É incrível como “Kaguya-sama: Love is War” consegue manter o nível, semana a semana, sem decair. Nesse episódio, tivemos três histórias que não possuem uma sequência narrativa coerente entre uma e outra, assim como vista em episódios passados, mas cada uma consegue se destacar de sua própria maneira.

Já começou com uma grande mudança no Shirogane, ou nem tanto. Quero dizer, foi um simples detalhe, mas um detalhe muito importante. Pelo menos muito importante para a Shinomiya. Assim como ela, esse novo Shirogane também não me agradou, mas que isso foi engraçado, isso foi. Essa primeira parte falou sobre o amor da Kaguya, porém de uma forma cômica e descompromissada.

E por isso mesmo, ainda que a pergunta da Shinomiya sobre seu amor ser real ou falso tivesse potencial para ser tratada com seriedade, essa não foi a abordagem utilizada aqui. Foi algo cômico, e por isso mesmo a conclusão bizarra que teve combinou.

Já vi muito fetiche estranho, mas o da Shinomiya é estranho com “E” maiúsculo. Assustador. Mas o que também gostei dessa parte, foi a participação de muitos personagens, que tudo bem, se intrometeram no meio da conversa, mas de forma natural.

O Ishigami disse coisas contrastantes com sua personalidade, mas que foram muito interessantes. A Kashiwagi outra vez se mostrou uma excelente personagem, já é a segunda vez só nessa temporada, então aquela que parecia ser só uma personagem “normal” está interessantíssima, espero ver mais dela. E além disso, não podemos esquecer da Chika com suas palavras cortantes.

E falando nela, mesmo que o foco tenha sido em um problema do Shirogane não tem como não perceber que ela foi o grande nome dessa segunda parte, e talvez até do episódio. Recentemente tivemos o dia das mães, então ainda que atrasado tenho que dizer um “Feliz dia das mães, Fujiwara!”.

E olha, vou falar que ela mereceu, pois deve ter sido um trabalhão fazer o Shirogane conseguir cantar. Quero dizer, ele era terrível, simplesmente péssimo. E fazer ele se tornar no mínimo aceitável deve ter sido um trabalho árduo. Aliás, isso me fez notar como esses dois personagens raramente interagem um com o outro, o que é um apena, já que a interação deles é maravilhosa.

Deveríamos ter mais episódios com foco neles dois. E Chika Fujiwara merece mil parabéns, não apenas pelo desafio que enfrentou, mas pelos motivos que fizeram ela se dedicar a essa tarefa. Já que ela fez aquilo porque de fato estima amizade e a pessoa do Shirogane. E que dupla! Adorei a interação deles.

E de uma forma surpreendente aquilo acabou tomando um rumo emocionante. Digo isso, pois tudo foi muito rápido, e é muito difícil conseguir criar algo emocionante em tão pouco tempo. Isso só foi possível pela direção, trilha sonora e pelo uso de elementos visuais que transmitiam sentimentos e informações sobre todo o tempo passado até ali, transformando aquilo que havíamos acabado de ver em algo distante, uma memória do passado. Então fazer uma cena com intenção de emocionar ao mesmo tempo que apresenta os motivos que justificam tal comoção é complicado, e foi muito bem feito.

E por fim, uma volta ao tema da disputa pela presidência do conselho estudantil. A Kaguya está muito empenhada em eliminar os oponentes e a Chika se mostra uma mestre em desonestidade política. Não tem como não admitir que as acusações da Miko Iino sobre a imoralidade do conselho são verdadeiras. Mas ainda assim, não tem como não ver a dedicação de todos eles, cada um a seu próprio modo. E como mostrado no início do episódio, o Shinogane até mesmo se privou de seu sono.

Mas sobre a Miko Iino, essa personagem tem tudo para ter um grande foco por enquanto, e acho que mesmo após esse arco deve continuar participando. Foi muito engraçado ver a forma como ela tentava insultar a Kaguya e o conselho estudantil, e acabou conquistando a simpatia da Kaguya, ainda que por pouco tempo. Na verdade, tudo que a Kaguya queria era que aquelas ofensas fossem verdadeiras.

Nesse episódio a personalidade e a “piada de personagem”  da Miko se mostraram uma outra vez. Quero dizer, em sua personalidade sua moralidade idealizada e exagerada, se destacam acima de tudo. E assim como no episódio passado, ela conseguiu certo respeito e até trazer uma pessoa do conselho para seu lado, o que estava muito próximo de fazer outra vez, porém sua forma exagerada de ver as coisas a transformam numa grande chata.

Ainda que para nós, do ponto de vista de uma comédia, personagens chatos podem ser muito engraçados justamente pela sua chatice. O Excalibur de “Soul Eater” que o diga. Mas a Miko é chata de uma forma adorável (se é que isso é possível!), então duvido que alguém vá se incomodar.

Não tem como não comentar a tradução da Funimation que em duas situações fez referências ao distanciamento social, uma tradução infiel àquilo que os personagens de fato falavam. Eu serei direto, acho isso banal, algo fútil o suficiente para ser ignorado. Quero dizer, não justifica uma crítica à tradução em si, que como um todo está boa, e da mesma forma é algo que não cumpre seu suposto objetivo de conscientização. No geral, é algo de pouca relevância, não estragou nada e também não acrescentou em nada.

Enfim, esse foi o episódio. E um episódio bem divertido, não tenho nada a reclamar, e todos os elogios que poderia dar seriam ecos de coisas que já venho repetindo. Como a qualidade da direção, etc. Por isso mesmo, fico por aqui, até mais.

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