Blade – A Lâmina do Imortal – ep 12 – Joga no lixo e começa de novo
A pergunta que tenho feito após cada um desses últimos episódios de Blade é. Como diabos escrevo sobre isso ignorando tudo o que sei sobre o mangá? Ver o anime sabendo que escolheram não adaptar tanta coisa, e que essas coisas estão fazendo uma falta absurda no anime, me faz pensar que é grande a probabilidade de que os responsáveis por essa animação não tiveram escolha. Não entendo como tomariam esse rumo na adaptação caso tivessem escolha.
No primeiro episódio pensei que a equipe estivesse bem nutrida de recursos e tempo, e não sei em que momento o rumo mudou, mas não creio que desde o princípio esse tenha sido o planejado. Minha suposição é que o projeto foi aceito e, no meio do caminho, eles foram obrigados a refazer e mudar tudo o que já estava encadeado. Foram obrigados a cortar, a condensar e a enxugar o máximo possível a história para que ela pudesse caber em um determinado orçamento e em uma determinada quantidade de episódios.
Até o momento, pelo menos no que tange a animação, ao estilo escolhido, a direção e outros elementos estéticos e circunstanciais, ou seja, periféricos, que dão cor e ritmo a animação, e digo isso só me referindo a animação mesmo, as imagens e flames do anime, até que a obra é aceitável. Ela é propositalmente diferente, e isso é bom, ela consegue criar uma atmosfera, uma ambientação e uma narrativa visual. Entretanto, tudo isso não funciona muito bem, pois o que deveria amarrar a expressão técnica do anime, o elemento próprio que é responsabilidade do enredo, da história, das falas e da localização lógica do que nos é apresentado, tudo isso deixa a desejar. E pior, empobrece e muito a casca artística que reveste o anime. Temos um descompasso brutal entre a proposta estética e a proposta de roteiro nessa obra.
Ainda não comentei sobre o episódio em si, e isso é proposital. Olha, a quebra de sentido é gritante demais. Anotsu parte em jornada para Kaga. Lá ele não encontra ninguém, é quase como se ele tivesse saído a passeio para um distrito diverso. Rin o persegue, ela que inicialmente havia demonstrado grande fibra, quase se mata em pura incompetência por apenas peregrinar pelas estradas. O porque de ela, que segundo anime, possuía bastante dinheiro, se encontrar falida e passando fome, não é explicado. O porque Anotsu a encontra, e o porque ele está sendo caçado, é amarrado muito, mas muito mesmo, nas coxas. Guerreiros aleatórios o perseguem aparentemente sem motivo algum. A Mugai-Ryu, que executava esse tipo de ação, está efetuando outra missão, à qual foi apenas vislumbrada em uma cena, onde os membros da Itto-Ryu participam de um baquete oferecido por Habaki. E é dito que Anotsu está atrasado.
Mas por que ele está atrasado? Ele estava apenas viajando sem qualquer rumo por Kaga? Sendo caçado por samurais de um clã que o acusam de ter forçado os seus fundadores ao suicídio. E do nada descobrimos que o xogunato em um movimento misterioso boicotou a aliança entre a Itto-Ryu e esse clã, e devido a isso, esse clã, agora culpando Anotsu pela desgraça, resolve matá-lo. Ou seja, ele foi para Kaga formar um pacto com esse dojo, fez um esforço tremendo para isso, para ampliar a força e influência de seu bando, que segundo Habaki, era reconhecido e merecedor de seu status, mas que agora, em uma manobra do próprio governo, que anteriormente tinha incentivado essa aliança, tudo desabou. Traído, e acusado de ser a causa da desgraça, o que não faz sentido pela falta de elementos que justifiquem o suicídio do fundador desse dojo, o episódio narra a jornada de autodefesa de Anotsu.
Nisso ele vai atrás de Maki, que está pela região, descobre o como ela anda vivendo, sua mutilação aleatória na mão, segue caminho, descobre que está doente. O motivo, tétano, como ele contraiu, na primeira luta contra os samurais mascarados. O anime não deixa isso claro. A beira da morte e sendo acompanhado por Rin, em uma relação conturbada de admiração e ódio, temos mais lutas e mais conflitos enquanto informações aleatórias são relevadas. Nada faz sentido, nada é amarrado, é como estar sendo cozido sem saber que se está em uma panela. Vou explicar tudo isso que o anime não esclarece no vídeo a seguir, por que sério mesmo, depois desse episódio, só lendo o mangá para entender direito alguma coisa. É isso que dá adaptar páginas aleatórias e pular coisas que amarram e explicam a história.