Finalmente tivemos um episódio que conseguiu ao mesmo tempo ser introdutório e interessante por si mesmo. Diferente do episódio passado onde só servia para apresentar um personagem, e que por si tinha pouco valor. Aqui, a personagem foi muito bem apresentada e o episódio conseguiu ainda ser realmente interessante.

Se eu tivesse que simplificar esse episódio com uma palavra seria Lucy, e se fosse com duas, então seria Lucy Morstan. Sem dúvidas, o episódio inteiro rodou em torno da personagem. E merecidamente, pois é uma excelente personagem.

Mas vamos dar uma olhada nesse episódio com um pouco mais de calma.

Ela já havia sido apresentada como “amante de irmãzinhas”, e claramente era superprotetora, mas aqui nós vimos um outro lado. Nós vimos a Lucy como uma pessoa realmente devota, como alguém que realmente ama uma outra e por ela sacrifica a si mesma.

Mas todo o episódio acontece não somente por Lucy ser atenciosa com sua irmãzinha, mas principalmente por essa ser claramente mimada e aproveitadora. O Watson sabe bem do que estou falando. Enfim, Lucy é uma ótima irmã, a Mary já nem tanto.

Lucy tinha uma “relação” com alguns lutadores de sumô (um em específico, na verdade), o que foi uma grande surpresa. Ela não é do tipo “feminina”, então aquilo foi bem interessante, pois para nós era como se ela realmente admirasse aquele cara. O que não deixa ser verdade, mas não era como eu imaginava.

Ela chega até a dar seu precioso dinheiro para aquele cara lutador de sumô assistente do Omiyama (o cara que ela admira). Claro, ela pode ter feito isso como ser humano. Pode ter sido pela simples intenção de salvar uma vida, e como eu gostei tanto da personagem, tendo para esse lado.

Depois disso os dois lutadores – mestre e pupilo – foram até a casa dos detetives para agradecerem a Lucy. Péssima escolha, não foi seu dia de sorte, pois Holmes estava lá. O detetive só ao ouvir a trama e as contradições dos diálogos conseguiu perceber e resolver todo o mistério. Mas, ele apenas aguarda em silêncio.

Foi Watson quem foi lá trazer Lucy, embora por um motivo diferente. Foi para que Sherlock emprestasse dinheiro para ela. É, no final isso daí não aconteceu, mas ao menos Sherlock pode resolver o mistério para ela.

Bem você depois daquela festa…

É daí que nós temos o flashback muito bem colocado, que faz com que toda aquela admiração da Lucy seja justificada, e realmente, explicada. Isso faz com que toda a cena tenha um caráter mais tenso, algo que o anime no geral não costuma ter, pois mesmo a dramatização não costuma ser muito aprofundada. Aqui, mesmo sem precisar fazer algo complexo, mas sim uma cena simples que nos permite realmente degustar a ela e as suas implicações.

O coitado foi o Watson que virou cobaia do Sherlock. Foi engraçada aquela cena, dele tentando jogar pra fora o daifuku que já havia comido. E depois desmaiando mais ao final. Pobre Watson.

Mas enfim, toda a forma que o mistério foi construído me agradou. Confesso que esse é um dos meus episódios favoritos até aqui. Também na questão da dramatização. Geralmente não funciona, mas a cena do lutador que sempre foi uma pessoa muito honrada admitindo sua culpa foi bem significativa.

Perceba, se fosse uma pessoa normal, ou se ela não tivesse ligação com Lucy, a cena não seria de impacto algum. Mas era um sujeito muito honrado, e este era idolatrado por Lucy.

E no final… a Mary só queria comprar um vestido. Não um, mas o vestido. Sim, aquele mesmo do início do episódio. Esse retorno à cena do início me pegou de surpresa.

Mas, é, sem dúvidas Lucy está anos luz de Mary. Não tem nem comparação, uma personagem é mil vezes mais interessante que a outra. Mas, elas possuem personalidades muito diferentes, e nos foi permitido aceitar e compreender cada uma delas separadamente. Nesse sentido, Mary é também uma personagem interessante.

É realmente uma “diabinha”

Uma das coisas que o anime soube fazer muito bem nesse episódio foi retornar a pontos narrativos que já haviam sido mostrados anteriormente. Como por exemplo o caso do vestido, ou da fuga delas e sua chegada a Kabukichou, quando foram abordadas por aqueles dois suspeitos, etc.

E se você se pergunta o porquê disso ser tão importante, vou dizer. É simples, isso faz com que a estrutura narrativa dê a impressão de que os acontecimentos estejam de alguma forma interligados uns aos outros. E em um mistério isso é algo que tem grande valor.

Outro ponto é o mistério. Realmente quase todas as peças foram disponibilizadas para que nós – telespectadores – pudéssemos resolver o mistério. Quase. Seria possível descobrir quem foi o culpado com uma rápida análise sobre os diálogos. Só o modus operandi é que ainda estaria mais ou menos oculto.

Agora, tanto a dramatização conseguiu cumprir o seu papel como o entretenimento de uma forma geral. Foi o que tinha para ser, e exatamente isso era o que eu desejaria. Nada mais, nada menos. E no geral, mesmo sem os retornos a fatos anteriores, foi uma narrativa muito compacta e com um ritmo na medida certa. Novamente, sem grandes exageros, foi o que tinha e o que poderia ser.

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