou ser um acerto. Um ponto curioso é que tirando o primeiro episódio, todas as cenas que envolviam os goblins cometendo suas atrocidades com mulheres eram breves e cortadas a ponto de não ter nada explícito (me pergunto porque não fizeram isso no episódio inicial apesar de ter uma ideia da resposta), algo bem diferente da adaptação para mangá. Outro detalhe interessante são as trilhas sonoras que são simplesmente ótimas com destaque para a abertura que eu considero uma das melhores do ano com louvor.

Estou curioso para saber como que o autor vai usar essa questão em favor da obra

Enfim, Goblin Slayer é uma obra interessante que para alguns é uma boa recomendação e para outros, péssima. Infelizmente a obra não foi tudo aquilo que poderia ser e pouco se aprofundou em questões importantes que foram usadas diversas vezes. Não é um dos melhores do ano e tampouco de sua temporada, mas, seus pontos positivos são suficientes para lhe render uma experiência decente naquilo que se propõe. No fim, seu pecado foi tentar ser mais do que realmente é.

  1. Discordo de muitos pontos de sua análise, começando do início, a polêmica cena de estupro. Prá muitos ela é desnecessária, sexualizada, etc. Engraçado que essas pessoas que condenam esse artifício de roteiro acham normal e aceitável cenas de assassinato, muitos animes têm, assassinatos de crianças (slime tem, uma sendo queimada vivia e muitos dizem que esse anime é leve) , cenas de tortura pesadissimas (tokyo ghoul final primeira temporada ). Cenas de estupro são realmente mais aceitáveis que isso? Não acho.
    São igualmente graves mas em obras fictícias considero ferramentas de roteiro como qualquer outra coisa polémica, reclamar dias em goblin slayer que usa de maneira correta e para explicar que os goblins se procriam dessa forma, não sexualiza, aterroriza.
    Sobre o desenvolvimento de mundo, não acho tão necessário assim sendo que a obra é minimalista, focada só em um tema local que é matar goblins. O goblin slayer não é o protagonista desse mundo quem são as protagonistas são as heroínasqque aparecem bem de vez em quando, que seriam as protagonistas de qualquer outro anime.
    O goblin slayer é somente mais um nesse mundo do anime.

  2. Olá, obrigado pelo seu comentário.
    Então, eu concordo quando você escreve que estupro é uma ferramenta igualmente grave a um assassinato, mas ainda mantenho a opinião de que é desnecessário por conta de ser um assunto delicado e infelizmente presente em nossa sociedade. Claro, os outros também são, mas digamos que estupro é um tema que precisa de uma sensibilidade maior. Inclusive discordo do uso de Slime como exemplo por sim, ser um anime mais leve e tranquilo.
    Sobre a questão do mundo é o seguinte, obviamente o Goblin Slayer vai matar goblins e afins, afinal essa é a ideia central, mas, em determinados episódios vemos um pequeno desenvolvimento dessa questão da construção de mundo, algo que em obras de fantasia e uma característica importante.
    Já sobre a questão das heroínas eu nao entendi o problema. E sim, eu sei que ele é só mais um nesse mundo, mas sua importância é no mínimo vital para a existência da heroína. Enfim, não entendi porque você citou esse detalhe que o anime expôs.

  3. Pessoalmente considero o GS o melhor anime dessa temporada junto com Gridman. Mas concordo com a fan service ser exagerada. Principalmente com as personagens da Vaqueira e Donzela da Espada. Teve uma cena da Donzela que ela fala com o GS e do nada os seios dela balançam tipo pra que isso? Algumas cenas do mangá são mais chocantes por exemplo o escudo de carne do ep 11. No anime vc não sente o peso que foi quando vc lê o mangá. Outra cena foi no arco da Donzela. No mangá os goblins rasgaram quase toda a roupa da Elfa (eu fiquei como eu não acrredito que vão estuprar ela). Espero um melhor desenvolvimente do MC afinal sempre falar sim e entendo com o tempo vc se irrita é claro que estamos falando de alguém que passou pelo um grande trauma na infância.

  4. Opa obrigado pelo comentário.
    Então, primeiro gostaria de te elogiar por ter sido coerente pois dadas as minhas críticas, achei que você iria reclamar bastante.

    Já sobre a obra, eu também achei bem mais pesado no mangá (na verdade acho que até exagera em alguns pontos) e fico aliviado por não ter sido assim no anime pois seria bem problemático (se criticaram a cena do episódio 1, imagina se vissem as outras ocorrências da mesma forma que o mangá mostra?).
    Sobre o fanservice, tem também a cena da amiga de infância tomando banho aleatoriamente, algo completamente sem sentido inclusive.

  5. Nem precisa agradecer não devemos sair xingando alguém só pq não achou a obra tão boa quanto eu. Falando rapidamente sobre o mangá apesar do exagero em Fan Service com a Vaqueira eu gosto bastante da personagem, em Golden Year One mostra um pouco sobre quando ela reencontrou o GS, desenvolvendo essa relação unilateral praticamente. Apesar de que ele tomou a atitude de chamar aventureiros pq ela não iria sair da fazenda. Gosto bastante das suas análises. Abraços.

  6. Opa agradeço.
    Sim, concordo contigo mas considerando o tipo de público que a obra atraiu, esperava algo do tipo.
    E eu também gosto bastante dela, talvez eu não goste tanto dele por conta dessa obsessão por goblins (que eu entendo mas acho infrutífero para a obra a longo prazo). Apesar disso ele evoluiu no anime e conseguiu mostrar uma perspectiva interessante para eventos futuros, então eu confesso que tenho uma expectativa de ver ele fazendo uma missão importante que não envolva goblins tanto quanto o de costume.

  7. Sobre as heroínas, acho que não espliquei direito, elas quem lutaram e derrotaram o rei demônio, grande vilão desse mundo, a história delas que é grandiosa, que envolve o destino do mundo e não a história do goblin Slayer que é uma história local, pequena.
    Sendo assim em qualquer outro anime essas heroínas que seriam as protagonistas, elas têm todos os estereótipos de trio de protagonistas.

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